Um mês após o espetáculo exuberante da Grande Conjunção de Júpiter e Saturno em dezembro de 2020, uma dupla bem mais discreta se forma nos céu de janeiro, especialmente entre os dias 18 e 21: Marte e o distante Urano se alinham no céu noturno e oferecem uma excelente oportunidade para observação com binóculos ou pequenos telescópios.
Quando em oposição, Urano atinge magnitude 5.5, o que o coloca dentro do limite de visibilidade a olho nu para observadores em regiões muito escuras, longe da poluição luminosa das áreas urbanas. Mas isto não o torna um alvo fácil. Seu discreto tamanho angular não torna fácil diferenciá-lo das estrelas observadas no mesmo campo. Apenas o tom azul esverdeado o denuncia. Então, a presença de um objeto de referência, como Marte, torna mais fácil o trabalho de localizá-lo no céu, sobretudo para iniciantes.
Então vamos às dicas: a máxima aproximação acontece na noite do dia 20/01, quando os planetas estarão separados por pouco mais de 1,5º na esfera celeste. Isso corresponde a 6 vezes o diâmetro aparente da Lua Cheia.
Na mesma data (20/01), a Lua também se junta à composição, passando a pouco menos de 7º ao Sul da dupla de planetas.
Para encontrar esses astros reunidos, olhe na direção noroeste por volta das 20h. Marte é o objeto mais brilhante e avermelhado nesta direção. Mas cuidado para não confundir: um pouco mais ao Norte, um outro astro vermelho pode chamar a atenção – Aldebaran, a estrela mais brilhante na constelação do Touro. A configuração não muda muito durante a semana e a única diferença significativa é a presença da Lua no dia 20.
Um eclipse total do Sol costuma atrair multidões para a estreita faixa onde a totalidade é visível. Foi assim no dia 2 de julho de 2019, quando uma das mais privilegiadas regiões do mundo para a astronomia foi presenteada com um eclipse total. Mais de 280 mil pessoas, de todo o mundo, concentraram-se na região de Coquimbo, no norte do Chile, para testemunhar pouco mais de dois minutos de escuridão em pleno dia. A região é famosa por abrigar grandes telescópios em observatórios famosos como o Observatório Interamericano de Cerro Tololo, ESO – Cerro La Silla, Gemini Sul e SOAR.
Nesta segunda (14/12), o Chile é novamente agraciado com um eclipse total do Sol, desta vez cobrindo a bela região de lagos e vulcões ao Sul do país, passando pelas cidades de Pucón e Villarrica. Infelizmente, o cenário é bem diferente daquele do já distante julho de 2019. Em meio à pandemia da COVID-19, as multidões de caçadores de eclipses não poderão seguir sua peregrinação em busca da sombra da Lua. Mas mesmo sem poder viajar para observar a totalidade do eclipse, observadores em grande parte do Brasil poderão testemunhar parte do fenômeno.
Segurança em primeiro lugar!
Mas antes de tudo, três regras fundamentais:
Jamais olhe diretamente para o Sol!
Jamais olhe diretamente para o Sol!
E nunca é demais repetir: Jamais olhe diretamente para o Sol!
Use filtros apropriados para observação solar e na ausência desses, use filtros para solda elétrica Nº 14 (Você pode encontrá-los em lojas de ferragens ou de materiais de construção). Olhar diretamente para o Sol pode causar danos irreversíveis à visão.
Agora que você já memorizou essas três importantes regras podemos seguir adiante!
Quando e onde observar?
Observadores no Rio Grande do Sul observarão a Lua ocultando entre 50% e 60% do Sol e à medida que nos afastamos para o norte veremos uma fração progressivamente menor do Sol ser encoberta pela Lua. O eclipse não é observável no Amazonas, Roraima, Pará, Maranhão, norte do Tocantins, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.
Fique de olho nos horários do máximo do eclipse (no fuso horário local) e na porção do Sol encoberta pela Lua em sua cidade:
Pelotas – Máximo do eclipse 13:47h (61% Eclipsado) Porto Alegre – Máximo do eclipse 13:51h (54% Eclipsado) Santa Maria – Máximo do eclipse 13:43h (53% Eclipsado) Florianópolis – Máximo do eclipse 13:58h (45% Eclipsado) Curitiba – Máximo do eclipse 13:57h (37% Eclipsado) Londrina – Máximo do eclipse 13:51h (30% Eclipsado) São Paulo – Máximo do eclipse 14:05h (31% Eclipsado) São José dos Campos – Máximo do eclipse 14:07h (31% Eclipsado) Campinas – Máximo do eclipse 14:04h (29% Eclipsado) São José do Rio Preto – Máximo do eclipse 13:57h (22% Eclipsado) Rio de Janeiro – Máximo do eclipse 14:14h (31% Eclipsado) Vitória – Máximo do eclipse 14:22h (24% Eclipsado) Belo Horizonte – Máximo do eclipse 14:13h (21% Eclipsado) Uberlândia – Máximo do eclipse 14:02h (19% Eclipsado) Campo Grande – Máximo do eclipse 12:39h (21% Eclipsado) Cuiabá – Máximo do eclipse 12:32h (8% Eclipsado) Brasília – Máximo do eclipse 14:03h (8% Eclipsado) Salvador – Máximo do eclipse 14:30h (6% Eclipsado) Aracaju – Máximo do eclipse 14:34h (3% Eclipsado) Maceió – Máximo do eclipse 14:37h (2% Eclipsado) Recife – Máximo do eclipse 14:39h (0,5% Eclipsado)
A meteorologia não está com grande disposição para ajudar os observadores deste eclipse. Nuvens de grande altitude cobrem a maior parte do território brasileiro, comprometendo nossa observação. Se serve de consolo, para a região de Pucón e Villarrica, no Chile, o prognóstico também não é muito favorável e seria ainda mais frustrante estar lá e não conseguir observar. 🙁
Novembro chegou, o ano está acabando e trouxemos pra vocês uma lista bem legal de efemérides pra observar no céu noturno ao longo do mês! Tem conjunções entre a Lua e os planetas, chuvas de meteoros e até um eclipse penumbral. Mas vamos gerenciar as expectativas! A gente explica tudo pra você.
