Descoberto em abril de 2024 e com sua órbita quase que inteiramente ao sul da eclíptica, o cometa C/2024 G3 (ATLAS) é o presente que os observadores no hemisfério sul esperavam!
Além do espetáculo proporcionado pelos planetas durante o mês de janeiro, um cometa brilhante é sempre motivo para euforia na astronomia amadora e desta vez, se a meteorologia nos ajudar, o Brasil será um camarote privilegiado para a observação deste visitante dos confins do Sistema Solar. E este privilégio é consequência da inclinação da órbita do cometa, mantendo-o no hemisfério sul celeste após a passagem pelo periélio.
Curva de Brilho
Durante a última semana de dezembro e primeira semana de janeiro, o C/2024 G3 (ATLAS) foi um alvo difícil ao amanhecer em meio a persistentes nuvens em muitas regiões do Brasil. Mas observadores ao redor do mundo seguiram monitorando sua evolução e reportando seu promissor aumento de brilho.
Agora nos resta esperar que o cometa sobreviva a sua passagem pelo ponto de sua órbita mais próximo do Sol, o periélio, para que possa emergir em seguida no céu do entardecer com brilho suficiente para que possa ser visto sem esforço através de pequenos telescópios e binóculos, ou quem sabe, a olho nu.
Como encontrá-lo?
Para localizá-lo, olhe para o poente, logo após o pôr do Sol, a partir do dia 14 de janeiro, ligeiramente ao Sul do ponto em que o Sol se pôs. O mapa abaixo mostra a trajetória do cometa ao logo de todo o mês de janeiro, realçando a posição do Sol e do cometa no dia da passagem pelo periélio (13/01)
Estamos apenas em janeiro, mas este já é um fore candidato ao título de cometa do ano! Estaremos de olho em sua evolução e com câmeras e telescópios apontados em sua direção. Fiquem de olho aqui no blog e em nossas redes sociais para dicas de observação e notícias de última hora! O ano apenas começou, mas o céu não vai esperar o carnaval para desfilar seus astros brilhantes em frente aos telescópios.
Aparentemente falta pauta nas redações no final do ano. E falta também uma boa consultoria sobre astronomia, até para os grandes portais de notícia que sempre requentam e republicam a mesma matéria, fazendo confusão entre períodos orbitais distintos e alardeando, incorretamente, que o ano não acaba no dia 31 de dezembro. Mas isso levanta a questão: afinal, quanto dura um ano?
Pra começo de conversa, o ano civil acaba sim em 31 de dezembro. O 31 de dezembro não é uma data com significado astronômico especial, mas a duração do ano obedece sim critérios astronômicos.
Mas afinal qual a duração do ano.
Se queremos saber quanto dura um ano, precisamos entender um pouco do que são as órbitas planetárias.
As órbitas dos objetos do Sistema Solar são regidas pela força da gravidade. Uma força tão bem conhecida que nos permite até descobrir novos objetos apenas medindo seus efeitos.
Urano foi descoberto através de observações telescópicas por William Herschel em 1781. Mas perturbações em sua órbita revelaram que existia um outro planeta além de sua órbita. Foi assim que Netuno foi descoberto em 1846.
Trabalhando independentemente, Urbain Le Verrier na França e John Couch Adams na Inglaterra, calcularam a posição de um planeta até então desconhecido, que produziria o desvio observado na órbita de Urano.
O astrônomo John Galle, do Observatório de Berlim, encontrou o planeta que hoje conhecemos como Netuno, a apenas 1º da posição prevista por Le Verrier.
Mas décadas antes da teoria da gravitação de Newton, Johanes Kepler já havia descoberto empiricamente como os planetas se movem.
Para exemplificar, veja a órbita de Mercúrio, na imagem abaixo.
Notou que a órbita não é um círculo perfeito? Ela é levemente achatada e o Sol não fica no centro .
Esse “círculo achatado” se chama elipse e a posição do Sol é um dos “focos” dessa elipse. O ponto marcado com a letra C é o centro da elipse. E o ponto marcado como F2 é o segundo foco, onde não há nenhum objeto.
Essa geometria faz com que haja um ponto da órbita em que o planeta esteja mais próximo do Sol e um ponto em que esteja mais distante.
Esses pontos extremos possuem nomes: Periélio, quando o planeta está mais próximo do Sol. Afélio, quando está mais distante.
O Ano Anomalístico
Você pode estar pensando que essa é uma boa maneira de estabelecer quanto dura um ano. Poderíamos estabelecer que um ano é o período entre duas passagens sucessivas por um desses pontos da órbita. O periélio, por exemplo. É essa a ideia veiculada nas notícias de início de ano.
Porém, isso é algo bem difícil de perceber na prática.
É possível sim usar esse período para definir quanto dura um ano. E de fato ele é usado para definir o que chamamos de Ano Anomalístico.
Mas a órbita da Terra é muito menos achatada que a de mercúrio. E sem a ajuda de instrumentos é impossível perceber que estamos um pouco mais perto do Sol. Em 2025, o Sol passou pelo periélio no dia 4 de janeiro às 10:29h, a pouco mais de 147 milhões de km do Sol.
E você certamente não notou nada de diferente.
No dia 3 de julho, passaremos pelo ponto mais distante, o afélio, a pouco mais de 152 milhões de km. O afélio também é vítima de publicações sensacionalistas e INCORRETAS que viralizam todo ano. Mas você pode se vacinar lendo outro post aqui no blog: https://ceuprofundo.com/2022/05/21/alerta-de-boato-o-que-e-o-afelio/
Mas a verdade é que você também não vai notar a passagem pelo afélio. A diferença entre afélio e periélio é realmente muito pequena.
