Data e Hora | Evento
2024/12/01 03h | LUA NOVA
2024/12/01 04h | Antares 0.0°N da Lua (Ocultação)*
2024/12/01 22h | Mercúrio 4.9°N da Lua
2024/12/02 19h | Lua mais ao sul (-28.5°)
2024/12/04 20h | Vênus 2.2°N da Lua
2024/12/05 01h | Plutão 1.2°N da Lua
2024/12/05 23h | Mercúrio em conjunção inferior
2024/12/07 11h | Vênus 0.9°N de Plutão
2024/12/07 17h | Júpiter em oposição
2024/12/07 17h | Marte estacionário
2024/12/08 05h | Saturno 0.3°S da Lua (Ocultação)*
2024/12/08 07h | Netuno estacionário
2024/12/08 12h | QUARTO CRESCENTE
2024/12/09 05h | Netuno 0.7°S da Lua (Ocultação)*
2024/12/12 10h | Lua no perigeu
2024/12/13 04h | Urano 4.1°S da Lua
2024/12/13~14 | Pico dos Geminídeos
2024/12/14 15h | Júpiter 5.4°S da Lua
2024/12/15 06h | LUA CHEIA
2024/12/15 17h | Lua mais ao norte (28.4°)
2024/12/15 19h | Mercúrio estacionário
2024/12/17 09h | Pólux 2.0°N da Lua
2024/12/18 06h | Marte 0.8°S da Lua (Ocultação)*
2024/12/20 05h | Régulo 2.2°S da Lua
2024/12/21 06h | Solstício
2024/12/22 19h | QUARTO MINGUANTE
2024/12/24 04h | Lua no apogeu
2024/12/24 17h | Spica 0.2°S da Lua (Ocultação)*
2024/12/25 06h | Mercúrio na máxima elongação a oeste (22°)
2024/12/28 12h | Antares 0.1°N da Lua (Ocultação)**
2024/12/30 01h | Lua mais ao sul (-28.4°)
2024/12/30 19h | LUA NOVA
* Não visível do Brasil.
** Visível de parte do Brasil. Consulte mapa abaixo.
Os Céu em Dezembro
O cair das noites de dezembro vem ornado com três planetas brilhantes. De oeste para leste, você encontrará em sequência Vênus, Saturno e Júpiter. Um pouco mais tarde, Marte surge seguindo o trio. Note na imagem abaixo a linha alaranjada marcando a eclíptica, o plano da órbita terrestre em torno do Sol. Como as órbitas dos maiores corpos do Sistema Solar estão todas aproximadamente neste mesmo plano, é ao longo dessa linha que você sempre encontrará os planetas. Perceba como Vênus, Saturno e Júpiter estão alinhados seguindo a eclíptica. Ao nascer, um pouco mais tarde, Marte também mantém esse alinhamento.
O céu de verão traz também uma das chuvas de meteoros mais ativas do ano, os Geminídeos, podendo atingir um pico de mais de 100 meteoros por hora entre os dias 13 e 14 de dezembro. No entanto, em 2024, a Lua cheia reduz drasticamente o número de meteoros observáveis.
Para os observadores de objetos de céu profundo, é a temporada de observar a deslumbrante M42 (a Grande Nebulosa de Órion), M31 (a Galáxia de Andrômeda) e de desfrutar a olho nu da visão dos aglomerados Plêiades e Híades, na constelação do Touro.
Os planetas em Dezembro/2024
Clique na imagem para ampliar.
Configurações do Sistema Solar em dezembro/2024
Os diagramas abaixo mostram a configuração dos planetas interiores e exteriores do Sistema Solar ao longo do mês de dezembro, em coordenadas heliocêntricas.
Coleção Introdução à Astronomia e Astrofísica (2024)
Desde 1998, a Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Atividades Espaciais (INPE) organiza o Curso de Introdução à Astronomia e Astrofísica (CIAA), voltado para professores do ensino fundamental e médio e para estudantes de graduação em Ciências Exatas.
Em suas 25 edições, o CIAA se consolidou como um importante curso de formação e atualização para professores e futuros cientistas em um ambiente imersivo, em contato com pesquisadores envolvidos em alguns dos mais importantes projetos de pesquisa e desenvolvimento em Astronomia do Brasil.
Com um conteúdo atual e abrangente, o curso desperta grande interesse por suas vagas a cada edição. Suas notas de aula são uma valiosa referência e vê-las lançadas em formato de livro, com organização do Dr. André Milone (Divisão de Astrofísica/INPE), é motivo de alegria para os interessados no tema que carecem de literatura em português.
Os três volumes da coleção Introdução à Astronomia e Astrofísica lançados nesta quinta-feira (31/10) cobrem todo o programa do CIAA e estão disponíveis gratuitamente em formato PDF. Baixe nos links abaixo:
Volume 1 – Astronomia no dia a dia, Astrofísica Observacional, O Sistema Solar, Habitabilidade Cósmica e a Possibilidade de Vida em Outros Locais do Universo.
Volume 2 – O Sol, Formação de Estrelas, A Vida das Estrelas, Estágios Finais de Estrelas
Volume 3 – Galáxias, Cosmologia, Astrofísica de Ondas Gravitacionais.
O planetário virtual Stellarium é um software gratuito e de código aberto, disponível para Linux, Mac OS e Windows, capaz de gerar visualizações realistas do céu em posições e instantes definidos pelo usuário. Essas visualizações criam uma experiência imersiva que pode ficar ainda mais interessante quando criamos uma cenário personalizado retratando uma paisagem conhecida ou seu local de observação preferido.
Paisagem personalizada do Museu Interativo de Ciências de São José dos Campos (SP) [Wandeclayt M./Céu Profundo].
Essa personalização é simples e pode ser gerada em poucos passos. É preciso ter alguma familiaridade com edição de imagens e com as funções do Stellarium, mas nenhuma ferramenta complexa é necessária.
Crie uma imagem panorâmica de 360º. Não é preciso incluir todo o céu. É possível criar a imagem fundindo duas imagens panorâmicas de 180º (ou conjuntos de imagens menores, desde que cubram os 360º de horizonte) num programa de edição de imagens (Photoshop, Gimp). Uma opção gratuita é a ferramenta de montagem de panoramas Hugin.
Remova o céu (a área do céu deve ficar transparente em um arquivo png).
A relação de aspecto da imagem deve ser 2:1. 2048×1024 funciona bem.
