O Minor Planet Center (MPC), da União Astronômica Internacional (IAU), emitiu em circular a confirmação do objeto A11pl3Z como um visitante interestelar, conferindo a nomenclatura definitiva 3I/ATLAS. O objeto, no entanto, exibe características cometárias, o que lhe confere um segunda designação: C/2025 N1 (ATLAS), seguindo a regra para nomenclatura de cometas.
O diagrama abaixo mostra a trajetória e a posição atual do 3I/ATLAS, baseadas nos dados disponíveis até 2 de julho. O objeto se aproxima rapidamente, a uma velocidade de mais de 60 km/s e atingirá sua menor distância ao Sol em 29 de outubro, numa posição entre as órbitas de Marte e da Terra.
O cometa interestelar C/2025 N1 (ATLAS), ou 3I/ATLAS, recebeu suas designações definitivas do Minor Planet Center da União Astronômica Internacional.
Nossa Caçada ao 3I/ATLAS
Desnecessário dizer que o entusiasmo entre toda a comunidade de observadores é grande neste momento. E não ficamos de fora dessa euforia. A meteorologia estava desfavorável na noite de 2 de julho em São José dos Campos, mas sempre há a alternativa do uso de telescópios robóticos em sítios mais favorecidos.
Através da plataforma iTelescope, acessamos um telescópio instalado no Chile para programar uma sequência de tomada de imagens da região onde as efemérides previam a passagem do 3I/ATLAS.
A uma distância de aproximadamente 5 unidades astronômicas (1 unidade astronômica equivale à distância média entre a Terra e o Sol, ou aproximadamente 150 milhões de km) e medindo algo em torno de 20 km, a tarefa é desafiadora. Além disso, estaríamos observando uma área do céu repleta de estrelas, na direção da região mais central da Via Láctea, em busca de um objeto de brilho muito tênue ( magnitude 18). É algo um pouco mais complicado que encontrar uma agulha num palheiro (se quer mesmo achar uma agulha num palheiro, fica a dica: use um ímã).
A Detecção
E lá fomos nós, operando remotamente o telescópio T75, com 250 mm de abertura instalado em Rio Hurtado, no Chile, em busca do terceiro objeto conhecido com origem fora do nosso Sistema Solar.
Programamos 5 exposições sucessivas de 180 segundos e o resultado foi um conjunto de imagens com este aspecto:
Um par de imagens capturadas através do telescópio T75, instalado no Chile, da área em torno da posição do objeto interestelar 3I/ATLAS. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo.
No meio desse palheiro, e sem um ímã, a melhor maneira de encontrar nossa agulha é criar uma animação entre os frames, na esperança de detectar um ponto se deslocando no campo.
Com um deslocamento no céu de aproximadamente 1,3″ por minuto, seria possível, no intervalo entre as exposições, detectar o cometa como um ponto móvel.
E lá estava ele! O tímido 3I/ATLAS passeando em frente as estrelas da região central da Via Láctea.
Detecção do objeto interplanetário 3I/ATLAS em imagens capturadas com telescópio robótico remoto. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo.
Como Observar?
Com magnitude em torno de 18, esse é um alvo proibitivo para a observação visual em telescópios mais modestos, mas é possível capturá-lo com câmeras CCD.
Se você também quer se aventurar imageando este célebre visitante, o primeiro passo é encontrar sua posição no céu.
As coordenadas do objeto podem ser acessadas através do sistema JPL Horizons. Além das coordenadas celestes (Ascenção Reta e Declinação) o sistema informa parâmetros como distância, taxa de deslocamento (em segundos de arco por minuto) e magnitude estimada. Durante a primeira metade do mês de julho, transitando pelas constelações de Sagitário e Ofiúco, há uma dificuldade a mais, proporcionada pelo excesso de estrelas de nossa galáxia visível nessa região do céu. A maioria, mais brilhantes que o próprio cometa.
Mas não se intimide! Saia à caça desse visitante antes que ele acelere em seu passeio pelo Sistema Solar e nos deixe para nunca mais voltar!
Pela terceira vez na história, um objeto passando pelo Sistema Solar pode ter origem em outro sistema planetário. O objeto batizado provisoriamente como A11pl3Z é o mais recente candidato ao carimbo de rocha interestelar no passaporte.
Antes de tudo: não há qualquer risco de colisão desse objeto com a Terra! Os dados preliminares mostram sua trajetória cruzando a órbita de Marte, mas também sem se aproximar do Planeta Vermelho.
O objeto foi descoberto em observações realizadas por um telescópio da rede ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System) a partir do Chile, com magnitude aparente 18 e localizado a 4 unidades astronômicas da Terra (1 unidade astronômica é uma medida de distância equivalente à distância média da Terra ao Sol, ou aproximadamente 150 milhões de km).
Os telescópios da rede ATLAS enxergam uma grande área do céu, um campo total de 7,5°, ou o equivalente a 15 vezes o diâmetro da Lua Cheia. Isso permite uma grande cobertura do céu em sucessivas varreduras em busca de asteroides.
Em seguida aos alertas de novas detecções, outros telescópios confirmam a presença dos objetos e produzem novos dados de posição, alimentando os programas para determinação de órbitas.
A rede Deep Random Survey foi uma das que colaborou com a produção de dados de posição do A11pl3Z.
Imagem do objeto interestelar A11pl3Z capturada por telescópio da rede Deep Random Survey. Créditos: K Ly/Deep Random Survey.