O Ano Sideral
Mas se a passagem do Sol pelo periélio não é uma maneira muito prática de definir quanto dura um ano, que tal usar como referência as estrelas distantes? Poderíamos medir o tempo entre dois alinhamentos sucessivos do Sol com alguma estrela fixa. Isso é algo razoavelmente fácil de determinar. E o período medido dessa forma é o que chamamos de Ano Sideral.
É sim uma boa maneira de medir o tempo. Mas talvez não tenha grandes consequências práticas. Não faz diferença se o Sol passar um pouco antes ou um pouco depois por esse alinhamento, faz?
Talvez precisemos de uma maneira de medir o ano que tenha mais impacto em nossas vidas.
O Ano Trópico
E se, em vez do periélio ou do alinhamento com alguma estrela, nossos calendários fossem sincronizados com acontecimentos astronômicos mais relevantes? Eventos que nos permitissem prever a temperatura e as chuvas. Ou que tivessem impacto em nosso planejamento para plantar, colher ou nos proteger das intempéries? Quem sabe poderíamos usar o ciclo das estações para isso? Construindo um calendário que mantém fixo o início das estações, temos controle do início da estação chuvosa, da chegada do frio ou do calor, da estiagem ou das inundações… é um calendário realmente útil e prático.
É por isso que faz todo sentido que a duração do ano civil coincida com a duração do ciclos das estações.
O Ano Trópico corresponde ao período entre dois equinócios vernais (no hemisfério sul, isso equivale ao início do outono).
Mas um ano não é um ano?
Bem… tudo seria mais fácil se a Terra fosse uma esfera perfeita. E se Lua e os outros planetas no Sistema Solar não perturbassem nossa órbita.
Mas a realidade está longe de ser uma aula de física do ensino médio, onde o professor pode propor um problema em que um elefante tem massa desprezível e desliza sem atrito sobre o asfalto…
Na prática, há efeitos que perturbam as órbitas (Júpiter, por ser o planeta mais massivo, e a Lua por estar muito perto de nós, produzem as maiores perturbações) e que fazem eixo da Terra cambalear como um pião. O resultado disso é que o ano trópico, o ano sideral e o ano anomalístico acabam tendo durações diferentes, porque esses pontos de referência se deslocam de um ano pra outro. No fim das contas, cada ano acaba tendo uma duração diferente.
A nossa escolha para a duração do ano é a que coincide com o ciclo das estações. O Ano Trópico. Então pode esquecer cada uma dessas matérias que dizem que “segundo a ciência” o ano só começa em 4 de janeiro. O ANO CIVIL NÃO É MEDIDO EM RELAÇÃO AO PERIÉLIO!
Sim, mas afinal quanto dura um ano??
Agora sim podemos falar sobre a duração de cada um desses anos.
Ano
Duração Média
Sideral
365,2564 dias
Anomalístico
365,2596 dias
Trópico
365,2422 dias
Duração média dos principais tipos de ano. [Fonte: Astronomical almanac for the year 2015 (United States Naval Observatory, United Kingdom Hydrographic Office)]
A duração média do Ano Trópico é de 365,2422 dias. Isso é um pouco menos que 365 dias e 6 horas. Mas esse pouco tem consequências… Foi isso que motivou uma mudança de calendário no ano 1582 em uma bula papal editada pelo Papa Gregório XIII.
Com o objetivo de manter a data do equinócio de março fixa, uma nova regra para adoção dos anos bissextos precisou ser estabelecida.
O calendário gregoriano.
Ao acrescentar 1 dia a cada quatro anos, correspondendo às 6 horas que excediam os 365 dias no calendário vigente (o Calendário Juliano), um erro foi acumulado deslocando a data do início da primavera do hemisfério norte (o equinócio de março).
A data do equinócio é importante no calendário do Vaticano para determinar o dia da Páscoa e o período de jejum. A Páscoa corresponde ao domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após o equinócio de março. E se a data do equinócio varia, todas essas datas móveis também se deslocam.
Na correção que resultou no calendário gregoriano, primeiro foram excluídos 10 dias do calendário: em 1582, nos países que adotaram imediatamente o calendário gregoriano, a quinta-feira 4 de outubro foi seguida pela sexta-feira 15 de outubro.
E uma nova regra para os anos bissextos foi estabelecida: 1 dia é acrescentado se o ano for divisível por 4, mas ele não é acrescentado se o ano for divisível por 100, exceto se também for divisível por 400.
Acabou se perdendo nas contas? A gente simplifica: os séculos cheios não são bissextos, exceto se forem múltiplos de 400. Ou seja: 1600 e 2000 foram bissextos. 1700, 1800 e 1900, não. Todos os outros múltiplos de 4 foram. 2100, 2200 e 2300 não serão bissextos. 2400 será. E assim por diante…
Essa correção garante que o calendário permanecerá sincronizado com o início das estações por mais de 3 milênios. É realmente uma correção muito boa, mas infelizmente não impede que influenciadores digitais e portais de notícia continuem dizendo que o ano não acabou em 31 de dezembro.
Você já deve ter esbarrado em postagens nas redes sociais alardeando um raríssimo alinhamento dos planetas que ocorreria em algum momento de 2025, não? Então esse post é pra você!
Precisamos falar um pouco sobre isso! Mas primeiro vamos esclarecer alguns conceitos astronômicos pra alinhar nossa conversa.