Atenção: todos os fenômenos listados podem ser observados a olho nu. Os horários são aproximados e estão na hora oficial de Brasília e se referem ao momento a partir do qual a observação é possível, e não necessariamente do pico do fenômeno em si (a menos quando informado). O horário exato e qualidade da observação dependem da latitude do observador.
03/11 – Lua começando a minguar próxima à estrela Aldebarã, a mais brilhante da constelação do Touro, e também dos aglomerados abertos da Plêiades e das Híades após as 20:00
06-07/11 – Lua minguante próxima às estrelas Castor e Pollux (alfa e beta da constelação de Gêmeos) nascendo no horizonte leste no início da madrugada
08/11 – Lua em quarto minguante visível a partir da 01:00 nascendo no horizonte leste
09/11 – Lua minguante próxima à estrela Regulus, a mais brilhante da constelação do Leão, após 01:30 nascendo no horizonte leste
12/11 – Máxima atividade da chuva de meteoros Taurídeos Boreais a partir da 01:00 da manhã na região da constelação do Touro. ATENÇÃO: a previsão é de cerca de 5 meteoros por hora.
12/11 – Conjunção entre a Lua minguante e o planeta Vênus visível no horizonte leste a partir das 04:00 da madrugada
13/11 – Conjunção entre a Lua minguante, os planetas Vênus e Mercúrio e a estrela Spica, a mais brilhante da constelação da Virgem, visível brevemente nascendo no horizonte leste entre as 4:30 e o nascer do Sol
15/11 – Lua nova, não visível no céu noturno
16/11 – Conjunção entre o planeta Vênus e a estrela Espica, a mais brilhante da constelação da Virgem, visível brevemente nascendo no horizonte leste entre as 4:30 e o nascer do Sol
17/11 – Máxima atividade da chuva de meteoros Leonídeos ao longo da madrugada na região da constelação do Leão. ATENÇÃO: a previsão é de cerca de 15 meteoros por hora.
18-19/11 – Conjunção entre a Lua crescente e os planetas Júpiter e Saturno ao anoitecer
21-22/11 – Máxima atividade da chuva de meteoros Alfa-Monocerotídeos ao longo da madrugada na região da constelação do Unicórnio. ATENÇÃO: a taxa de meteoros por hora é variável.
22/11 – Lua em quarto crescente visível após o por do Sol
25/11 – Conjunção entre a Lua crescente e o planeta Marte ao anoitecer
28/11 – Máxima atividade da chuva de meteoros Orionídeos de Novembro visível ao final da noite. ATENÇÃO: a previsão é de cerca de 3 meteoros por hora.
29/11 – Conjunção entre a Lua quase cheia, a estrela Aldebarã (a mais brilhante da constelação do Touro) e os aglomerados abertos da Plêiades e das Híades ao anoitecer
30/11 – Lua cheia visível no céu ao longo de toda a noite e madrugada
30/11 – Eclipse penumbral da Lua ao fim da madrugada e início da manhã. ATENÇÃO: eclipses penumbrais NÃO SÃO perceptíveis a olho nu.
Observe o fenômeno da luz cinérea da Lua minguante entre os dias 10 e 13, do início da madrugada até o amanhecer, e da Lua crescente entre os dias 17 e 20, ao anoitecer.
Mercúrio está pouco visível pouco antes do nascer do Sol, a depender da localização do observador.
Júpiter e Saturno podem ser observados no alto do céu, próximos ao zênite, a partir do anoitecer e até cerca de 22:00 da madrugada ao longo de todo o mês.
Marte nasce ao por do Sol e pode ser visto até cerca de 03:00 da madrugada. Procure pelo ponto mais brilhante do céu, de cor avermelhada.
Vênus é visível nascendo no horizonte leste após as 04:00 da madrugada.
Tem alguma dúvida de observação? Viu algo estranho no céu? Quer entender melhor como começar a observar? Mande sua dúvida ou comentários para nossa equipe através das nossas redes sociais!