Novas observações são necessárias e a astronomia amadora pode contribuir com dados de posição e brilho, ajudando a conhecer com mais precisão a órbita do A11pl3Z. Efemérides para observação do objeto podem ser geradas pelo Center for Near Earth Objects Studies (CNEOS) do Jet Propulsion Laboratory (JPL).
Dados recuperados de observações de arquivo permitiram localizar o A11pl3Z em imagens capturadas anteriormente, ajudando a refinar os parâmetros orbitais iniciais. Com os dados disponíveis na manhã de 2 de julho, é possível determinar que a máxima aproximação do objeto ao Sol ocorrerá em outubro, passando a uma distância 36% maior que a distância média da Terra ao Sol. Infelizmente, a Terra e o A11pl3Z estarão em posições diametralmente opostas, dificultando a observação do objeto durante o periélio.
Visitas Anteriores
Anteriormente, os objetos 1I/Oumuamua e 2I/Borisov também tiveram suas trajetórias traçadas com origem no espaço interestelar. Este é também um campo onde o Observatório Vera Rubin poderá contribuir aumentando o censo de objetos detectados. Sua câmera de 3200 Megapixels, durante uma primeira rodada de demonstração, descobriu impressionantes 2104 asteróides, mostrando seu potencial como um rastreador de objetos do Sistema Solar. Na imagem abaixo, um pequeno recorte de uma das primeiras imagens publicadas pelo Observatório Rubin, cada traço colorido é um asteróide detectado.
Asteróides detectados pelo Observatório Vera Rubin em campo na direção da constelação de Virgem. NSF-DOE Vera C. Rubin Observatory.
Elementos Orbitais Provisórios
Elementos Orbitais (provisórios): A11pl3Z
Perihelion 2025 Oct 29.66294 +/- 0.219 TT = 15:54:38 (JD 2460978.16294)
Epoch 2025 Jul 2.0 TT = JDT 2460858.5 Earth MOID: 0.3557 Ju: 0.2478
q 1.34709127 +/- 0.0135 Ma: 0.0199 Sa: 0.4081 AutoNEOCP
H 11.92 G 0.15 Peri. 128.10518 +/- 0.14
z -3.7599875674 +/- 0.0381 Node 322.07493 +/- 0.10
e 6.0650464 +/- 0.102 Incl. 175.10957 +/- 0.0045
106 of 108 observations 2025 June 14-July 2; mean residual 0".38
Com um intervalo de menos de um mês, duas estrelas do hemisfério sul celeste resolveram dar um show pirotécnico ao alcance de pequenos telescópios e binóculos! Faltou só mais uma erupção para o time das variáveis cataclísmicas poder pedir música no Fantástico.
Variáveis Cataclísmicas
As erupções detectadas foram do tipo nova, nas constelações do Lobo e da Vela e ambas estão ao alcance de pequenos telescópios e binóculos e são facilmente fotografáveis com câmeras DSLR.
As novas fazem parte de uma classe de estrelas variáveis conhecidas como cataclísmicas.
Pra saber mais sobre o que gera essas erupções das novas, conversamos com um especialista em variáveis cataclísmicas, o astrofísico Alexandre Oliveira, pesquisador e professor no Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento na UNIVAP, que nos contou:
“Uma nova ocorre em sistemas binários compostos por uma estrela compacta, uma anã branca, e uma companheira, que é uma estrela comum. E elas estão tão próximas entre si que há transferência de massa da companheira para a anã branca. Quando essa massa que vai se acumulando na anã branca atinge certas condições de temperatura e pressão, ela é lançada para o espaço na forma de uma erupção, que aumenta drasticamente o brilho do sistema.“
V462 Lup
A primeira erupção foi detectada na constelação de Lobo (Lupus), no dia 12 de junho, pela rede de telescópios All Sky Automated Survey for SuperNovae (ASAS-SN) enquanto seu brilho ainda crescia (mag g=8,7). O objeto foi anunciado como uma nova galáctica clássica no Astronomer’s Telegram ATel #17228.
A nova, que também tem as designações V462 Lupi e Nova Lupi 2025, atingiu um brilho no limite da visibilidade a olho nu em locais menos afetados pela poluição luminosa, mas idealmente utilize binóculos e pequenos telescópios para encontrá-la em meio ao rico campo galáctico na constelação do Lobo.
O diagrama abaixo mostra um campo com 2° de largura (o equivalente a 4 Luas Cheias), com o norte para cima e o leste à esquerda, coincidindo com a orientação do campo de binóculos.
A Nova Lupi 2025 ao telescópio.
Ao telescópio, a Nova Lupi 2025 é um alvo fácil. A imagem abaixo foi capturada com um telescópio inteligente Seestar S50, na noite de 26 de junho. A Nova é o objeto mais brilhante no campo de aproximadamente 1° de largura.
Uma erupção é pouco.
Mas uma erupção de nova não foi suficiente e teve dobradinha no mês de junho! A nova brilhante V572 Velorum foi descoberta simultaneamente por dois observadores na Austrália, utilizando câmeras do tipo DSLR no dia 25 de junho, com magnitude visual estimada pelos descobridores entre 5,6 e 5,7. No dia 26 de junho, K. Youshimoto, no japão reportou magnitude 4,9 em observações com CCD, bem dentro do limite de visibilidade a olho nu! [ ATel #17254].
Abaixo vemos a posição da V572 Vel num chart da AAVSO e em seguida em uma simulação do Stellarium.
Posição da Nova V572 Vel em campo gerado no software Stellarium.
A Nova V572 Vel ao telescópio.