Alinhamento dos Planetas x Conjunção
A imagem que abre este post mostra 6 planetas e a Lua simultaneamente na mesma imagem. Saturno também estava visível no céu, mas estava fora do campo da câmera. É fácil notar que todos esses objetos estão aproximadamente sobre a mesma linha. E isso não é uma coincidência!
Todos os planetas orbitam o Sol aproximadamente no mesmo plano, então sempre os veremos próximos da linha que conhecemos como eclíptica. A eclíptica desenha no céu, o plano da órbita terrestre em torno do Sol.
Assim, veremos sempre os planetas alinhados. Formando esse cortejo no céu. No entanto, este alinhamento dos planetas não é uma CONJUNÇÃO.
Então, o que seria uma “Conjunção“?
Quando vemos um objeto do Sistema Solar na mesma direção de outro objeto, que pode ou não ser do Sistema Solar, dizemos que esses objetos estão em conjunção. Ou seja, ambos estão posicionados ao longo de nossa linha de visada. Na imagem acima, vemos uma conjunção entre Vênus e a Lua.
A cada mês, por exemplo, ao orbitar a Terra, a Lua emparelhará com cada um dos planetas e com algumas estrelas brilhantes. Em nosso calendário astronômico mensal, sempre indicamos essas conjunções entre a Lua e planetas e estrelas.
Em geral, não há nada de raro nessas conjunções, que sempre acontecem a cada mês. No entanto, em algumas ocasiões o alinhamento dos planetas com a Lua é tão perfeito que a Lua chega a ocultar o objeto mais distante, como na imagem abaixo, quando a Lua ocultou Marte na madrugada de 6 de setembro de 2020. Em 2020, duas ocultações de Marte foram visíveis de parte do Brasil.
Você agora entendeu o conceito mais importante deste post: numa conjunção, temos um alinhamento dos planetas ou de outros astros ao longo de nossa linha de visada.
Sem alinhamento dos planetas não tem nada legal pra ver no céu?
Tem muita coisa legal pra ver no céu sim! Mas o Universo é um lugar bem grande e sempre tem algo fascinante pra ser observado. Uma conjunção é certamente um belo evento, mas observar os planetas separados também é uma experiência que não dispensamos! No início de Janeiro poderemos ver a Lua pouco depois da fase nova emparelhando com Vênus e Saturno no céu.
A simulação abaixo mostra a conjunção de Lua e Vênus no anoitecer do dia 3 de janeiro. Mas a cada dia, a Lua se desloca um pouco para leste e seguirá emparelhando com cada um dos planetas. Marte, Júpiter, Saturno e Vênus seguirão visíveis durante todo o mês de Janeiro, então se é alinhamento dos planetas que você quer, que tal observar a Lua em conjunção com cada um deles?
Utilizando o visualizador de órbitas do sitema Horizons do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, criamos essa visualização do sistema solar no dia 3 de janeiro, correspondendo a simulação acima. Podemos ver que os planetas orbitam aproximadamente no mesmo plano, mas que não estão alinhados.
E a moral da história?
A conclusão que podemos tirar não é exatamente uma novidade: tem muita gente falando bobagem e postando conteúdo sensacionalista sobre astronomia nas redes sociais para ganhar cliques (e dinheiro). Mas, felizmente, o Universo não precisa de sensacionalismo para ser um lugar sensacional!
Procure um lugar escuro, longe da poluição luminosa dos centros urbanos, e deleite-se com as belezas do céu. Mas nem precisa de telescópio pra isso. Um céu escuro pode revelar a olho nu dezenas de objetos de céu profundo, como nebulosas, aglomerados estelares e até algumas galáxias mais próximas.
Com binóculos a experiência é ainda mais recompensadora, mergulhando em objetos mais extensos que sequer cabem inteiros no campo da ocular de um telescópio. Inclusive, binóculos são os instrumentos ideais para a observação de cometas (permitindo que vejamos uma grande extensão de sua cauda) e de conjunções planetárias, já que é incomum que os planetas fiquem próximos o suficiente para serem vistos simultaneamente através de um telescópio.
Data e Hora | Evento
2025/01/01 09h | Plutão 1.0°N da Lua (Ocultação)*
2025/01/03 13h | Vênus 1.3°N da Lua
2025/01/04 06h | Terra no periélio
2025/01/04 13h | Saturno 0.6°S da Lua (Ocultação)**
2025/01/05 11h | Netuno 1.0°S da Lua (Ocultação)
2025/01/06 20h | QUARTO CRESCENTE
2025/01/07 20h | Lua no perigeu
2025/01/09 11h | Urano 4.3°S da Lua
2025/01/10 00h | Vênus na máxima elongação a leste (47°)
2025/01/10 19h | Júpiter 5.4°S da Lua
2025/01/12 01h | Lua mais ao norte (28.5°)
2025/01/12 10h | Marte mais próximo da Terra
2025/01/13 18h | Pólux 2.1°N da Lua
2025/01/13 19h | LUA CHEIA
2025/01/14 00h | Marte 0.2°S da Lua (Ocultação)*
2025/01/15 23h | Marte em oposição
2025/01/16 14h | Régulo 2.0°S da Lua
2025/01/18 23h | Vênus 2.2°N de Saturno
2025/01/21 01h | Spica 0.1°N da Lua (Ocultação)
2025/01/21 02h | Lua no apogeu
2025/01/21 09h | Plutão em conjunção
2025/01/21 17h | QUARTO MINGUANTE
2025/01/22 18h | Marte 2.4°S de Pólux
2025/01/24 21h | Antares 0.3°N da Lua (Ocultação)
2025/01/26 10h | Lua mais ao sul (-28.5°)
2025/01/28 18h | Mercúrio 2.4°N da Lua
2025/01/28 19h | Plutão 0.9°N da Lua (Ocultação)
2025/01/29 04h | Mercúrio 1.4°N de Plutão
2025/01/29 09h | LUA NOVA
2025/01/30 15h | Urano estacionário
* Não visível do Brasil.