Crie um arquivo “landscape.ini” com os dados de sua paisagem. Este é um exemplo de arquivo:
Exemplo de arquivo landscape.ini
[landscape]
name = MIC
author = Wandeclayt M/@ceuprofundo
description = Museu Interativo de Ciências de São José dos Campos - SP - Brasil.
type = spherical
maptex = mic_sjc2k.png
angle_rotatez = 150
[location]
planet = Earth
country = Brazil
timezone = America/Sao_Paulo
latitude = -23d10'59"
longitude = -45d51'31"
altitude = 650
Você pode precisar ajustar o azimute de sua imagem para que os pontos cardeais coincidam com a paisagem. Esse ajuste pode ser feito pelo parâmetro “angle_rotatez” no arquivo landscape.ini. Depois destes passos, compacte seu arquivo de imagem png e seu arquivo landscape.ini em um único arquivo zipado. A instalação será feita a partir do arquivo zip.
Para instalar, acesse o menu de paisagens na barra esquerda da interface do Stellarium, ou use a tecla de função F4. Na aba paisagem você encontrará a opção de adicionar/remover paisagens. Selecione seu arquivo Zip e a nova paisagem será incorporada ao aplicativo.
Instalação de um novo pacote de paisagem.Stellarium com a nova paisagem instalada e selecionada.
Para Saber Mais.
O blog Astrocamera de Dave Kodama também descreve o procedimento de criação/instalação de paisagens. E documentação do Stellarium voltada a desenvolvedores pode ser encontrada em http://stellarium.org/doc/head/index.html
Data e Hora | Evento
2024/11/01 09h | LUA NOVA
2024/11/03 03h | Mercúrio 2.0°N da Lua
2024/11/03 22h | Antares 0.1°N da Lua (Ocultação)*
2024/11/04 20h | Vênus 3.1°N da Lua
2024/11/05 14h | Lua mais ao sul (-28.6)
2024/11/07 19h | Plutão 1.5°N da Lua
2024/11/09 02h | QUARTO CRESCENTE
2024/11/10 08h | Mercúrio 2.0°N de Antares
2024/11/10 22h | Saturno 0.1°S da Lua (Ocultação)**
2024/11/11 23h | Netuno 0.6°S da Lua (Ocultação)*
2024/11/14 08h | Lua no perigeu
2024/11/15 18h | LUA CHEIA
2024/11/15 20h | Urano 4.2°S da Lua
2024/11/15 21h | Mercúrio na máxima elongação a leste (23°)
2024/11/16 03h | Saturno estacionário
2024/11/16 23h | Urano em oposição
2024-11-16/17 | Pico da chuva de meteoros Leonídeos (ZHR = 15)
2024/11/17 11h | Júpiter 5.6°S da Lua
2024/11/18 07h | Lua mais ao norte (28.5)
2024/11/19 23h | Pólux 1.8°N da Lua
2024/11/20 19h | Marte 2.3°S da Lua
2024/11/22 20h | Regulus 2.5°S da Lua
2024/11/22 22h | QUARTO MINGUANTE
2024/11/26 00h | Mercúrio estacionário
2024/11/26 08h | Lua no apogeu
2024/11/27 09h | Spica 0.4°S da Lua (Ocultação)*
* Não visível do Brasil.
** Visível de parte do Brasil. Consulte mapa abaixo.
Os Planetas em Novembro
Passado o frenesi com a possibilidade dos cometas C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) e C/2024 S1 (ATLAS) se tornarem alvos brilhantes o suficiente para serem observados de dentro das cidades, em novembro nossos olhos se voltam para os planetas. Mercúrio, Vênus e Saturno brilham ao anoitecer, enquanto Júpiter surge no meio da noite, depois de ter reinado nas madrugadas nos últimos meses.
2024-11-032024-11-04O cair da noite dos dias 3 e 4 de novembro testemunha belos encontros no horizonte oeste, com Mercúrio, Vênus, Antares (a alfa do Escorpião) e a Lua protagonizando uma série de conjunções.[simulação no Stellarium, por Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo].
Na direção da constelação do Touro, Júpiter está em uma região do céu rica em estrelas brilhantes e em objetos de céu profundo. Ao redor do planeta gigante encontramos os aglomerados abertos Plêiades (M45) e Híades. A estrela gigante vermelha Adebaran (alfa do Touro) e o resto de supernova Nebulosa do Caranguejo (M1). Atingindo a oposição no dia 16/11, o planeta Urano também está nos limites da constelação do Touro. É a melhor oportunidade do ano para observar este gigante gelado.
NO meio da noite, no horizonte leste, Júpiter nasce escoltado por Aldebaran e Betelgeuse, duas gigantes vermelhas do céu de Verão. [simulação no Stellarium por Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo].
Nenhuma chuva de meteoros expressiva para observação no hemisfério sul tem pico de atividade em novembro. Na noite de 16 para 17 de novembro, o s Leonídeos terão seu máximo de atividade, mas além da baixa taxa horária zenital de meteoros, a Lua estará cheia, prejudicando ainda mais a observação.
Ocultação de Saturno pela Lua. Horário da conjunção: 2024-11-10T22:43h (Horário de Brasília).
Os planetas em Novembro/2024
Clique na imagem para ampliar.
Os planetas e o Sol em novembro/2024. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em novembro/2024. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em novembro/2024. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Se você já usou a versão desktop do planetário virtual Stellarium, ou se já assistiu alguma sessão de planetário digital que utilizou o aplicativo, sabe que suas simulações além de envolventes possuem um imenso potencial como recurso visual para aulas e apresentações.
Mas essa experiência pode ficar ainda mais envolvente e fluida com o uso de scripts, automatizando funções e mudanças de parâmetros do aplicativo. É possível criar apresentações que são verdadeiros filmes, com transições suaves e com uma dinâmica quase vertiginosa que prende a atenção da audiência.
Para exemplificar o poder dos scripts do Stellarium, vamos juntos criar um tour pelos planetas do Sistema Solar, demonstrando algumas das principais classes de objetos acessíveis através de scripts. Vamos colocar a mão na massa?
Com a Mão na Massa!
Antes de tudo, você vai precisar ter o Stellarium instalado em sua máquina. Ele é gratuito e está disponível para os principais sistemas operacionais de desktops e laptops atuais (Linux, MacOS e Windows). Para baixar os arquivos de instalação, acesse: http://stellarium.org
Assumindo que você tenha o aplicativo instalado e tenha se familiarizado com sua interface gráfica, é hora de acessar o console para escrevermos os scripts. Use a tecla de função F12 para acessar diretamente o Script Console.
Script Console do Stellarium. Acessível pela tecla de função F12.
A partir de agora escreveremos um roteiro para nossa sessão cinema interplanetário. Precisaremos acessar funções que estão agrupadas em diferentes classes. Algumas comandam a exibição de símbolos e linhas na tela. Outras comandam os movimentos do telescópio. Outros são funções básicas do aplicativo, comandando, por exemplo, a passagem do tempo, os modos de visualização ou a seleção de objetos.