A imagem abaixo foi capturada através de um telescópio Seestar S50. A Nova V572 Vel é o objeto mais brilhante no campo.
Nova V572 Vel, capturada através de telescópio Seestar S50 no Observatório da UNIVAP.Nova V572 Vel. Versão da imagem com indicação de escala e orientação, com coordenadas sobrepostas.
O mês traz um rara conjunção entre planetas gigantes, observável em binóculos e pequenos telescópios. Para os amantes dos objetos de céu profundo, a região do centro da Via Láctea permanece visível durante toda a noite, exibindo as coloridas joias que ornam o céu de inverno!
Data e Hora | Evento
2025/07/02 19h | Quarto Crescente
2025/07/02 22h | X e V Lunar visíveis
2025/07/03 21h | Spica 0.7°N da Lua
2025/07/03 23h | Terra no afélio
2025/07/04 02h | Mercúrio em maior elongação a leste (26°)
2025/07/04 12h | Vênus 2.4°S de Urano
2025/07/05 02h | Lua no apogeu
2025/07/05 14h | Netuno estacionário
2025/07/07 18h | Antares 0.4°N da Lua
2025/07/09 05h | Lua mais ao sul (-28.4°)
2025/07/10 20h | Lua Cheia
2025/07/11 22h | Plutão 0.0°N da Lua
2025/07/13 18h | Vênus 3.2°N de Aldebaran
2025/07/14 08h | Saturno estacionário
2025/07/16 07h | Saturno 3.4°S da Lua
2025/07/16 08h | Netuno 2.4°S da Lua
2025/07/17 07h | Mercúrio estacionário
2025/07/18 00h | Quarto Minguante
2025/07/20 11h | Urano 5.0°S da Lua
2025/07/20 13h | Lua no perigeu
2025/07/22 09h | Lua mais ao norte (28.5°)
2025/07/23 04h | Júpiter 4.9°S da Lua
2025/07/24 04h | Pollux 2.5°N da Lua
2025/07/24 19h | Lua Nova
2025/07/25 06h | Plutão em oposição
2025/07/26 21h | Regulus 1.2°S da Lua
2025/07/28 18h | Marte 1.1°N da Lua
2025/07/31 05h | Spica 0.9°N da Lua
2025/07/31 23h | Mercúrio em conjunção inferior
Destaques do Mês
A Lua em Julho
Um desafio mensal para os observadores da Lua é o registro de duas curiosas formações, visíveis somente durante algumas horas nas proximidades do início da fase crescente.
O X e o V lunares são uma peculiar combinação de luzes e sombras produzidas pelo relevo lunar quando a luz do Sol incide sobre elas no ângulo correto. É possível observar e registrar esses marcos no relevo com pequenos telescópios, mas é preciso estar atento ao horário da observação.
Vista simulada da Lua em 2025-07-02 22h, com dados do satélite LRO. Simulação: NASA-SVS. Infográfico: Projeto Céu Profundo.
Em julho, o X e o V lunares estarão visíveis na noite de 2/7. O melhor horário para visualização é entre as 22h e a meia-noite.
Um Encontro Raro
Saturno protagoniza ao lado de Netuno um dueto raro durante todo o mês de julho. Utilizando binóculos ou um pequeno telescópio com baixo aumento, será possível observar ambos os planetas simultaneamente.
Os planetas exteriores movem-se lentamente em suas órbitas pelo Sistema Solar. Saturno completa uma volta aproximadamente a cada 30 anos. Netuno, ainda mais distante do Sol, tem um período orbital de longos 163 anos. Mas atenção, coloque na agenda!! Com esse lento movimento, o próximo alinhamento entre Saturno e Netuno ocorrerá apenas em 2061! Mas não adianta deixar pra observar em 2061. Apesar do encontro ser ainda mais cerrado, com os planetas a uma distância aparente de apenas 7 minutos de arco (isso equivale a um quarto do diâmetro aparente da Lua Cheia), ele ocorre ao amanhecer com o céu já claro.
Saturno e Netuno poderão ser observados simultaneamente pela ocular do telescópio durante todo o mês de Julho. Simulação gerado no Stellarium 25.1 por Wandeclayt Melo/@ceuprofundo.
Este o tipo de evento ideal para observação com binóculos, instrumentos que apresentam um grande e luminoso campo de visão. Ao observar com telescópio, lembre que o afastamento entre Saturno e Netuno será de aproximadamente 1°, o equivalente a duas vezes o diâmetro da Lua. Por isso, é preciso usar ampliações fracas. Use sua ocular mais longa nessa observação. O campo que simulamos aqui é de um pequeno telescópio de 80 mm de abertura e 400 mm de distância focal, com ocular de 26 mm. Abaixo, compare a aparência do campo observando a Lua e a conjunção.
Saturno e Netuno no campo da ocular durante a conjunção.A Lua crescente observada com a mesma configuração de ampliação no telescópio.
O Veloz Mensageiro
Mercúrio recebe seu nome do veloz deus romano, mensageiro dos deuses do Olimpo. E a velocidade de Mercúrio estará evidente no mês de julho. No dia 4 de julho, o pequeno planeta estará em condições ideais para observação, atingindo sua máxima elongação a leste. Neste ponto, o planeta estará em seu máximo afastamento do Sol ao anoitecer. Ainda assim, ele não é um alvo tão fácil. É preciso ter um horizonte desobstruído para observá-lo sobre o horizonte oeste após o pôr do Sol.