** Visível de parte do Brasil. Consulte mapa abaixo.
O Céu em Janeiro – Destaques do Mês.
Antes de tudo, vamos dizer em letras garrafais: NÃO VAI OCORRER NENHUMA MEGA CONJUNÇÃO PLANETÁRIA EM 2025! Apesar do que anda circulando em alguns perfis sensacionalistas nas redes sociais, o Sistema Solar não está passando por nenhuma configuração especial e super rara com todos os planetas em conjunção! Confira aqui a configuração do Sistema Solar no mês de Janeiro.!
Mas isso não significa que você não vai observar os planetas neste início de ano, não é? Apesar de não estarem agrupados, os planetas estão no céu e ao alcance da vista desarmada e de pequenos telescópios. Os destaques vão para os planetas Júpiter, brilhando intensamente na direção da constelação de Touro e para o planeta Marte, que atinge a oposição no dia 15 de janeiro. A oposição é o condição mais favorável para a observação de planetas com órbitas exteriores à da Terra. É quando a Terra passa entre o planeta e o Sol, fazendo com que o planeta seja visível durante toda a noite!
Vênus também brilhará em todo seu esplendor ao anoitecer, atingindo sua máxima separação do Sol no dia 10 de janeiro. Quer um desafio? Vênus estará tão brilhante que poderá inclusive ser visto a olho nu durante o dia! Tente encontrá-lo com o Sol ainda brilhante!
Além disso, um visitante dos confins do Sistema Solar vem dar as boas vindas ao ano novo. O cometa C/2024 G3 (ATLAS) passará pelo ponto de sua órbita mais próximo ao Sol no dia 13 de janeiro. É provável que ele se torne um alvo fácil para binóculos, pequenos telescópios e câmeras. Mas não podemos descartar a chance de conseguir detectá-lo a olho nu. A boa notícia é que sua posição é favorável para a observação no hemisfério sul. Confira a carta celeste mais abaixo para seguir sua trajetória durante o mês de janeiro.
Infelizmente um belo evento não poderá ser visto do Brasil: a ocultação de Saturno pela Lua em 4 de janeiro poderá ser observada de toda a Europa e de parte do norte da África ocidental. Mas para o Brasil, além de acontecer durante o dia, apenas uma estreia faixa ao norte do País está dentro da área de visibilidade da ocultação. Ainda assim, observadores nessa faixa brasileira mais ao norte podem tentar registrar telescopicamente a ocultação. Para isso, teste alguns dias antes se você é capaz de observar Saturno com a luz do dia usando seus instrumentos. Se esse teste der certo, coloque as mãos à obra! E compartilhe conosco os resultados!
Os planetas em Janeiro/2025
Marte, Júpiter, Vênus e Saturno estarão em condições muito favoráveis para a observação durante todo o mês de Janeiro. Para observadores munidos de telescópios, Urano e Netuno também manterão um bom afastamento do Sol durante todo o mês. Vênus, Saturno, Júpiter e Marte poderão ser vistos simultaneamente no céu. Isso não é uma configuração especialmente rara e nem de longe corresponde ao super alinhamento alardeado em vídeos virais em redes sociais. Na verdade, os planetas estarão bem separados angularmente entre si, com apenas uma conjunção mútua merecendo atenção: Vênus estará a pouco mais de 2º Saturno no dia 18/01.
Para acompanhar a movimentação de todos os planetas durante o mês, clique na imagem para ampliar.
Configurações do Sistema Solar em Janeiro/2025
Os diagramas abaixo mostram a configuração dos planetas interiores e exteriores do Sistema Solar ao longo do mês de dezembro, em coordenadas heliocêntricas. Os gráficos apresentam o Sistema Solar visto do norte do plano da órbita terrestre.
Os primeiros raios do Sol no amanhecer sobre as ravinas do Lajedo de Soledade. [imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo].
Um afloramento calcário de 90 milhões de anos no sertão do Rio Grande do Norte é uma testemunha de quando o sertão já foi mar e abriga um vasto acervo de pinturas rupestres e ainda é coberto por um deslumbrante céu estrelado! Um verdadeiro tesouro arqueológico, paisagístico e astronômico
Este é o Lajedo de Soledade, na cidade de Apodi, a 350 km de Natal e pouco menos de 100 km de Mossoró!
O Lajedo de Soledade é um destino onde história, geologia, astronomia e preservação dão as mãos ao turismo sustentável. E foi este o sítio que escolhemos para observar o pico da chuva de meteoros Geminídeos de 2024.
Vista ao sul, de dentro do Lajedo de Soledade, com a Via Láctea cruzando o céu na diagonal da imagem. As estrelas Alfa (Canopus) e Beta (Miaplacidus) da constelação da Carina são as mais brilhantes na imagem. Um meteoro foi capturado na borda superior direita da imagem. [imagem: Wandeclayt M.]