Conhecendo algumas Classes
core – Funções básicas.
LandscapeMgr – Gerenciamento de visualização da paisagem.
É possível criar iterações dentro dos scripts. A sintaxe de um loop for é:
for (i=valor inicial; i<valor final; i++)
{
comandos
}
Inicializando a apresentação
Queremos inicialmente configurar o Stellarium para a data atual e para a localização do observador, além de habilitar uma visualização em disco e sem a atmosfera. Esses parâmetros são ajustáveis atrav´s de funções das classes core e LandscapeMgr.
Ajustar data inicial.
Ajustar localização do observador.
Habilitar visualização em disco.
Desabilitar a atmosfera.
Desabilitar o cenário (landscape).
Adicionaremos antes duas variáveis para controlar a duração (em segundos) das pausas estabelecidas nas funções core.wait().
// Stellarium - Tour pelo Sistema Solar
var pausa = 3; // variavel criada para a funcao core.wait()
var pausaLonga = 6;
//ajuste de data e localizacao
core.setDate("now");
core.setObserverLocation(-45.9, -23.2, 650, 3, "São José dos Campos", "Terra");
core.setDiskViewport(true);
//ajuste da paisagem
LandscapeMgr.setFlagAtmosphere(false);
core.wait(pausa);
LandscapeMgr.setFlagLandscape(false);
Primeiro Movimentos
Agora comandaremos os primeiros movimentos de nossa apresentação. Queremos que a visualização corresponda a de um telescópio em montagem equatorial, evitando que o campo gire sempre que o objeto cruzar o meridiano local, como ocorre em telescópios em montagem altazimutal. Isso, felizmente, também pode ser configurado.
Queremos inicialmente um campo amplo, olhando para o zênite e cobrindo 180º do céu.
Configurar montagem equatorial.
Desfazer qualquer seleção de objeto pré-existente.
Em seguida vamos apontar para o primeiro objeto, inciando um loopfor para varrer toda a lista, aproximando a visualização, aguardando por um tempo e em seguida afastando a visualização e passando ao próximo objeto.
for (i=0; i<planets.length; i++)
{
objName = planets[i];
core.selectObjectByName(objName);
core.output(objName); //exibe o nome do objeto no console
StelMovementMgr.autoZoomIn(pausa);
core.wait(pausaLonga);
StelMovementMgr.zoomTo(40,8); // zoom out
core.wait(pausaLonga);
}
Já temos até aqui, um tour completo pelos maiores corpos do Sistema Solar. Você pode digitar ou colar cada um desses blocos no Script Console do seu Stellarium e executar o script para ver a magia acontecer.
É um script curto e fácil de compreender, que pode servir de ponto de partida para suas ideias mais complexas. Por sinal, talvez você tenha sentido falta de um planeta, não? Que tal criar um passo final no seu script para levar o observador até a Lua e exibir a Terra?
Hora do desafio: que tal irmos até a Lua pra dar uma olhadinha em nossa Terra?
Faixa Bônus
O próximo bloco de código é um bônus em nosso passeio. Você consegue identificar o que ele faz e integrá-lo ao seu script?
//Jupiter
var planet = "Jupiter"
core.setDate("now")
LandscapeMgr.setFlagLandscape(false);
LandscapeMgr.setFlagAtmosphere(false);
core.output(planet);
core.moveToObject(planet , 3);
core.selectObjectByName(planet)
StelMovementMgr.autoZoomIn(3);
core.output(planet);
core.wait(3);
StelMovementMgr.zoomTo(0.05, 3);
//core.wait(pausaLonga);
for (i=0; i<360; i++)
{
var data = core.getDate()
core.output(data)
core.setDate("data +0.2hours");
core.wait(0.02);
}
O cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) é realmente um dos cometas mais brilhantes das últimas décadas. Como uma vantagem adicional para observadores no hemisfério sul, a passagem pelo periélio, o ponto da órbita do cometa mais próximo ao Sol, ocorreu com o cometa ao Sul da eclíptica – o plano da órbita terrestre – nos garantindo uma visão privilegiada no período de maior brilho do cometa.
Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) exibindo uma longa cauda na constelação de Leão, fotografado em uma região afastada da poluição luminosa em São José dos Campos (SP). [imagem: Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo]
A imagem que abre esta postagem foi capturada na madrugada de 02 de outubro, em São José dos Campos (SP), numa região afastada da zona urbana da cidade. Acordamos às 3 da manhã e nos deslocamos até às margens da rodovia Carvalho Pinto, para evitar a contaminação das luzes da cidade na imagem. Esse esforço garantiu que a longa cauda do cometa fosse registrada quase que preenchendo todo o campo da imagem, com uma objetiva de 85 mm.
Uma imagem inegavelmente deslumbrante, não? Mas todo esse esplendor que tem deixado eufórica a comunidade da astrofotografia está muito longe do que pode ser contemplado a olho nu.
Na verdade, encontrar o cometa tão baixo no horizonte e mergulhado nos primeiros raios do amanhecer é uma tarefa desafiadora. E se você espera uma imagem tão contrastada e brilhante quanto as que você certamente tem visto publicadas, a única coisa que vai encontrar é frustração.
Então não Vou Ver o Cometa?
Há algumas dicas para melhorar sua experiência ao observar um cometa. A primeira vale pra qualquer tipo de observação de objetos tênues no céu: afaste-se da poluição luminosa! As luzes da cidade mascaram os objetos menos luminosos ou mais difusos.
E mesmo que você se afaste em direção a áreas rurais ou zonas nas periferias da cidade, evite ter luzes fortes na vizinhança, especialmente luzes que você possa ver diretamente. Olhar para telas também vai prejudicar sua adaptação à escuridão, então deixe seu celular no bolso se quiser manter suas pupilas dilatadas.
Outro obstáculo a ser contornado é a baixa elevação do cometa sobre o horizonte. É preciso procurar locais com vista desobstruída na direção do cometa. De preferência locais que permitam ver pelo menos a partir de 5º acima do horizonte.
Mas a Iluminação Atrapalha Tanto Assim?
Na imagem abaixo é possível perceber o impacto da poluição luminosa. O brilho do céu, causado pela excessiva e mal direcionada iluminação da cidade, oculta estrelas e diminui a visibilidade do cometa. A rede de observadores de cometas COBS estima magnitude próxima a 1.5 no momento da foto.