Mas logo após a elongação, Mercúrio volta a mergulhar em direção ao poente e voltará a se alinhar com o Sol, na configuração que chamamos de conjunção inferior (quando mercúrio se posiciona entre a Terra e o Sol) no dia 31.
Destaques Telescópicos
Se a meteorologia ajudar, seu telescópio também pode não tirar férias em julho. E tem objeto pra todo gosto e todo tamanho de telescópio.
O mapa abaixo mostra a região das constelações do Escorpião e de Sagitário. Esse é um verdadeiro parque de diversões para pequenos telescópios e binóculos. Vamos levar você agora por um pequeno tour por 6 objetos do catálogo Messier, passando por aglomerados estelares abertos, aglomerados globulares e nebulosas!
Região central da Via Láctea, rica em objetos de céu profundo, na direção das constelações de Sagitário e Escorpião. Créditos: Stellarium/Wandeclayt M.
Aglomerados Abertos
A primeira dica é um par de aglomerados estelares abertos, facilmente localizáveis, na direção da cauda da constelação do escorpião. Os objetos M6 e M7, também conhecidos por seus apelidos Aglomerado da Borboleta e Aglomerado de Ptolomeu são um baú do tesouro de estrelas coloridas. As imagens abaixo foram capturadas com um telescópio inteligente Seestar S50 e são muito similares ao que se pode ver através da ocular de um pequeno telescópio:
Aglomerado Aberto M6Aglomerado Aberto M7
Aglomerados Globulares
Aglomerados abertos são compostos por estrelas jovens, somando de algumas dezenas até poucas centenas de estrelas. Mas há aglomerados muito mais ricos: os aglomerados globulares! Esses são verdadeiros fósseis de uma época em que a matéria prima para formar estrelas era muito mais abundante em nossa galáxia. Aglomerados globulares podem chegar a agregar mais de um milhão de estrelas, todas ligadas gravitacionalmente entre si. Na constelação do escorpião você pode encontrar facilmente os aglomerados M4 e M80. Os aglomerados globulares parecem pequenos amontoados de sal sobre um pano preto, se seu telescópio tiver abertura suficiente para resolver individualmente as estrelas. Em instrumentos menores, eles se parecem com pequenos borrões desfocados.
Nebulosas
E por fim, vem o desafio maior! As nebulosas na direção de Escorpião e Sagitário são belíssimas, mas também são as mais vulneráveis ao terror da poluição luminosa. Observadores em centros urbanos terão dificuldade para resolver essas pequenas manchinhas na ocular dos seus telescópios em meio ao excesso de luz lançado ao céu. Outro lembrete é que mesmo em condições ideais, esses objetos não emitem luz suficiente para que possamos perceber cor ao observá-los. É sempre possível fazer imagens que registrem suas nuances de cor, mas com o olho na ocular, não passarão de nuvenzinhas acinzentadas difusas (mas ainda assim fascinantes).
Mapa do Mês
Clique no mapa para expandir. O mapa traz uma projeção retangular do céu, com o equador celeste posicionado horizontalmente no centro do gráfico. Imagine o céu como um cilindro envolvendo a Terra. O mapa apresenta esse cilindro “desenrolado”.
Os planetas e o Sol estão representados como setas, indicando seu movimento ao longo do mês em relação às estrelas ao fundo.
Às 23:42 h do dia 20 de junho de 2025, o inverno astronômico iniciou para os habitantes do hemisfério sul. No hemisfério norte, era o início do verão.
Mas como determinamos com precisão de minutos quando cada estação inicia? E que evento astronômico determina o início das estações?
O Calendário Astronômico
As 24h que correspondem ao dia civil são determinados por um fenômeno astronômico: as passagens sucessivas do Sol pelo meridiano local. Traduzindo: se você cronometrar a passagem do Sol pelo ponto mais alto de sua trajetória diurna entre dois dias sucessivos, durante todo o ano, vai encontrar um período médio de 24h.
A duração do ano civil e o início das estações do ano também se baseiam em fenômenos astronômicos. E esses fenômenos estão ilustrados na série de imagens abaixo!
Além da beleza do pôr do Sol, as imagens revelam que ao longo do ano o Sol não se põe sempre no mesmo ponto.
Um Ano em Quatro Imagens
Na primeira imagem, o Sol aparece se pondo exatamente no ponto cardeal oeste. Quando este evento acontece em março, temos o início do outono no hemisfério sul e da primavera no hemisfério norte.
A segunda imagem mostra o Sol se pondo no ponto mais extremo ao norte. Esse é o solstício de junho, o evento que marca o início do inverno no hemisfério sul.
Na terceira imagem, o Sol se põe novamente exatamente sobre o ponto cardeal oeste, no equinócio de setembro. É o início da primavera no hemisfério sul e do outono no hemisfério norte.
Na última imagem o Sol se põe no ponto mais extremo ao sul, no solstício de dezembro, marcando o início do verão no hemisfério sul e do inverno no hemisfério norte.
O pôr do Sol em São José dos campos em diferentes meses do ano. Imagens: Wandeclayt M./@ceuprofundo.
O Sol realiza esse movimento oscilatório, nascendo (e se pondo) cada dia em um ponto diferente, indo de um extremo no sul até um extremo no norte e em seguida retornando.
O início de cada uma das estações, do ponto de vista astronômico, é determinado pela passagem do Sol por coordenadas celestes bem específicas. Quando o Sol cruza o equador celeste, o dia claro e a noite tem a mesma duração em ambos os hemisférios. É o que chamamos de EQUINÓCIOS. Os equinócios marcam o início do outono e da primavera.