Todos os anos, durante o mês de dezembro, a Terra atravessa uma região rica em detritos do asteroide 3200 Phaeton. São esses detritos que, ao entrar em nossa atmosfera, formam os meteoros da chuva Geminídeos. Nas madrugadas dos dias 13 e 14, cruzamos a região de maior densidade desses detritos, o que corresponde ao pico de atividade dos meteoros, numa taxa que pode atingir 150 meteoros por hora em condições perfeitas.
No entanto, para a chuva de 2024, as condições estiveram longe da perfeição: às vésperas da Lua Cheia, o brilho lunar ofusca a maior parte dos meteoros e durante toda a noite de observação pudemos contar aproximadamente 40 meteoros.
Mas com ou sem meteoros, nossa escolha de sítio foi garantia de uma experiência rica e satisfatória à noite e até após o nascer do Sol.
Posição da Terra na madrugada de 13/12/2024, cruzando a órbita do asteroide 3200 Phaeton. Órbita simulada no sistema JPL Horizons.
A chuva de meteoros pode não ter sido a edição mais impressionante dos Geminídeos, mas o sítio do Lajedo de Soledade não deixou nada a desejar! Passada a noite de observação, pudemos nos concentrar na beleza das formações geológicas e nos muitos painéis de pinturas rupestres que se concentram na área preservada do sítio!
Visitando o Sítio Arqueológico!
As visitas ao sítio arqueológico podem ser feitas de terça a domingo, com acompanhamento de guias da Fundação Amigos do Lajedo de Soledade (FALS). Os detalhes sobre o acesso ao museu e a contratação de guias podem ser consultados no site https://lajedodesoledade.org.br/
Museu Arqueológico do Lajedo de Soledade [imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo]
O acesso aos painéis é fácil e não requer nenhuma trilha longa. Os guias da FALS conhecem muito bem cada um dos painéis localizados no labirinto de ravinas esculpidas pela erosão no Lajedo, além de possuírem um vasto repertório sobre a geologia e a história da região. O circuito pode ser feito em pouco mais de uma hora, mas não descuide da hidratação e do filtro solar. O passeio pode ser curto, mas o Sol do sertão potiguar faz essa caminhada ser exaustiva.
Um dos mais interessantes painéis na Ravina da Dodora exibe inscrições que nos remetem ao céu estrelado e a objetos astronômicos. Inevitável pensar que a Astronomia possa ter sido uma inspiração para essas pinturas quando vemos o céu sobre a Ravina, como na imagem abaixo. [imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo]A Ravina da Dodora emoldura o céu estrelado sobre o Lajedo de Soledade. Na imagem, a estrela mais brilhante é Sírius, na constelação do Cão Maior. A constelação de Órion, com as Três Marias e com a grande nebulosa M42, aparece acima da Carnaúba, uma palmeira endêmica do semi-árido nordestino. [imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo]
Além de painéis pintados com motivos geométricos (e possivelmente astronômicos) há representações da fauna (aves e lagartos são facilmente identificáveis) como na Ravina das Araras e painéis com gravações em baixo relevo.
Pinturas rupestres na Ravina das Araras (Lajedo de Soledade). [Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo]Gravações em baixo relevo (tradição itacoatiara) no Lajedo de Soledade. [imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo]
Um Panorama de Encher os Olhos
Mas não deixe o deslumbramento com as pinturas rupestres impedir você de se deleitar com a visão mais ampla de todo o sítio. Os intrincados detalhes esculpidos na rocha calcária pelo tempo e a resiliente vegetação da caatinga, o mais brasileiro e nordestino dos biomas, compõem um espetáculo que também precisa ser desfrutado.
Vista panorâmica aérea do Lajedo de Soledade [imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo]Fim de visita com o guia Henrique, da Fundação Amigos do Lajedo de Soledade. Experiência arqueológica e geológica, após a noite astronômica, fechando com chave de ouro nossa passagem pelo Sertão Potiguar. [imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo]Vista aérea do afloramento calcário do Lajedo de Soledade. [imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo]
Este foi sem dúvida um dos sítios mais fascinantes que já visitamos. Uma paisagem que nos leva numa viagem no tempo e no espaço. Um local de clima severo, onde o calor do Sol castiga, mas o calor humano dos guias e da população nos fazem querer retornar correndo para os encantos de Soledade.
Ministramos uma breve instrução de reconhecimento de céu nas ravinas do Lajedo de Soledade. Entre os participantes, a ilustre presença de Adailton Targino (segundo, da direita para a esquerda), um dos guias pioneiros da FALS.
Data e Hora | Evento
2024/12/01 03h | LUA NOVA
2024/12/01 04h | Antares 0.0°N da Lua (Ocultação)*
2024/12/01 22h | Mercúrio 4.9°N da Lua
2024/12/02 19h | Lua mais ao sul (-28.5°)
2024/12/04 20h | Vênus 2.2°N da Lua
2024/12/05 01h | Plutão 1.2°N da Lua
2024/12/05 23h | Mercúrio em conjunção inferior
2024/12/07 11h | Vênus 0.9°N de Plutão
2024/12/07 17h | Júpiter em oposição
2024/12/07 17h | Marte estacionário
2024/12/08 05h | Saturno 0.3°S da Lua (Ocultação)*
2024/12/08 07h | Netuno estacionário
2024/12/08 12h | QUARTO CRESCENTE
2024/12/09 05h | Netuno 0.7°S da Lua (Ocultação)*
2024/12/12 10h | Lua no perigeu
2024/12/13 04h | Urano 4.1°S da Lua
2024/12/13~14 | Pico dos Geminídeos
2024/12/14 15h | Júpiter 5.4°S da Lua
2024/12/15 06h | LUA CHEIA
2024/12/15 17h | Lua mais ao norte (28.4°)
2024/12/15 19h | Mercúrio estacionário
2024/12/17 09h | Pólux 2.0°N da Lua
2024/12/18 06h | Marte 0.8°S da Lua (Ocultação)*
2024/12/20 05h | Régulo 2.2°S da Lua
2024/12/21 06h | Solstício
2024/12/22 19h | QUARTO MINGUANTE
2024/12/24 04h | Lua no apogeu
2024/12/24 17h | Spica 0.2°S da Lua (Ocultação)*
2024/12/25 06h | Mercúrio na máxima elongação a oeste (22°)
2024/12/28 12h | Antares 0.1°N da Lua (Ocultação)**
2024/12/30 01h | Lua mais ao sul (-28.4°)
2024/12/30 19h | LUA NOVA
* Não visível do Brasil.