Em um local escuro e com o cometa alto no céu, isso significaria um objeto muito brilhante! Mas no meio da cidade e com o objeto baixo, observado através de uma camada muito mais espessa da atmosfera (com o agravante da presença da fumaça das queimadas) o cometa é apenas marginalmente percebido a olho nu. E as luzes da cidade são refletidas e espalhadas pelas partículas em suspensão, deixando o céu excessivamente brilhante!
Nessas condições, o “Cometa do Século” fica reduzido a pouco mais que uma sutil manchinha que parece sumir quando olhamos diretamente para ela.
Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) fotografado sobre a cidade de São José dos Campos (SP). O cometa está a menos de 10º acima do horizonte, imerso na poluição luminosa. Apesar de exibir bom contraste e brilho na imagem, o cometa não era facilmente perceptível a olho nu. [imagem: Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo].
É preciso também saber exatamente para onde olhar! Você pode se orientar pelo mapa abaixo, ou consultar diagramas mais detalhados como os fornecidos pelo site TheSkyLive.
Configuração do Sistema Solar em Outubro de 2024, incluindo a posição do cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS). [créditos: Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo]
Configuração do Sistema Solar em Outubro de 2024, incluindo a posição do cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS). [créditos: Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo]
Configuração do Sistema Solar em Outubro de 2024, incluindo a posição do cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS). [créditos: Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo]
E com Instrumentos?
O brilho do cometa evoluiu bem após a passagem pelo periélio, mas isso não garante que ele seja facilmente perceptível a olho nu, principalmente de dentro de áreas urbanas. Mas telescópios não são os melhores instrumentos para a observação de cometas. Com os grandes aumentos e pequenos campos proporcionados pelos telescópios, vemos apenas a região ao redor do núcleo do cometa. Se você quer uma visão mais ampla, binóculos são os instrumentos ideais. Binóculos com 50 mm de abertura e 7 aumentos (identificados como 7×50) são uma boa escolha: são leves, produzem imagens luminosas e com grande campo e são relativamente baratos.
Curva de luz do cometa C/2023 A3, medida por observadores da rede COBS.
Tudo Vale a Pena (Se a Alma Não é Pequena).
Mas merecendo o título “Cometa do Século”ou não, faça um esforço para observar com seus próprios olhos o C/2023 A3 e qualquer outro cometa que esteja acessível de sua latitude. São eventos raros e cada cometa é único! Cada um destes visitantes dos confins do Sistema Solar evolui de maneiras distintas, podendo desenvolver uma ou mais caudas, com diferentes geometrias, comprimentos brilhos e composição. Sua evolução também pode ser bastante dinâmica exibindo grandes variações de brilho e erupções ou mesmo podendo se fragmentar.
E mesmo que os cometas não sejam realmente os faróis ofuscantes que os títulos das manchetes ou os posts em redes sociais querem nos fazer crer sejam, vale a pena o esforço de buscar locais e condições melhores para observar essas “manchinhas”. Pode ser uma jornada realmente trabalhosa, mas garantimos que são grandes as chances de a experiência se tão recompensadora que você sentir a tentação de se juntar definitivamente à turma da caça aos cometas!
Efemérides foram computadas usando as bibliotecas astropy e astroquery em Python e o software Occult v4.
Data e Hora | Evento
2024/09/01 09h | Mercúrio 4.6°S da Lua
2024/09/01 12h | Urano estacionário
2024/09/02 01h | Régulo 2.7°S da Lua
2024/09/02 22h | LUA NOVA
2024/09/05 02h | Mercúrio maior elongação a Oeste (18°)
2024/09/05 06h | Vênus 1.0°N da Lua (Ocultação*)
2024/09/05 11h | Lua no apogeu
2024/09/06 14h | Spica 0.5°S da Lua (Ocultação*)
2024/09/08 01h | Saturno em oposição
2024/09/09 05h | Mercúrio 0.5°N de Régulo
2024/09/10 10h | Antares 0.1°N da Lua (Ocultação*)
2024/09/11 02h | QUARTO CRESCENTE
2024/09/12 01h | Lua no ponto mais ao Sul (-28.7°)
2024/09/14 04h | Plutão 1.6°N da Lua
2024/09/17 07h | Saturno 0.3°S da Lua (Ocultação*)
2024/09/17 23h | LUA CHEIA (Eclipse)
2024/09/18 04h | Netuno 0.6°S da Lua (Ocultação*)
2024/09/18 05h | Vênus 2.4°N de Spica
2024/09/18 11h | Lua no perigeu
2024/09/20 21h | Netuno em oposição
2024/09/22 02h | Urano 4.3°S da Lua
2024/09/22 09h | Equinócio
2024/09/23 19h | Júpiter 5.8°S da Lua
2024/09/24 14h | Lua no ponto mais ao Norte (28.7°)
2024/09/24 15h | QUARTO MINGUANTE
2024/09/25 09h | Marte 4.8°S da Lua
2024/09/26 07h | Pólux 1.6°N da Lua
2024/09/27 17h | Cometa C/2023 A3 no periélio
2024/09/29 07h | Régulo 2.7°S da Lua
2024/09/30 19h | Mercúrio em conjunção superior
(*) Ocultação não visível do Brasil.
Os planetas em Setembro/2024
Posição dos planetas em setembro/2024. Clique para ampliar. [Mapa gerado em Python 3/Astropy/Matplotlib. crédito: Wandeclayt M./@ceuprofundo].
Posição dos planetas em setembro/2024. Clique para ampliar. [Mapa gerado em Python 3/Astropy/Matplotlib. crédito: Wandeclayt M./@ceuprofundo].
Posição dos planetas em setembro/2024. Clique para ampliar. [Mapa gerado em Python 3/Astropy/Matplotlib. crédito: Wandeclayt M./@ceuprofundo].
O planetário virtual Stellarium é uma poderosa e divertida ferramenta para a simulação do céu. E é possível torná-lo ainda mais poderoso e divertido através de scripts que automatizam sua execução.
Os scripts são arquivos de texto com roteiros que comandam a execução automática de funções e a alteração de configurações no Stellarium. São especialmente úteis em exibições públicas, palestras e sessões de planetário, dispensando a necessidade da interação com o operador durante a sessão e tornando muito mais suaves as transições e animações.
Quer conhecer mais esse recurso do Stellarium e criar apresentações para impressionar seu público? Então esse post é pra você.
“Hello World”
Nosso primeiro script é o clássico “Hello World”, escrevendo uma saudação na tela do aplicativo.
Usaremos o console acessível através da tecla de função F12 de seu teclado.