Quando o Sol atinge os pontos extremos, ao norte ou ao sul, e para de avançar, temos os SOLSTÍCIOS. Nos solstícios temos uma grande diferença de iluminação entre os hemisférios, com o hemisfério mais iluminado experimentando temperaturas mais altas e recebendo mais energia do Sol enquanto o hemisfério oposto experimenta o contrário, temperaturas usualmente mais baixas e menos energia recebida do Sol.
O diagrama abaixo mostra a diferença de iluminação entre os hemisférios em cada um dos solstícios e equinócios.
As porções iluminadas e sombreadas da Terra nos solstícios e nos equinócios. Gráficos gerados em CartoPy. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo.
Sitios arqueológicos como Stonehenge na Inglaterra, ou Calçoene, no Amapá, eram provavelmente grandes calendários astronômicos usados pelos povos originários nessas regiões para marcar a passagem do tempo a partir dos locais de nascimento e ocaso do Sol.
E a Duração do Ano?
Esse ciclo das estações define o Ano Trópico, com duração média de 365,2422 dias.
É esse o período que adotamos para definir o ano civil. Mas perceba que temos uma inconveniente fração de dias envolvida. É por isso que precisamos eventualmente somar um dia ao calendário, criando os anos bissextos. A regra atual é acrescentar um dia ao mês de fevereiro caso o ano seja divisível por 4. Mas temos as exceções: se o ano for divisível por 100, não acrescentamos esse dia. E temos a exceção da exceção: Se ano for divisível por 400, voltamos a colocar o dia extra!
Quer saber com mais detalhes como essa regra surgiu? Confere esse outro post onde contamos tudinho:
O Observatório NSF-DOE Vera Rubin apresentou ao público nesta segunda (23/06) as primeiras imagens do céu capturadas por sua colossal LSST Camera de 3,3 Gigapixels no evento Rubin First Look.
A apresentação pública foi um evento mundial, transmitido online e com sessões de exibição realizadas em instituições de pesquisa e em espaços de divulgação científica em vários países.
Rubin First Look – Sessão do evento de apresentação das primeiras imagens do Observatório Vera Rubin no cúpula do Planetário do Museu Interativo de Ciências de São José dos Campos – MIC.
Em São José dos Campos (SP), o Museu Interativo de Ciências (MIC) e o Projeto Céu Profundo promoveram uma sessão ao vivo do evento First Look na cúpula do planetário do MIC.
Museu Interativo de Ciências de São José dos Campos (SP). Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
Mas se as gigantescas imagens do Vera Rubin projetadas no domo do planetário já eram deslumbrantes, o choque fica ainda maior quando comparamos os detalhes capturados pela LSST Camera com as imagens do levantamento Digital Sky Survey (DSS) comumente usadas nos atlas celestes digitais.
Selecionamos abaixo alguns recortes das novas imagens e comparamos com os mesmos campos no DSS para mostrar o quanto o novo instrumento vai aprofundar nossa visão do Universo.
RSCG55 – Grupo de Galáxias em Interação
A estrutura desse grupo de galáxias, a aproximadamente 400 milhões de anos luz, é talvez o detalhe que mais nos impressionou. Além do campo extremamente rico, preenchido por galáxias elípticas e espirais, a interação entre as galáxias aprisiona nosso olhar.
Trio de galáxias em interação na região do aglomerado de Virgem. Imagem: NSF-DOE Vera C. Rubin Observatory.
O mesmo campo, na imagem do Digital Sky Survey, nem sequer sugere a existência de toda essa fascinante fauna extra galáctica.
NGC 4411a e NGC 4411b (UGC 7546) – Galáxias Espirais
As galáxias espirais NGC 4411a e NGC 4411b dominam este campo, mas você não vai conseguir contar quantas outras galáxias, de diversos formatos, cores e distâncias preenchem a imagem. O mesmo campo na imagem do Digital Sky Survey mostra apenas algumas dezenas de fontes.
Galáxias espirais “grand design” NGC 4411a e NGC 4411b capturadas pelo Observatório Vera C. Rubin. (NSF-DOE/NoirLab/Observatório Vera C. Rubin)
M20 – Nebulosa Trífida
Um dos objetos mais fotogênicos do céu de inverno, a Nebulosa Trífida (M20) exibe regiões onde o gás hidrogênio excitado emite sua luz avermelhada e regiões onde a luz azulada das estrelas quentes e jovens é refletida, além de filamentos escuros de poeira que obscurecem a luz das estrelas posicionadas atrás delas.
Os detalhes e o contraste obtidos pelo Vera Rubin nos deixaram extasiados.
Nebulosa Trífida, capturada pelo Observatório Vera C. Rubin. (NSF-DOE/NoirLab/Observatório Vera C. Rubin)Nebulosa Trífida em detalhe do levantamento Digital Sky survey (DSS).
M8 – Pilares de Poeira na Nebulosa da Lagoa
A Nebulosa da Lagoa (M8) é outro alvo disputado pelos telescópios amadores no céu de inverno, mas esses detalhes de sua estrutura transformam completamente nossa visão da extensa nebulosa.
Detalhe da Nebulosa da Lagoa, capturada pelo Observatório Vera C. Rubin. (NSF-DOE/NoirLab/Observatório Vera C. Rubin)A mesma região da imagem anterior, no Digital Sky Survey.
NSF–DOE Vera C. Rubin Observatory revela as primeiras imagens capturadas com a LSST câmera.