** Visível de parte do Brasil. Consulte mapa abaixo.
Os Céu em Dezembro
O cair das noites de dezembro vem ornado com três planetas brilhantes. De oeste para leste, você encontrará em sequência Vênus, Saturno e Júpiter. Um pouco mais tarde, Marte surge seguindo o trio. Note na imagem abaixo a linha alaranjada marcando a eclíptica, o plano da órbita terrestre em torno do Sol. Como as órbitas dos maiores corpos do Sistema Solar estão todas aproximadamente neste mesmo plano, é ao longo dessa linha que você sempre encontrará os planetas. Perceba como Vênus, Saturno e Júpiter estão alinhados seguindo a eclíptica. Ao nascer, um pouco mais tarde, Marte também mantém esse alinhamento.
Vênus, Saturno e Júpiter no céu do início da noite em dezembro. A simulação corresponde ao céu da cidade de Natal (RN) em primeiro de dezembro de 2024. [simulação no Stellarium por Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo].
O céu de verão traz também uma das chuvas de meteoros mais ativas do ano, os Geminídeos, podendo atingir um pico de mais de 100 meteoros por hora entre os dias 13 e 14 de dezembro. No entanto, em 2024, a Lua cheia reduz drasticamente o número de meteoros observáveis.
Para os observadores de objetos de céu profundo, é a temporada de observar a deslumbrante M42 (a Grande Nebulosa de Órion), M31 (a Galáxia de Andrômeda) e de desfrutar a olho nu da visão dos aglomerados Plêiades e Híades, na constelação do Touro.
A região das constelações de Órion e Touro, povoada de objetos de céu profundo. Simulação: Stellarium.
Os planetas em Dezembro/2024
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Os planetas e o Sol em dezembro/2024. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em dezembro/2024. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em dezembro/2024. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Configurações do Sistema Solar em dezembro/2024
Os diagramas abaixo mostram a configuração dos planetas interiores e exteriores do Sistema Solar ao longo do mês de dezembro, em coordenadas heliocêntricas.
Coleção Introdução à Astronomia e Astrofísica (2024)
Desde 1998, a Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Atividades Espaciais (INPE) organiza o Curso de Introdução à Astronomia e Astrofísica (CIAA), voltado para professores do ensino fundamental e médio e para estudantes de graduação em Ciências Exatas.
Em suas 25 edições, o CIAA se consolidou como um importante curso de formação e atualização para professores e futuros cientistas em um ambiente imersivo, em contato com pesquisadores envolvidos em alguns dos mais importantes projetos de pesquisa e desenvolvimento em Astronomia do Brasil.
Com um conteúdo atual e abrangente, o curso desperta grande interesse por suas vagas a cada edição. Suas notas de aula são uma valiosa referência e vê-las lançadas em formato de livro, com organização do Dr. André Milone (Divisão de Astrofísica/INPE), é motivo de alegria para os interessados no tema que carecem de literatura em português.
Os três volumes da coleção Introdução à Astronomia e Astrofísica lançados nesta quinta-feira (31/10) cobrem todo o programa do CIAA e estão disponíveis gratuitamente em formato PDF. Baixe nos links abaixo:
Volume 1 – Astronomia no dia a dia, Astrofísica Observacional, O Sistema Solar, Habitabilidade Cósmica e a Possibilidade de Vida em Outros Locais do Universo.
Volume 2 – O Sol, Formação de Estrelas, A Vida das Estrelas, Estágios Finais de Estrelas
Volume 3 – Galáxias, Cosmologia, Astrofísica de Ondas Gravitacionais.
O planetário virtual Stellarium é um software gratuito e de código aberto, disponível para Linux, Mac OS e Windows, capaz de gerar visualizações realistas do céu em posições e instantes definidos pelo usuário. Essas visualizações criam uma experiência imersiva que pode ficar ainda mais interessante quando criamos uma cenário personalizado retratando uma paisagem conhecida ou seu local de observação preferido.
Paisagem personalizada do Museu Interativo de Ciências de São José dos Campos (SP) [Wandeclayt M./Céu Profundo].
Essa personalização é simples e pode ser gerada em poucos passos. É preciso ter alguma familiaridade com edição de imagens e com as funções do Stellarium, mas nenhuma ferramenta complexa é necessária.
Crie uma imagem panorâmica de 360º. Não é preciso incluir todo o céu. É possível criar a imagem fundindo duas imagens panorâmicas de 180º (ou conjuntos de imagens menores, desde que cubram os 360º de horizonte) num programa de edição de imagens (Photoshop, Gimp). Uma opção gratuita é a ferramenta de montagem de panoramas Hugin.