Console de execução de Scripts no Stellarium 0.22.2 [Wandeclayt M./@ceuprofundo]
Dentro da aba “Script” no console, vamos digitar o nosso código. O código é razoavelmente simples e você certamente vai entender os parâmetros envolvidos, mas se quiser conhecer com mais detalhes a classe LabelMgr, utilizada para escrever a mensagem na tela, consulte a documentação do Stellarium aqui.
As linhas iniciadas com “//” são comentários, e não são interpretadas como comandos.
// primeiro vamos limpar a tela, apagando rotulos que possam estar exibidos
LabelMgr.deleteAllLabels();
// criamos variaveis para cada parametro
var mensagem = "Hello World!";
var posicaoX = 200;
var posicaoY = 400;
var tamanhoFonte = 36;
var corFonte = "#FFFF00" //amarelo
// exibicao da mensagem
LabelMgr.labelScreen(mensagem, posicaoX, posicaoY, true, tamanhoFonte, corFonte);
O resultado desse script é a exibição da mensagem “Hello World” em caracteres amarelos, com tamanho 36, na posição (x=200, y=400) da tela.
Um jeito mais curto de escrever isso seria inserir os valores diretamente na função, sem o uso de variáveis. :
Você agora já deu seus primeiros passos no maravilhoso mundo dos scripts do Stellarium e é hora de descobrir um pouco mais do que esse mundo pode oferecer.
No próximo exemplo vamos automatizar algumas funções básicas, alterando seus parâmetros para visualizar a passagem meridiana do Sol em diversas latitudes no dia do equinócio de setembro de 2024.
Queremos que as funções sejam executadas em sequência e que haja um intervalo entre a execução de algumas delas.
A sequência de comandos desejada é:
Ajustar a data e hora para (“2024:09:22T12:00:00”, “local”)
Interromper passagem do tempo;
Habilitar visualização realista;
Ajustar posição para São José dos Campos (-23.22, -45.90, 650m)
Ajustar campo para 180º;
Olhar para o zênite, de frente para o sul.;
Exibir linha da eclíptica;
Exibir equador celeste;
Deslocar para a latitude de alcântara, mantendo a longitude;
Deslocar para o trópico de câncer, mantendo a longitude;
// Author: Projeto Ceu Profundo
// Version: 0.0.1
// License: Public Domain
// Name: Primeira Luz - Tarefa 1 (Equinócio de Setembro)
// Description: Exibe o Sol ao meio dia local em três latitudes diferentes.
// Made on Stellarium 0.22.2
//1. Ajustar a data e hora para ("2024:09:22T12:00:00", "local")
core.setDate("2024:09:22T12:00:00", "local");
//2. Interromper passagem do tempo;
core.setTimeRate(0);
//3. Habilitar visualização realista;
core.clear("natural");
core.wait(5) // introduz um atraso de 5 segundos até a próxima função
//4. Ajustar posição para São José dos Campos (-23.22, -45.90, 650m)
core.setObserverLocation(-45.9, -23.22, 650., 3., "São José dos Campos", "Terra");
//5. Ajustar campo para 180º;
StelMovementMgr.zoomTo(180, 2);
//6. Olhar para o zênite, de frente para o sul.;
StelMovementMgr.lookZenith();
core.wait(2) // introduz um atraso de 2 segundos até a próxima função
//7. Exibir linha da eclíptica;
GridLinesMgr.setFlagEclipticLine(true);
core.wait(2) // introduz um atraso de 2 segundos até a próxima função
//8. Exibir equador celeste;
GridLinesMgr.setFlagEquatorLine(true);
core.wait(2) // introduz um atraso de 2 segundos até a próxima função
//9. Deslocar para a latitude de alcântara, mantendo a longitude;
core.setObserverLocation(-45.9, -2.5, 10., 3., "Alcântara", "Terra");
core.wait(5) // introduz um atraso de 5 segundos até a próxima função
//10. Deslocar para o trópico de câncer, mantendo a longitude;
core.setObserverLocation(-45.9, 23.22, 10., 3., "Trópico de Câncer", "Terra");
Próximos Passos
Agora você já deve ter percebido que o céu não é o limite (#BaDumTss) para a sua criatividade na hora de escrever scripts para o Stellarium.
Os seus scripts serão tão complexos e atraentes quanto o seu repertório permitir. Familiarização com as funções e capacidades do Stellarium é a condição fundamental para automatizar essas funções e capacidades através de scripts. A documentação em http://stellarium.org/doc/head/ é bem completa e é uma grande aliada para usuários mais avançados. Mas se você quer seguir adiante sem mergulhar no manual, listamos a seguir alguns comandos úteis em um guia de referência para seus primeiros scripts.
GUIA DE REFERÊNCIA
Core (Funções Básicas)
core.clear(“natural“) – Limpa as opções de exibição. Apaga linhas, marcadores e rótulos. Exibe atmosfera e paisagem.
core.setDate(“aaaa-mm-ddThh:mm:ss”, “local/utc”) – Ajusta a data/hora. core.setDate(“now”) – Ajusta a data/hora para a data/hora atual do sistema.
core.wait(i) – Introduz uma pausa de i segundos. core.setTimeRate(i) – Ajusta a velocidade da simulação (0=tempo interrompido, 1=velocidade natural, n = tempo acelerado n vezes.) core.waitFor(“aaaa-mm-ddThh:mm:ss”, “local/utc”) – Espera até a data/hora indicada.
core.setObserverLocation(longitude, latitude, altitude, duração, nome, planeta) core.setGuiVisible(true/false) – exibe(true)/oculta(false) a interface gráfica. core.setFlagGravityLabels(true/false) – habilita/desabilita rótulos orientados com o horizonte.
core.selectConstellationByName(“constelação”) – Seleciona a constelação indicada. Use o nome da constelação em latim ou o código de três letras (ex: “Virgo” ou “Vir”). core.selectObjectByName(“nome do objeto”) – Seleciona um objeto celeste. Use a designação do objeto em um catálogo de céu profundo (NGC, Messier…), uma designação estelar (Bayer, Flamsteed, HD… ), o nome de uma constelação – em latim ou usando a designação de 3 letras da IAU – ou o nome de um planeta (em inglês).
core.moveToAltAzi(atura, azimute, duração) – aponta para a atura e azimute indicados. core.moveToObject(“nome do objeto”, duração) – aponta para um objeto celeste indicado. Use a designação do objeto em um catálogo de céu profundo (NGC, Messier…), uma designação estelar (Bayer, Flamsteed, HD… ), o nome de uma constelação – em latim ou usando a designação de 3 letras da IAU – ou o nome de um planeta (em inglês). core.moveToSelectedObject(duração) – Aponta para um objeto selecionado. http://stellarium.org/doc/head/classStelMainScriptAPI.html
LandscapeMgr (Atributos de Cenário)
LandscapeMgr.setFlagCardinalPoints(false) – exibe(true)/oculta(false) os pontos cardais. LandscapeMgr.setFlagAtmosphere(true/false) – exibe(true)/oculta(false) atmosfera.