O Observatório NSF-DOE Vera C. Rubin revelou nesta segunda-feira (23/06) as primeiras imagens do céu capturadas pela maior câmera do planeta! Com seus colossais 3200 Megapixels a LSST Camera, acoplada ao também revolucionário Simonyi Survey Telescope, é uma revolução em nossa maneira de explorar o Cosmos.
Do Cerro Pachón aos Limites do Universo
Construído sobre os Andes chilenos, no Cerro Pachón, vizinho aos telescópios Gemini Sul e SOAR (ambos com participação brasileira, através do Laboratório Nacional de Astrofísica, em seus consórcios), o Observatório Vera C. Rubin tem a missão de varrer o céu do hemisfério sul repetidamente durante os próximos 10 anos, coletando 20 Terabytes de dados por noite e gerando um monumental vídeo em time-lapse do Universo.
Observatório NSF-DOE Vera C. Rubin Observatory. Imagem: Hernán Stockebrand (NOIRLab Audiovisual Ambassador).
Essas repetidas varreduras permitirão detectar pequenas mudanças entre imagens sucessivas, como variação de brilho de estrelas ou pequenos deslocamentos de asteroides e cometas. Essas variações temporais são a chave para importantes descobertas, que vão desde novos corpos em nosso sistema solar, explosões de supernovas e até a compreensão da natureza da matéria e energia escura.
São esperados 10 milhões de alertas automatizados por noite, disparados por mudanças detectadas nas imagens.
As primeiras imagens publicadas dão uma ideia da avalanche de descobertas que nos espera. Em 7 dias de observação, as imagens revelaram 2104 asteroides! O número de asteroides conhecidos hoje, descobertos ao longo dos últimos 200 anos é de aproximadamente 1 milhão. Espera-se que o Vera Rubin descubra 5 MILHÕES de asteroides nos próximos anos!
Cada trilha colorida nesta porção de uma imagem capturada pelo Observatório Vera Rubin é o rastro de um asteroide. No total, 2104 asteroides foram descobertos no campo das primeiras imagens. https://skyviewer.app/explorer?target=186.57565+9.0373&fov=0.04
Milhões de novos asteroides serão detectados, distâncias a outras galáxias poderão ser melhor conhecidas, a distribuição da matéria escura poderá ser mapeada.
Exibir e visualizar as imagens é também um desafio, mas uma ferramenta especial foi desenvolvida para permitir a exploração em detalhes das gigantescas capturas. Acesse o portal https://skyviewer.app para mergulhar nos detalhes vertiginosos que se escondem em cada pixel das imagens da LSST Camera.
Interface da plataforma Skyviewer, exibindo recorte de uma das primeiras imagens do Observatório Vera Rubin.
Ciência Além da Imaginação
Mas essas são apenas questões que já estão sobre a mesa da ciência atualmente. Instrumentos revolucionários como o Simonyi Survey Telescope e a LSST Camera costumam levantar questões sequer imaginadas, abrindo novas fronteiras para a ciência!
Além de imagens com detalhes sem precedentes, como a que vemos neste recorte do Aglomerado de Virgem, uma região do céu rica em galáxias brilhantes, onde nenhuma porção da imagem aparece desabitada por galáxias mais distantes, também se espera que perguntas científicas sem precedentes surjam a partir da análise dos dados.
O telescópio também poderá ser rapidamente redirecionado para alvos de oportunidade, apontando para fenômenos raros e transientes descobertos em outros observatórios.
O Observatório foi financiado pela National Science Foundation (NSF) e pelo Escritório de Ciência do Departamento de Energia dos EUA e é operado pelos laboratórios NOIRLab e SLAC, mas o Brasil é um elo vital na cadeia de transmissão rápida da avalanche de dados produzidos pelo Vera C. Rubin, através da infraestrutura fornecida pelo Laboratório Interinstituicional de e-Astronomia (LIneA)
A Ciência no Domínio Público
Estamos vendo o alvorecer de uma nova era na Astronomia. Com dados de qualidade e volume sem precedentes que revolucionarão nossa maneira de investigar o Cosmos. Mas o Observatório Vera C. Rubin vai além da pesquisa e tem sólidas iniciativas de educação e divulgação em Astronomia. Workshops e programas educacionais são disponibilizados em diversos idiomas e podem ser encontrados em https://rubinobservatory.org/education.
Acesse os recurso educacionais do Vera C. Rubin e aproprie-se você também dessa Ciência.
Esqueça os alarmistas (e falsos) anúncios de raríssimos alinhamentos dos planetas que congestionam as redes sociais e fique de olho no que realmente está embelezando os céus em junho!
Este post complementa nosso calendário mensal de eventos astronômicos e traz dicas para observação dos planetas e da Lua na segunda metade de junho de 2025.
Mercúrio
O planeta Mercúrio pode ser considerado uma visão rara, afinal ele se afasta muito pouco do Sol e precisa de céus limpos e visão desobstruída do horizonte a oeste para que possa ser observado, condições que poucas cidades oferecem. Mas para quem tem o privilégio de ter um horizonte visível no pôr do Sol da segunda quinzena de junho, Mercúrio estará ornando o entardecer. E nós já fizemos nossa captura no fim da tarde do dia 16 de junho enquanto o planeta compunha a cena com as estrelas castor e Póllux na constelação de Gêmeos:
Mercúrio visível ao entardecer em são José dos Campos. Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
Marte
Entre os dias 16 e 18 de junho, Marte visita a estrela Regulus, a mais brilhante na constelação de Leão. Fique de olho na primeira metade da noite enquanto o planeta vermelho chama a atenção pela proximidade com Regulus.
