Cometa no radar: como observar o C/2024 G3 (ATLAS)

A temporada de cometas de 2025 começou cedo! O cometa C/2024 G3 (ATLAS) fez uma espetacular passagem pelo campo de visão do telescópio solar espacial SOHO entre os dias 12 e 14 de janeiro, exibindo uma magnífica cauda e nos deixando com água na boca para fazer imagens também a partir do solo.

Vídeo do Cometa C/2024 G3 (ATLAS) gerado a partir de imagens do telescópio solas espacial SOHO (NASA/ESA)

A imagem abaixo, com cores falsas, gerada a partir dos dados da câmera LASCO C3 a bordo do telescópio espacial SOHO mostra a cauda do C/2024 G3 (ATLAS) curvando-se enquanto o cometa contorna o Sol durante sua passagem pelo periélio.

Frustrando as expectativas de observadores na maior parte do Brasil, nuvens turvaram por vários dias após a passagem do cometa pelo periélio. Em São José dos Campos, apenas nesta segunda (20/1) tivemos o horizonte oeste suficientemente desobstruído para podermos imagear um dos cometas mais brilhantes do século.

Na imagem abaixo, capturada através de objetiva de 85 mm de distância focal e relação focal f/1.5, temos uma visão muito próxima do que observamos a olho nu. Sem dificuldade pudemos identificar o cometa e resolver sua cauda aproximadamente meia hora após o pôr do Sol.

Cometa C/2024 G3 (ATLAS) fotografado em São José dos Campos (SP) com objetiva de 85mm. Esta é a imagem mais próxima visão a olho nu do cometa na segunda 20/1. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo

A fotografia com teleobjetivas revela ainda mais detalhes da estrutura da cauda do cometa. A imagem abaixo, capturada através de teleobjetiva fixa de 300 mm f/2.8, num frame único, mostra a complexidade da cauda. Detalhes ainda mais sutis podem ser resolvidos através do empilhamento de múltiplos frames, quando as condições da atmosfera permitem uma sequência maior de imagens. Em nosso caso, tivemos apenas uma breve janela entre as nuvens que concentravam na direção do horizonte oeste.

Cometa C/2024 G3 (ATLAS) fotografado em São José dos Campos (SP) com objetiva de 300mm. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo

Por último, nos surpreendemos com a faixa de poeira visível através do telescópio. Em um frame único, com um leve processamento para aumento do contraste, capturado através de telescópio Schmidt Cassegrain de 203 mm f/10, pudemos capturar a imagem abaixo. A região do núcleo do cometa não é visível e pode estar oculta pela poeira.

Cometa C/2024 G3 (ATLAS) fotografado em São José dos Campos (SP) com câmera DSLR através de telescópio Schmidt Cassegrain Celestron Nexstar SE8. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo

Como encontrar o cometa?

Embora as imagens impressionem, a experiência realmente memorável é poder ver um cometa tão brilhante a olho nu. Se a meteorologia for favorável em sua localização, não perca a oportunidade de observar o C/2024 G3 (ATLAS). Para encontrá-lo, olhe na direção do poente aproximadamente meia hora após o pôr do Sol. Se tiver dificuldade para detectá-lo, tente usar a técnica da visão periférica: não olhe diretamente para a direção do cometa. Em vez disso, use o canto do olho para tentar perceber um borrão alongado no céu.

O mapa abaixo foi confeccionado para a latitude de São José dos Campos, mas pode ser utilizado em outras localidades, usando Vênus e a estrela Formalhaut como referência.

Mas se é imagem que você quer, não é só com telescópios e câmeras DSLR que podemos capturar detalhes do cometa. A imagem abaixo, registrada por nosso colaborador Matheus Queiroz no Distrito Federal é um exemplo do que podemos obter com um celular e binóculos (Adicione além dos instrumentos experiência, dedicação e paixão pela astronomia e certamente você vai acabar conseguindo resultados como esse).

Cometa C/2024 G3 (ATLAS) registrado com celular através de binóculos astronômicos. Créditos: Matheus Queiroz.

O C/2024 G3 é uma bela surpresa já no primeiro mês de 2025. Mas o ano está apenas começando e esperamos que vocês sigam nos acompanhando e compartilhando o céu que tanto nos fascina. Torcemos para que outros cometas brilhantes possam os surpreender e se juntar aos eventos previstos e que publicamos a cada mês em nosso calendário astrônomico. Mas mesmo que mais nenhum cometa salte aos nossos olhos, já tivemos um espetáculo inesquecível para iniciar o ano!