GridLinesMgr (Atributos de Linhas)
GridLinesMgr.setFlagEquatorGrid(true/false) – exibe(true)/oculta(false) a grade equatorial. GridLinesMgr.setFlagEquatorLine(true/false) – exibe(true)/oculta(false) o equador celeste. GridLinesMgr.setFlagAzimuthalGrid(true/false) – exibe(true)/oculta(false) a grade azimutal. GridLinesMgr.setFlagEclipticLine(true/false) – exibe(true)/oculta(false) a linha da eclíptica. GridLinesMgr.setFlagMeridianLine(true/false) – exibe(true)/oculta(false) a linha do meridiano local. GridLinesMgr.setFlagCircumpolarCircles(true/false) – exibe(true)/oculta(false) círculos circumpolares. GridLinesMgr.setFlagCelestialPoles(true/false) – exibe(true)/oculta(false) os polos celestes.
ConstellationMgr.setFlagArt(true/false)– exibe(true)/oculta(false) arte das constelações. ConstellationMgr.setFlagBoundaries(true/false)– exibe(true)/oculta(false) bordas das constelações. ConstellationMgr.setFlagLines(true/false)– exibe(true)/oculta(false) linhas das constelações. ConstellationMgr.setFlagLabels(true/false)– exibe(true)/oculta(false) rótulos das onstelações.
StelMovementMgr ()
StelMovementMgr.lookZenith() – aponta para o zênite, com o Sul na parte de baixo da tela. StelMovementMgr.deselection() – desfaz a seleção de objeto. StelMovementMgr.zoomTo(campo em graus, duração) – ajusta o zoom para o campo indicado.
Efemérides foram computadas usando as bibliotecas astropy e astroquery em Python e o software Occult v4.
O Sol se põe sobre a Serra da Mantiqueira, fotografado de São José dos Campos (São Paulo) no último entardecer de julho. As manchas solares em três regiões ativas (AR 3774, 3769 e 3767) são visíveis na imagem. [Wandeclayt M./@ceuprofundo]
O Sol se põe sobre a Serra da Mantiqueira, fotografado de São José dos Campos (São Paulo) no último entardecer de julho. As manchas solares em três regiões ativas (AR 3774, 3769 e 3767) são visíveis na imagem. [Wandeclayt M./@ceuprofundo]
O Sol se põe sobre a Serra da Mantiqueira, fotografado de São José dos Campos (São Paulo) no último entardecer de julho. As manchas solares em três regiões ativas (AR 3774, 3769 e 3767) são visíveis na imagem. [Wandeclayt M./@ceuprofundo]
Data e Hora | Evento
2024-08-01 02 | Lua mais ao norte (28.5°)
2024-08-02 19 | Pollux 1.8°N da Lua
2024-08-04 04 | Mercúrio estacionário
2024-08-04 08 | LUA NOVA
2024-08-04 14 | Marte 4.9°N de Aldebarã
2024-08-05 02 | Vênus 1.0°N de Regulus
2024-08-05 18 | Regulus 2.7°S da Lua
2024-08-05 20 | Vênus 1.6°S da Lua
2024-08-07 23 | Mercúrio 5.8°S de Vênus
2024-08-08 21 | Lua no apogeu
2024-08-10 07 | Spica 0.6°S da Lua Ocultação(*)
2024-08-11/12 | Pico da chuva de meteoros Perseídeos (ZHR > 50)
2024-08-12 12 | QUARTO CRESCENTE
2024-08-14 02 | Antares 0.0°N da Lua Ocultação(*)
2024-08-14 12 | Marte 0.3°N de Júpiter
2024-08-14 12 | Mercúrio 5.2°S de Regulus
2024-08-15 16 | Lua mais ao sul (-28.5°)
2024-08-17 19 | Plutão 1.5°N da Lua
2024-08-18 22 | Mercúrio em conjunção inferior
2024-08-19 15 | LUA CHEIA
2024-08-20 23 | Saturno 0.4°S da Lua Ocultação(**)
2024-08-21 02 | Lua no perigeu
2024-08-21 18 | Netuno 0.6°S da Lua Ocultação(*)
2024-08-25 19 | Urano 4.3°S da Lua
2024-08-26 06 | QUARTO MINGUANTE
2024-08-27 08 | Júpiter 5.6°S da Lua
2024-08-27 20 | Marte 5.3°S da Lua
2024-08-27 21 | Mercúrio estacionário
2024-08-28 07 | Lua mais ao norte (28.6°)
2024-08-30 01 | Pollux 1.7°N da Lua
(*) Evento não visível do Brasil.
(**) Evento visível de parte do Brasil. Ver mapa.
Os planetas em Agosto/2024
Posição dos planetas em agosto/2024. Clique para ampliar. [Mapa gerado em Python 3/Astropy/Matplotlib. crédito: Wandeclayt M./@ceuprofundo].
Posição dos planetas em agosto/2024. Clique para ampliar. [Mapa gerado em Python 3/Astropy/Matplotlib. crédito: Wandeclayt M./@ceuprofundo].
Posição dos planetas em agosto/2024. Clique para ampliar. [Mapa gerado em Python 3/Astropy/Matplotlib. crédito: Wandeclayt M./@ceuprofundo].
Mercúrio inicia agosto visível no horizonte oeste logo após o pôr do Sol, mas a partir do dia 4 (Mercúrio estacionário) volta a se aproximar do Sol e atinge a conjunção inferior (quando o planeta encontra-se à frente do Sol, para um observador na Terra) no dia 19.
Mercúrio, Regulus (alfa leonis) e Vênus sobre a Serra da Mantiqueira, fotografados de São José dos Campos (São Paulo) em 31/07/2024. [wandeclayt m./@ceuprofundo]
Mercúrio, Regulus (alfa leonis) e Vênus sobre a Serra da Mantiqueira, fotografados de São José dos Campos (São Paulo) em 31/07/2024. [wandeclayt m./@ceuprofundo]
Mercúrio, Regulus (alfa leonis) e Vênus sobre a Serra da Mantiqueira, fotografados de São José dos Campos (São Paulo) em 31/07/2024. [wandeclayt m./@ceuprofundo]
A combinação dos movimentos orbitais de Mercúrio e da Terra faz com que o pequeno planeta aparente estar se movendo no sentido oposto ao seu movimento real durante a maior parte do mês de agosto.