A imagem abaixo foi capturada na noite de 16 de junho em São José dos Campos e mostra Marte próximo do coração do Leão.
Marte na constelação do Leão e em conjunção com Regulu, fotografado em são José dos Campos. Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
A Lua
Ao se encaminhar para a fase minguante, a Lua permanece visível no céu durante as manhãs. Lembre de procurar nosso satélite no céu matutino para começar o dia com uma inspiradora visão. Um bom café a visão da Lua são nossa receita para começar bem o dia.
Lua matutina com 75% de sua face visível iluminada, fotografada na manhã de 16 de junho de 2025 em São José dos Campos. Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
Júpiter
Júpiter se aproxima da conjunção com o Sol, o ponto em que o Planeta Gigante passará por trás do Sol. A proximidade aparente de Júpiter com o Sol nos dias que antecedem e sucedem a conjunção nos impedem de observá-lo, mas um telescópio especial consegue acompanhá-lo nesse período: o SOHO (Solar and Heliospheric Observatory) é um telescópio espacial das agências NASA e ESA dedicado a observação solar.
Um de seus instrumentos, o LASCO (Large Angle and Spectrometric COronograph), produz um ‘eclipse artificial‘ ocultando o disco solar e permitindo a observação da região conhecida como coroa solar e de objetos transitando no campo.
Foi nas imagens do Lasco, acessadas pela plataforma Helioviewer, que buscamos Júpiter na manhã do dia 17 de junho para trazê-lo aqui:
A imagem acima é uma composição das imagens de dois telescópios. Em azul vemos o campo do coronógrafo LASCO, do telescópio SOHO. Em vermelho vemos o Sol em ultravioleta, observado pelo telescópio SDO.
Chega o inverno no hemisfério sul e, com ele, um espetáculo celeste a olho nu que permanece visível durante toda a noite!
Em locais escuros, afastados da poluição luminosa das zonas urbanas, é possível contemplar uma faixa clara que corta o céu de horizonte a horizonte: o plano de nossa galáxia, a Via Láctea. O caminho leitoso cujo nome se origina na mitologia clássica, onde conta-se que o leite de Hera, esposa de Zeus, espalhou-se pelo céu quando ela afastou o recém nascido Hércules, um dos muitos filhos de Zeus fora do casamento, que alimentava-se em seu peito.
A Via Láctea adorna o telescópio Perkin Elmer de 1,60 m no Observatório do Pico dos Dias, em Brazópolis – MG. Este é o maior telescópio em solo Brasileiro e é mantido e administrado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA). Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
O plano da Via Láctea, além de ornar o céu para a observação a olho nu, traz também uma grande concentração de objetos de céu profundo brilhantes, como aglomerados estelares e nebulosas. Particularmente, na direção do centro de nossa galáxia, na região das constelações de Escorpião e Sagitário, é possível se deleitar por noites a fio explorando a riqueza dos campos telescópicos. Experimente observar com binóculos ou com aumentos fracos em telescópios, proporcionando um campo mais largo que permita observar os objetos completamente dentro do campo.
Explorando o Centro Galáctico
As constelações de Escorpião e Sagitário são um verdadeiro baú do tesouro. Mas por sorte essas joias não estão escondidas e qualquer pequeno telescópio pode revelar o brilho dessas gemas do céu austral!
A área em verde na carta celeste acima delimita a constelação do Escorpião. Uma área rica em estrelas brilhantes e objetos de céu profundo, como os aglomerados abertos M6 e M7 e os aglomerados globulares M4 e M80. Objetos ao alcance de binóculos e pequenos telescópios. Carta gerado no software Cartes du Ciel/Sky
Visível a olho nu como uma pequena mancha esfumaçada próximo ao rabo do Escorpião (veja mapa acima) o aglomerado M6 surpreende ao ser observado na ocular do telescópio! Dezenas de estrelas, variando em coloração, desenham uma borboleta! Exercite sua imaginação tentando desenhar a borboleta nesta imagem capturada com um pequeno telescópio de 50mm de abertura.
Depois de ter passado pelo teste de imaginação com o Aglomerado da Borboleta, o desafio é encontrar na ocular uma região esfumaçada e concentrada, que olhos mais acostumados logo identificarão como um aglomerado globular: M4.
Acompanhe as próximas postagens aqui no blog para um guia com mais objetos de céu profundo do céu de inverno!
O Inverno Está Chegando
Na noite do dia 20 de junho, às 23:42, o Sol atinge o ponto mais ao norte em sua trajetória aparente, dando início ao inverno no hemisfério sul (e ao verão no hemisfério norte).
Com noites mais longas para os observadores ao sul da linha do equador e com o centro da Via Láctea passando alto no céu, essa é a estação preferida dos astrofotógrafos de grande campo que costumam compor suas imagens com nossa galáxia sobre a paisagem.