Remova o céu (a área do céu deve ficar transparente em um arquivo png).
A relação de aspecto da imagem deve ser 2:1. 2048×1024 funciona bem.
Crie um arquivo “landscape.ini” com os dados de sua paisagem. Este é um exemplo de arquivo:
Exemplo de arquivo landscape.ini
[landscape]
name = MIC
author = Wandeclayt M/@ceuprofundo
description = Museu Interativo de Ciências de São José dos Campos - SP - Brasil.
type = spherical
maptex = mic_sjc2k.png
angle_rotatez = 150
[location]
planet = Earth
country = Brazil
timezone = America/Sao_Paulo
latitude = -23d10'59"
longitude = -45d51'31"
altitude = 650
Você pode precisar ajustar o azimute de sua imagem para que os pontos cardeais coincidam com a paisagem. Esse ajuste pode ser feito pelo parâmetro “angle_rotatez” no arquivo landscape.ini. Depois destes passos, compacte seu arquivo de imagem png e seu arquivo landscape.ini em um único arquivo zipado. A instalação será feita a partir do arquivo zip.
Para instalar, acesse o menu de paisagens na barra esquerda da interface do Stellarium, ou use a tecla de função F4. Na aba paisagem você encontrará a opção de adicionar/remover paisagens. Selecione seu arquivo Zip e a nova paisagem será incorporada ao aplicativo.
Instalação de um novo pacote de paisagem.Stellarium com a nova paisagem instalada e selecionada.
Para Saber Mais.
O blog Astrocamera de Dave Kodama também descreve o procedimento de criação/instalação de paisagens. E documentação do Stellarium voltada a desenvolvedores pode ser encontrada em http://stellarium.org/doc/head/index.html
Data e Hora | Evento
2024/11/01 09h | LUA NOVA
2024/11/03 03h | Mercúrio 2.0°N da Lua
2024/11/03 22h | Antares 0.1°N da Lua (Ocultação)*
2024/11/04 20h | Vênus 3.1°N da Lua
2024/11/05 14h | Lua mais ao sul (-28.6)
2024/11/07 19h | Plutão 1.5°N da Lua
2024/11/09 02h | QUARTO CRESCENTE
2024/11/10 08h | Mercúrio 2.0°N de Antares
2024/11/10 22h | Saturno 0.1°S da Lua (Ocultação)**
2024/11/11 23h | Netuno 0.6°S da Lua (Ocultação)*
2024/11/14 08h | Lua no perigeu
2024/11/15 18h | LUA CHEIA
2024/11/15 20h | Urano 4.2°S da Lua
2024/11/15 21h | Mercúrio na máxima elongação a leste (23°)
2024/11/16 03h | Saturno estacionário
2024/11/16 23h | Urano em oposição
2024-11-16/17 | Pico da chuva de meteoros Leonídeos (ZHR = 15)
2024/11/17 11h | Júpiter 5.6°S da Lua
2024/11/18 07h | Lua mais ao norte (28.5)
2024/11/19 23h | Pólux 1.8°N da Lua
2024/11/20 19h | Marte 2.3°S da Lua
2024/11/22 20h | Regulus 2.5°S da Lua
2024/11/22 22h | QUARTO MINGUANTE
2024/11/26 00h | Mercúrio estacionário
2024/11/26 08h | Lua no apogeu
2024/11/27 09h | Spica 0.4°S da Lua (Ocultação)*
* Não visível do Brasil.
** Visível de parte do Brasil. Consulte mapa abaixo.
Os Planetas em Novembro
Passado o frenesi com a possibilidade dos cometas C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) e C/2024 S1 (ATLAS) se tornarem alvos brilhantes o suficiente para serem observados de dentro das cidades, em novembro nossos olhos se voltam para os planetas. Mercúrio, Vênus e Saturno brilham ao anoitecer, enquanto Júpiter surge no meio da noite, depois de ter reinado nas madrugadas nos últimos meses.
2024-11-032024-11-04O cair da noite dos dias 3 e 4 de novembro testemunha belos encontros no horizonte oeste, com Mercúrio, Vênus, Antares (a alfa do Escorpião) e a Lua protagonizando uma série de conjunções.[simulação no Stellarium, por Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo].
Na direção da constelação do Touro, Júpiter está em uma região do céu rica em estrelas brilhantes e em objetos de céu profundo. Ao redor do planeta gigante encontramos os aglomerados abertos Plêiades (M45) e Híades. A estrela gigante vermelha Adebaran (alfa do Touro) e o resto de supernova Nebulosa do Caranguejo (M1). Atingindo a oposição no dia 16/11, o planeta Urano também está nos limites da constelação do Touro. É a melhor oportunidade do ano para observar este gigante gelado.
NO meio da noite, no horizonte leste, Júpiter nasce escoltado por Aldebaran e Betelgeuse, duas gigantes vermelhas do céu de Verão. [simulação no Stellarium por Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo].
Nenhuma chuva de meteoros expressiva para observação no hemisfério sul tem pico de atividade em novembro. Na noite de 16 para 17 de novembro, o s Leonídeos terão seu máximo de atividade, mas além da baixa taxa horária zenital de meteoros, a Lua estará cheia, prejudicando ainda mais a observação.
Ocultação de Saturno pela Lua. Horário da conjunção: 2024-11-10T22:43h (Horário de Brasília).