Este movimento retrógrado é apenas um efeito de perspectiva: o movimento orbital real de Mercúrio corresponde à linha azul no gráfico à esquerda na imagem abaixo. A linha verde corresponde ao movimento da Terra.
Movimento orbital dos planetas em agosto/2024 em coordenadas heliocêntricas. Clique na imagem para ampliar. [ Imagem gerada com Python 3/Astroquery/Matplotlib e dados do JPL-Horizons. Crédito: Wandeclayt M./@ceuprofundo].
Movimento orbital dos planetas em agosto/2024 em coordenadas heliocêntricas. Clique na imagem para ampliar. [ Imagem gerada com Python 3/Astroquery/Matplotlib e dados do JPL-Horizons. Crédito: Wandeclayt M./@ceuprofundo].
Movimento orbital dos planetas em agosto/2024 em coordenadas heliocêntricas. Clique na imagem para ampliar. [ Imagem gerada com Python 3/Astroquery/Matplotlib e dados do JPL-Horizons. Crédito: Wandeclayt M./@ceuprofundo].
Marte e Júpiter
Marte e Júpiter protagonizam um belo encontro no dia 14/08, com os dois planetas se aproximando o suficiente para aparecerem juntos na ocular do telescópio. Abaixo, na imagem simulada do software Stellarium vemos o campo de uma ocular de 26mm num telescópio Schmidt-Cassegrain de 203 mm de diâmetro com relação focal f/10.
Conjunção Marte-Júpiter em 14 de agosto. Simulação da visão através de telescópio Schmidt-Cassegrain de 203 mm de diâmetro f/10, com ocular de 26 mm (com campo aparente de 52º). [Céu Profundo/Stellarium]
Saturno
Saturno volta timidamente ao céu da primeira metade da noite e é o palco dois grandes eventos: primeiro uma desafiadora observação na madrugada do dia 01/08: o trânsito do satélite Titã em frente ao disco do planeta. (os diagramas gerados pelo software Occult 4 estão no final deste post.
O segundo evento relevante para Saturno em agosto é uma ocultação do planeta pela Lua, na noite de 20 para 21 de agosto. Na América do Sul, a ocultação é visível na região em cinza no mapa abaixo, o que inclui a região Norte e partes das regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Horários aproximados para ocultação e reaparecimento de Saturno para cidades selecionadas na ocultação de 20 de agosto. Simulação: Stellarium [Wandeclayt M./@ceuprofundo]
Horários aproximados para ocultação e reaparecimento de Saturno para cidades selecionadas na ocultação de 20 de agosto. Simulação: Stellarium [Wandeclayt M./@ceuprofundo]
Horários aproximados para ocultação e reaparecimento de Saturno para cidades selecionadas na ocultação de 20 de agosto. Simulação: Stellarium [Wandeclayt M./@ceuprofundo]
Perseídeos
A chuva de meteoros mais popular do hemisfério norte, formada por restos do cometa 109P/Swift-Tuttle, inevitavelmente invadirá os sites de notícias com títulos chamativos. Mas é bom controlar as expectativas: para observadores no hemisfério sul esta não é uma chuva muito promissora.
O radiante ( o ponto do céu de onde a trajetória dos meteoros parece irradiar) ao norte da constelação de Perseu fica muito baixo no horizonte norte para observadores no hemisfério austral. Feita essa advertência, passar a noite sob um céu estrelado caçando meteoros é sempre uma boa experiência.
Não espere ver o mesmo número de meteoros que um observador na Europa ou na América do Norte, mas encontre um local afastado da poluição luminosa e recline-se em uma cadeira de praia o outra superfície que permita ter uma ampla visão do céu. O pico da atividade da chuva ocorre na madrugada de 11 para 12 de agosto.
Um mês repleto de encontros planetários visíveis de todo o Brasil, com um eclipse solar visível apenas no Hemisfério Norte e com o promissor cometa 12P/Pons-Brooks chegando ao periélio. Prepare a agenda para não perder nenhum dos espetáculos em cartaz no céu durante o mês de abril!
Calendário Astronômico
As efemérides foram computadas usando as bibliotecas astropy e astroquery em scripts Python e o software Occult v4.
Data Evento
2024-04-01 05h - Lua no ponto mais ao sul (-28.6°)
2024-04-01 19h - Mercúrio estacionário
2024-04-02 00h - QUARTO MINGUANTE
2024-04-03 09h - Plutão 2.1°N da Lua
2024-04-03 10h - Vênus 0.3°S de Netuno
2024-04-06 03h - Marte 1.7°N da Lua
2024-04-06 07h - Saturno 1.0°N da Lua
2024-04-07 05h - Netuno 0.3°N da Lua
2024-04-07 13h - Vênus 0.4°S da Lua
2024-04-07 14h - Lua no perigeu
2024-04-08 15h - LUA NOVA
2024-04-08 - Eclipse Solar - Não visível do Brasil.
2024-04-08 23h - Mercúrio 1.9°N da Lua
2024-04-10 16h - Júpiter 3.7°S da Lua
2024-04-10 17h - Marte 0.4°N de Saturno
2024-04-10 19h - Urano 3.4°S da Lua
2024-04-11 19h - Mercúrio em conjunção inferior.
2024-04-13 19h - Lua no ponto mais ao norte (28.6°)
2024-04-15 11h - Pollux 1.5°N da Lua
2024-04-15 16h - QUARTO CRESCENTE
2024-04-18 11h - Regulus 3.3°S da Lua
2024-04-19 07h - Mercúrio 1.7°N de Vênus
2024-04-19 23h - Lua no apogeu
2024-04-20 23h - Júpiter 0.5°S de Urano
2024-04-21 00h - Cometa 12P/Pons-Brooks no periélio.
2024-04-23 00h - Spica 1.3°S da Lua
2024-04-23 20h - LUA CHEIA
2024-04-24 05h - Mercúrio estacionário
2024-04-26 17h - Antares 0.3°S da Lua
2024-04-28 11h - Lua no ponto mais ao sul (-28.5°)
2024-04-29 01h - Marte 0.1°N de Netuno
2024-04-30 15h - Plutão 2.0°N da Lua
ABRIL NA HISTÓRIA
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7 - Missões Espaciais: Mars Odyssey foi lançada em 7 de abril de 2001.
10 - Descobertas/Eventos: Em 2019, a primeira imagem de um buraco negro foi publicada pelo Event Horizon Telescope.
10 - Missões Espaciais: BepiColombo realizou um sobrevoo da Terra em 10 de abril de 2020 aproveitando a gravidade terrestre para ganhar energia em sua jornada até Mercúrio, com entrada em órbita programada para 2025.
11 - Missões Espaciais: Apollo 13 foi lançada em 11 de abril de 1970.