Data e Hora | Evento
2025/06/01 02h | Vênus em maior elongação a oeste (46°)
2025/06/01 07h | Marte 1.3°S da Lua
2025/06/02 00h | Regulus 1.6°S da Lua
2025/06/03 00h | Quarto Crescente
2025/06/06 11h | Spica 0.5°N da Lua (Ocultação*)
2025/06/07 08h | Lua no apogeu
2025/06/08 17h | Mercúrio 1.9°N de Júpiter
2025/06/10 08h | Antares 0.3°N da Lua (Ocultação**)
2025/06/11 04h | Lua Cheia
2025/06/11 20h | Lua mais ao sul (-28.4°)
2025/06/14 14h | Plutão 0.1°N da Lua (Ocultação***)
2025/06/17 13h | Marte 0.7°N de Regulus
2025/06/18 16h | Quarto Minguante
2025/06/18 22h | Saturno 3.0°S da Lua
2025/06/18 23h | Netuno 2.2°S da Lua
2025/06/20 23h | Solstício
2025/06/22 03h | Mercúrio 5.0°S de Pollux
2025/06/22 22h | Urano 4.8°S da Lua
2025/06/23 01h | Lua no perigeu
2025/06/24 12h | Júpiter em conjunção
2025/06/24 22h | Lua mais ao norte (28.4°)
2025/06/25 06h | Júpiter 5.0°S da Lua
2025/06/25 07h | Lua Nova
2025/06/26 16h | Pollux 2.4°N da Lua
2025/06/27 04h | Mercúrio 2.8°S da Lua
2025/06/29 09h | Regulus 1.3°S da Lua
2025/06/29 22h | Marte 0.2°S da Lua (Ocultação****)
* Visível em parte da África continental e Madagascar.
** Visível na Oceania e Ilha de Páscoa.
*** Visível em parte da Austrália.
**** Visível na costa noroeste da América do Sul.
Os Planetas em Junho/2025
Marte é o único planeta visível no início da noite durante o mês de junho. Júpiter inicia o mês baixo no horizonte e no dia 24 passa pela conjunção com o Sol, deixando o céu noturno pelos próximos meses, unindo-se a Vênus, Saturno, Urano e Netuno que já se agrupam no céu durante a madrugada.
Os planetas e o Sol em junho/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em junho/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em junho/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Configurações do Sistema Solar em Junho/2025
Os diagramas abaixo mostram a configuração dos planetas interiores e exteriores do Sistema Solar ao longo do mês de março, em coordenadas heliocêntricas. Os gráficos apresentam o Sistema Solar visto do norte do plano da órbita terrestre.
Enquanto aqui na Terra lutamos contra a esmagadora escala 6×1, a 150 milhões de quilômetros daqui, o Sol não descansou no fim de semana. Uma região ativa que se dirige ao limbo oeste do Sol emitiu um inesperado flare categoria X no fim da noite deste sábado (24/5).
E a mesma região deu um replay do espetáculo (mas com um pouco menos de intensidade, atingindo a categoria M, um pouco abaixo do limite da categoria X) na tarde deste domingo (25/5), por volta das 13:30h (horário de Brasília).
As imagens abaixo são uma composição de quadros capturados em duas faixas do ultravioleta pelo satélite de observação solar SDO (Solar Dynamics Observatory).
Flare classe X1.1 emitido pela região ativa AR4098 às 22:52 do sábado (24/5) no horário de Brasília. Imagens: NASA/SDO/AIA via Helioviewer.Flare classe M8.9 emitido pela região ativa AR4098 às 13:32 do domingo (25/5) no horário de Brasília. Imagens: NASA/SDO/AIA via Helioviewer.
Regiões ativas são regiões de concentração do campo magnético solar. Regiões com campos mais intensos podem fornecer energia para eventos como flares e ejeções de massa coronal (CME). Estudar e monitorar essas regiões é fundamental para a previsão de seus efeitos na interação com o campo magnético terrestre.
Esses efeitos incluem apagões de rádio em frequências usadas para comunicação ou mesmo a indução de correntes que podem sobrecarregar sistemas de transmissão de energia elétrica na Terra. Satélites com trajetórias passando por áreas afetadas pelas emissões solares também podem ser impactados e em certos casos é preciso desligá-los para evitar danos aos circuitos.
A perturbação da ionosfera pela atividade solar causa também um aumento do arrasto em satélites em órbita baixa, além de impactar na precisão de sistemas globais de navegação por satélite, como GPS (EUA), GLONASS (Rússia), Galileu (Europa) e BeiDou (China).
Classificando Flares
Os flares recebem uma classificação de acordo com a intensidade do pico do fluxo de raios X medidos por satélites na Terra na faixa entre 0,1 e 0,8 nm.
B – Intensidade menor que 1 µW/m2
C – Intensidade entre 1 e 10 µW/m2
M – Intensidade entre 10 e 100 µW/m2
X – Intensidade maior que 100 µW/m2
Cada classe é 10 vezes mais intensa que a anterior, e entre elas usamos um multiplicador para estabelecer uma graduação. Um flare M8.9, como o capturado na imagem acima corresponde a um pico de 8,9 x 10 µW/m2 = 89 µW/m2 . Ou seja, muito próximo do limite de 100 µW/m2 da classe X.
A classe X é ilimitada, e pode receber multiplicadores maiores que 10 para indicar flares mais intensos que 1 mW/m2.
Emissão de raios X detectados por satélites da NOAA. Os flares das imagens acima correspondem ao primeiro e ao último pico no gráfico. Créditos: NOAA/SWPC.
A região ativa responsável pelos eventos é identificada como AR14098, na numeração oficial atribuída pelo SWPC (Centro de Previsão do Clima Espacial) da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) e pode ser vista na imagem abaixo, na área com manchas escuras à direita e a meia altura. A imagem é uma captura do instrumento HMI do SDO.
A imagem abaixo é nossa captura usando um telescópio solar Coronado SolarMax II, na faixa do hidrogênio alfa, uma estreita faixa do espectro emitido pelo gás hidrogênio excitado na cromosfera solar. Além de filamentos e proeminências espalhados pelo Sol, podemos ver a animada região 4098 nas proximidades do limbo oeste do Sol.