Afinal, quanto dura um ano?

Aparentemente falta pauta nas redações no final do ano. E falta também uma boa consultoria sobre astronomia, até para os grandes portais de notícia que sempre requentam e republicam a mesma matéria, fazendo confusão entre períodos orbitais distintos e alardeando, incorretamente, que o ano não acaba no dia 31 de dezembro. Mas isso levanta a questão: afinal, quanto dura um ano?

2024 acabou, e o primeiro anoitecer de 2025 em São José dos Campos (São Paulo) foi ornado pela Lua, Vênus e Saturno. [imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo]

Pra começo de conversa, o ano civil acaba sim em 31 de dezembro. O 31 de dezembro não é uma data com significado astronômico especial, mas a duração do ano obedece sim critérios astronômicos.

Uma rápida consulta nos mecanismos de busca mostram que todos os anos uma confusão sobre a duração do ano toma as manchetes dos portais de notícia.

Mas afinal qual a duração do ano.

Se queremos saber quanto dura um ano, precisamos entender um pouco do que são as órbitas planetárias.

As órbitas dos objetos do Sistema Solar são regidas pela força da gravidade. Uma força tão bem conhecida que nos permite até descobrir novos objetos apenas medindo seus efeitos.

Urano foi descoberto através de observações telescópicas por William Herschel em 1781. Mas perturbações em sua órbita revelaram que existia um outro planeta além de sua órbita. Foi assim que Netuno foi descoberto em 1846.

Trabalhando independentemente, Urbain Le Verrier na França e John Couch Adams na Inglaterra, calcularam a posição de um planeta até então desconhecido, que produziria o desvio observado na órbita de Urano.

O astrônomo John Galle, do Observatório de Berlim, encontrou o planeta que hoje conhecemos como Netuno, a apenas 1º da posição prevista por Le Verrier.

Mas décadas antes da teoria da gravitação de Newton, Johanes Kepler já havia descoberto empiricamente como os planetas se movem.

Para exemplificar, veja a órbita de Mercúrio, na imagem abaixo.

Notou que a órbita não é um círculo perfeito? Ela é levemente achatada e o Sol não fica no centro .

Esse “círculo achatado” se chama elipse e a posição do Sol é um dos “focos” dessa elipse. O ponto marcado com a letra C é o centro da elipse. E o ponto marcado como F2 é o segundo foco, onde não há nenhum objeto.

Essa geometria faz com que haja um ponto da órbita em que o planeta esteja mais próximo do Sol e um ponto em que esteja mais distante.

Esses pontos extremos possuem nomes: Periélio, quando o planeta está mais próximo do Sol. Afélio, quando está mais distante.

O Ano Anomalístico

Você pode estar pensando que essa é uma boa maneira de estabelecer quanto dura um ano. Poderíamos estabelecer que um ano é o período entre duas passagens sucessivas por um desses pontos da órbita. O periélio, por exemplo. É essa a ideia veiculada nas notícias de início de ano.

Porém, isso é algo bem difícil de perceber na prática.

É possível sim usar esse período para definir quanto dura um ano. E de fato ele é usado para definir o que chamamos de Ano Anomalístico.

Mas a órbita da Terra é muito menos achatada que a de mercúrio. E sem a ajuda de instrumentos é impossível perceber que estamos um pouco mais perto do Sol. Em 2025, o Sol passou pelo periélio no dia 4 de janeiro às 10:29h, a pouco mais de 147 milhões de km do Sol.

E você certamente não notou nada de diferente.

No dia 3 de julho, passaremos pelo ponto mais distante, o afélio, a pouco mais de 152 milhões de km. O afélio também é vítima de publicações sensacionalistas e INCORRETAS que viralizam todo ano. Mas você pode se vacinar lendo outro post aqui no blog: https://ceuprofundo.com/2022/05/21/alerta-de-boato-o-que-e-o-afelio/

Mas a verdade é que você também não vai notar a passagem pelo afélio. A diferença entre afélio e periélio é realmente muito pequena.

O Ano Sideral

Mas se a passagem do Sol pelo periélio não é uma maneira muito prática de definir quanto dura um ano, que tal usar como referência as estrelas distantes? Poderíamos medir o tempo entre dois alinhamentos sucessivos do Sol com alguma estrela fixa. Isso é algo razoavelmente fácil de determinar. E o período medido dessa forma é o que chamamos de Ano Sideral.