Os planetas em Novembro/2024
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Os planetas e o Sol em novembro/2024. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em novembro/2024. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em novembro/2024. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Se você já usou a versão desktop do planetário virtual Stellarium, ou se já assistiu alguma sessão de planetário digital que utilizou o aplicativo, sabe que suas simulações além de envolventes possuem um imenso potencial como recurso visual para aulas e apresentações.
Mas essa experiência pode ficar ainda mais envolvente e fluida com o uso de scripts, automatizando funções e mudanças de parâmetros do aplicativo. É possível criar apresentações que são verdadeiros filmes, com transições suaves e com uma dinâmica quase vertiginosa que prende a atenção da audiência.
Para exemplificar o poder dos scripts do Stellarium, vamos juntos criar um tour pelos planetas do Sistema Solar, demonstrando algumas das principais classes de objetos acessíveis através de scripts. Vamos colocar a mão na massa?
Com a Mão na Massa!
Antes de tudo, você vai precisar ter o Stellarium instalado em sua máquina. Ele é gratuito e está disponível para os principais sistemas operacionais de desktops e laptops atuais (Linux, MacOS e Windows). Para baixar os arquivos de instalação, acesse: http://stellarium.org
Assumindo que você tenha o aplicativo instalado e tenha se familiarizado com sua interface gráfica, é hora de acessar o console para escrevermos os scripts. Use a tecla de função F12 para acessar diretamente o Script Console.
Script Console do Stellarium. Acessível pela tecla de função F12.
A partir de agora escreveremos um roteiro para nossa sessão cinema interplanetário. Precisaremos acessar funções que estão agrupadas em diferentes classes. Algumas comandam a exibição de símbolos e linhas na tela. Outras comandam os movimentos do telescópio. Outros são funções básicas do aplicativo, comandando, por exemplo, a passagem do tempo, os modos de visualização ou a seleção de objetos.
Conhecendo algumas Classes
core – Funções básicas.
LandscapeMgr – Gerenciamento de visualização da paisagem.
É possível criar iterações dentro dos scripts. A sintaxe de um loop for é:
for (i=valor inicial; i<valor final; i++)
{
comandos
}
Inicializando a apresentação
Queremos inicialmente configurar o Stellarium para a data atual e para a localização do observador, além de habilitar uma visualização em disco e sem a atmosfera. Esses parâmetros são ajustáveis atrav´s de funções das classes core e LandscapeMgr.
Ajustar data inicial.
Ajustar localização do observador.
Habilitar visualização em disco.
Desabilitar a atmosfera.
Desabilitar o cenário (landscape).
Adicionaremos antes duas variáveis para controlar a duração (em segundos) das pausas estabelecidas nas funções core.wait().
// Stellarium - Tour pelo Sistema Solar
var pausa = 3; // variavel criada para a funcao core.wait()
var pausaLonga = 6;
//ajuste de data e localizacao
core.setDate("now");
core.setObserverLocation(-45.9, -23.2, 650, 3, "São José dos Campos", "Terra");
core.setDiskViewport(true);
//ajuste da paisagem
LandscapeMgr.setFlagAtmosphere(false);
core.wait(pausa);
LandscapeMgr.setFlagLandscape(false);
Primeiro Movimentos
Agora comandaremos os primeiros movimentos de nossa apresentação. Queremos que a visualização corresponda a de um telescópio em montagem equatorial, evitando que o campo gire sempre que o objeto cruzar o meridiano local, como ocorre em telescópios em montagem altazimutal. Isso, felizmente, também pode ser configurado.
Queremos inicialmente um campo amplo, olhando para o zênite e cobrindo 180º do céu.
Configurar montagem equatorial.
Desfazer qualquer seleção de objeto pré-existente.
Em seguida vamos apontar para o primeiro objeto, inciando um loopfor para varrer toda a lista, aproximando a visualização, aguardando por um tempo e em seguida afastando a visualização e passando ao próximo objeto.
for (i=0; i<planets.length; i++)
{
objName = planets[i];
core.selectObjectByName(objName);
core.output(objName); //exibe o nome do objeto no console
StelMovementMgr.autoZoomIn(pausa);
core.wait(pausaLonga);
StelMovementMgr.zoomTo(40,8); // zoom out
core.wait(pausaLonga);
}
Já temos até aqui, um tour completo pelos maiores corpos do Sistema Solar. Você pode digitar ou colar cada um desses blocos no Script Console do seu Stellarium e executar o script para ver a magia acontecer.
É um script curto e fácil de compreender, que pode servir de ponto de partida para suas ideias mais complexas. Por sinal, talvez você tenha sentido falta de um planeta, não? Que tal criar um passo final no seu script para levar o observador até a Lua e exibir a Terra?
Hora do desafio: que tal irmos até a Lua pra dar uma olhadinha em nossa Terra?
Faixa Bônus
O próximo bloco de código é um bônus em nosso passeio. Você consegue identificar o que ele faz e integrá-lo ao seu script?
//Jupiter
var planet = "Jupiter"
core.setDate("now")
LandscapeMgr.setFlagLandscape(false);
LandscapeMgr.setFlagAtmosphere(false);
core.output(planet);
core.moveToObject(planet , 3);
core.selectObjectByName(planet)
StelMovementMgr.autoZoomIn(3);
core.output(planet);
core.wait(3);
StelMovementMgr.zoomTo(0.05, 3);
//core.wait(pausaLonga);
for (i=0; i<360; i++)
{
var data = core.getDate()
core.output(data)
core.setDate("data +0.2hours");
core.wait(0.02);
}