12 - Astrônomos e Físicos: Charles Messier morre em Paris, em 12 de abril de 1730, aos 86 anos. Seu catálogo de objetos nebulosos é uma referência para astrônomos amadores.
12 - Missões Espaciais: STS-1 Columbia, o primeiro voo do Programa de Ônibus Espaciais da NASA, lançado em 12 de abril de 1981.
12 - Missões Espaciais: Yuri Gagarin - Vostok 1, em 12 de abril de 1961, tornou Yuri Gagarin o primeiro ser humano a viajar para o espaço.
14 - Astrônomos e Físicos: Christiaan Huygens nasceu em 14 de abril de 1629.
17 - Descobertas/Eventos: Em 2014, astrônomos anunciaram a descoberta do exoplaneta Kepler-186f. Primeiro planeta de dimensões comparadas à Terra encontrado na zona habitável de uma estrela.
23 - Astrônomos e Físicos: Max Planck nasceu em 23 de abril de 1858.
24 - Missões Espaciais: Telescópio Espacial Hubble foi lançado em 24 de abril de 1990.
25 - Astrônomos e Físicos: Guglielmo Marconi nasceu em 25 de abril de 1874.
Apesar do padre brasileiro Landell de Moura ter realizado com sucesso experimentos com telecomunicações via ondas de rádio nos primeiro anos da década de 1890, Marconi é considerado mundialmente como o pioneiro na radiotelegrafia desenvolvendo equipamentos que dariam origem a comunicação por rádio moderna.
O Cometa Pons-Brooks sobe ao palco!!
Órbita do cometa 12P/Pons-Brooks (em branco). Visualização gerada no visualizador de órbitas do sistema JPL-Horizons.
A órbita da Terra e a dos demais planetas está contida aproximadamente no mesmo plano, a eclíptica. Assim, é sempre nas proximidades dessa faixa do céu definida pela órbita terrestre que encontraremos todos os planetas e muitos dos outros objetos do Sistema Solar. É comum no entanto encontrarmos cometas com órbitas muito inclinadas em relação ao plano da eclíptica. É o caso do cometa 12P/Pons-Brooks que tem sua órbita com inclinação de 74º em relação ao plano da órbita terrestre e quase que inteiramente ao norte da eclíptica. As consequências dessa geometria e do fato de vivermos em um planeta esférico é que nos meses que antecedem o periélio, a máxima aproximação com o Sol, do 12P/Pons-Brooks, a observação é bem desfavorável para observadores no hemisfério sul.
A notícia boa é que ao atingir o periélio o 12P já estará numa posição menos desfavorável para observação abaixo do equador. Após o periélio o cometa segue em direção ao hemisfério sul celeste, permitindo que sejamos os últimos a observá-lo enquanto se afasta do Sol.
E vamos poder vê-lo a olho nu?
Certamente vai ser possível vê-lo com binóculos. A projeção de magnitude 4 ao redor do periélio coloca seu brilho bem dentro dos limites do que podemos observar a olho nu, mas cometas são objetos de brilho difuso e o 12P aparecerá próximo ao horizonte logo após o pôr do Sol nas semanas que antecedem e sucedem o periélio. O céu ainda não completamente escuro e a pequena elevação do cometa sobre o horizonte adicionam uma dificuldade extra à observação. É possível sim vê-lo a olho nu, mas busque locais com horizonte desobstruído e acompanhe nossas redes sociais para dicas de observação assim que o cometa estiver mais evidentes em nossas latitudes.
Os dados disponibilizados pelos membros da rede de observação de cometas COBS mostra a evolução do brilho do cometa 12P/Pons-Brooks e projeta magnitude 4 no período próximo ao periélio. [ fonte: https://cobs.si/home/]
Os Planetas.
Aproveite para observar o Júpiter ao anoitecer. Abril é o mês da despedida do Gigante Gasoso do céu noturno. E pelos próximos meses teremos os planetas mais brilhantes visíveis apenas durante a madrugada. Então prepare-se para cair cedo da cama se quiser acompanhar as sempre belas conjunções entre a Lua e os planetas.
Céu de São José dos Campos, às 19h do dia 7 de abril de 2024. O Norte está no topo e o Leste à esquerda. [diagrama: @ceuprofundo, gerado no Stellarium]
No diagrama abaixo vemos a evolução dos planetas e do cometa Pons-Brooks no céu durante o mês de abril. Clique na imagem para ampliar.
Planetas e cometa 12P/Pons-Brooks durante o mês de abril. Clique na imagem para ver em tamanho original. [gráfico: Wandeclayt M./Céu Profundo]
Planetas e cometa 12P/Pons-Brooks durante o mês de abril. Clique na imagem para ver em tamanho original. [gráfico: Wandeclayt M./Céu Profundo]
Planetas e cometa 12P/Pons-Brooks durante o mês de abril. Clique na imagem para ver em tamanho original. [gráfico: Wandeclayt M./Céu Profundo]
Conjunções
Ao amanhecer do dia 6 de abril, a Lua com 8% de sua face visível iluminada vai compor um belo quadro ao lado de Saturno e Marte. Mais baixo no horizonte, Vênus completa a composição. É uma bela oportunidade para emoldurar três planetas e a Lua incluindo a paisagem.
Ao amanhecer do dia 6 de abril, a Lua, com 8% de sua face visível iluminada ao lado de Saturno. [imagem: gráfico gerado no Stellarium. Wandeclayt M.]
Na madrugada de 10 de abril uma oportunidade rara de ver dois planetas através da ócular do telescópio. Se você é capaz de ver a lua inteira na ocular, poderá ver simultaneamente Marte e Saturno no mesmo campo. Na imagem abaixo simulamos no Stellarium a visão com um telescópio de 200 mm de abertura, f/6 com ocular de 26mm.
Marte e Saturno pela ocular do telescópio. Simulação no software Stellarium [ Wandeclayt M./Céu Profundo]
No dia 29 de abril o encontro é entre Marte e Netuno, com os planetas ainda mais próximos no campo da ocular. É uma boa oportunidade de identificar Netuno no céu.
Marte e Netuno no campo da ocular, em 29 de abril. Simulação no software Stellarium. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Júpiter e Urano também se cruzam no dia 20 de abril, mas com os planetas muito próximos do horizonte ao pôr do Sol.
Satélites de Júpiter
Configuração dos satélites galileanos de Júpiter durante o mês de abril. O diâmetro de Júpiter é representado pela faixa central. As curvas representam a posição aparente dos satélites em relação ao disco do planeta. Gráfico gerado em https://pds-rings.seti.org/tools/tracker3_jup.shtml