É sim uma boa maneira de medir o tempo. Mas talvez não tenha grandes consequências práticas. Não faz diferença se o Sol passar um pouco antes ou um pouco depois por esse alinhamento, faz?

Talvez precisemos de uma maneira de medir o ano que tenha mais impacto em nossas vidas.

O Ano Trópico

E se, em vez do periélio ou do alinhamento com alguma estrela, nossos calendários fossem sincronizados com acontecimentos astronômicos mais relevantes? Eventos que nos permitissem prever a temperatura e as chuvas. Ou que tivessem impacto em nosso planejamento para plantar, colher ou nos proteger das intempéries? Quem sabe poderíamos usar o ciclo das estações para isso? Construindo um calendário que mantém fixo o início das estações, temos controle do início da estação chuvosa, da chegada do frio ou do calor, da estiagem ou das inundações… é um calendário realmente útil e prático.

É por isso que faz todo sentido que a duração do ano civil coincida com a duração do ciclos das estações.

O Ano Trópico corresponde ao período entre dois equinócios vernais (no hemisfério sul, isso equivale ao início do outono).

Mas um ano não é um ano?

Bem… tudo seria mais fácil se a Terra fosse uma esfera perfeita. E se Lua e os outros planetas no Sistema Solar não perturbassem nossa órbita.

Mas a realidade está longe de ser uma aula de física do ensino médio, onde o professor pode propor um problema em que um elefante tem massa desprezível e desliza sem atrito sobre o asfalto…

Na prática, há efeitos que perturbam as órbitas (Júpiter, por ser o planeta mais massivo, e a Lua por estar muito perto de nós, produzem as maiores perturbações) e que fazem eixo da Terra cambalear como um pião. O resultado disso é que o ano trópico, o ano sideral e o ano anomalístico acabam tendo durações diferentes, porque esses pontos de referência se deslocam de um ano pra outro. No fim das contas, cada ano acaba tendo uma duração diferente.

A nossa escolha para a duração do ano é a que coincide com o ciclo das estações. O Ano Trópico. Então pode esquecer cada uma dessas matérias que dizem que “segundo a ciência” o ano só começa em 4 de janeiro. O ANO CIVIL NÃO É MEDIDO EM RELAÇÃO AO PERIÉLIO!

Sim, mas afinal quanto dura um ano??

Agora sim podemos falar sobre a duração de cada um desses anos.

AnoDuração Média
Sideral365,2564 dias
Anomalístico365,2596 dias
Trópico365,2422 dias
Duração média dos principais tipos de ano. [Fonte: Astronomical almanac for the year 2015 (United States Naval Observatory, United Kingdom Hydrographic Office)]

Esse tema é realmente rico, mas você pode ler mais sobre calendários e sobre a definição de cada um desses períodos no Explanatory supplement to the Astronomical almanac.

A duração média do Ano Trópico é de 365,2422 dias. Isso é um pouco menos que 365 dias e 6 horas. Mas esse pouco tem consequências… Foi isso que motivou uma mudança de calendário no ano 1582 em uma bula papal editada pelo Papa Gregório XIII.

Com o objetivo de manter a data do equinócio de março fixa, uma nova regra para adoção dos anos bissextos precisou ser estabelecida.

O calendário gregoriano.

Ao acrescentar 1 dia a cada quatro anos, correspondendo às 6 horas que excediam os 365 dias no calendário vigente (o Calendário Juliano), um erro foi acumulado deslocando a data do início da primavera do hemisfério norte (o equinócio de março).

A data do equinócio é importante no calendário do Vaticano para determinar o dia da Páscoa e o período de jejum. A Páscoa corresponde ao domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após o equinócio de março. E se a data do equinócio varia, todas essas datas móveis também se deslocam.

Na correção que resultou no calendário gregoriano, primeiro foram excluídos 10 dias do calendário: em 1582, nos países que adotaram imediatamente o calendário gregoriano, a quinta-feira 4 de outubro foi seguida pela sexta-feira 15 de outubro.

E uma nova regra para os anos bissextos foi estabelecida: 1 dia é acrescentado se o ano for divisível por 4, mas ele não é acrescentado se o ano for divisível por 100, exceto se também for divisível por 400.

Acabou se perdendo nas contas? A gente simplifica: os séculos cheios não são bissextos, exceto se forem múltiplos de 400. Ou seja: 1600 e 2000 foram bissextos. 1700, 1800 e 1900, não. Todos os outros múltiplos de 4 foram. 2100, 2200 e 2300 não serão bissextos. 2400 será. E assim por diante…

Essa correção garante que o calendário permanecerá sincronizado com o início das estações por mais de 3 milênios. É realmente uma correção muito boa, mas infelizmente não impede que influenciadores digitais e portais de notícia continuem dizendo que o ano não acabou em 31 de dezembro.

Alinhamento dos Planetas (É Raro, mas Acontece Muito!)

A Lua e seis planetas registrados simultaneamente na mesma imagem em 25 de junho de 2022. Saturno estava visível no céu, mas fora do campo da imagem. Urano e Netuno não são visíveis a olho nu. [Wandeclayt M./@ceuprofundo].

Você já deve ter esbarrado em postagens nas redes sociais alardeando um raríssimo alinhamento dos planetas que ocorreria em algum momento de 2025, não? Então esse post é pra você!

Precisamos falar um pouco sobre isso! Mas primeiro vamos esclarecer alguns conceitos astronômicos pra alinhar nossa conversa.

Alinhamento dos Planetas x Conjunção

A imagem que abre este post mostra 6 planetas e a Lua simultaneamente na mesma imagem. Saturno também estava visível no céu, mas estava fora do campo da câmera. É fácil notar que todos esses objetos estão aproximadamente sobre a mesma linha. E isso não é uma coincidência!

Os planetas Marte e Júpiter no alto da imagem, ao amanhecer, com a Lua e Vênus visíveis próximos do horizonte, sobre a Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) em São José dos Campos. Imagem registrada na madrugada de 25 de maio de 2022. [Wandeclayt M./@ceuprofundo].

Todos os planetas orbitam o Sol aproximadamente no mesmo plano, então sempre os veremos próximos da linha que conhecemos como eclíptica. A eclíptica desenha no céu, o plano da órbita terrestre em torno do Sol.

Assim, veremos sempre os planetas alinhados. Formando esse cortejo no céu. No entanto, este alinhamento dos planetas não é uma CONJUNÇÃO.

Então, o que seria uma “Conjunção“?

Conjunções entre a Lua e os planetas, como esta entre Lua e Vênus (os dois objetos mais brilhantes na imagem), registrada em 05 de outubro de 2024, na direção da constelação de Libra, não são eventos raros. Mas testemunhar este encontro no céu do maior observatório astronômico em solo brasileiro torna este um evento especial. Sobre a cúpula do telescópio Perkin-Elmer de 1,60m vemos ainda a esplendorosa região central da Via Láctea. [Wandeclayt M./@ceuprofundo]

Quando vemos um objeto do Sistema Solar na mesma direção de outro objeto, que pode ou não ser do Sistema Solar, dizemos que esses objetos estão em conjunção. Ou seja, ambos estão posicionados ao longo de nossa linha de visada. Na imagem acima, vemos uma conjunção entre Vênus e a Lua.

A cada mês, por exemplo, ao orbitar a Terra, a Lua emparelhará com cada um dos planetas e com algumas estrelas brilhantes. Em nosso calendário astronômico mensal, sempre indicamos essas conjunções entre a Lua e planetas e estrelas.

Em geral, não há nada de raro nessas conjunções, que sempre acontecem a cada mês. No entanto, em algumas ocasiões o alinhamento dos planetas com a Lua é tão perfeito que a Lua chega a ocultar o objeto mais distante, como na imagem abaixo, quando a Lua ocultou Marte na madrugada de 6 de setembro de 2020. Em 2020, duas ocultações de Marte foram visíveis de parte do Brasil.

Ocultação de Marte pela Lua em 6 de setembro de 2020, registrada através do telescópio de 0,30 m do Observatório da UNIVAP, em São José dos Campos (SP). [Wandeclayt M./@ceuprofundo]

Você agora entendeu o conceito mais importante deste post: numa conjunção, temos um alinhamento dos planetas ou de outros astros ao longo de nossa linha de visada.

Sem alinhamento dos planetas não tem nada legal pra ver no céu?

Tem muita coisa legal pra ver no céu sim! Mas o Universo é um lugar bem grande e sempre tem algo fascinante pra ser observado. Uma conjunção é certamente um belo evento, mas observar os planetas separados também é uma experiência que não dispensamos! No início de Janeiro poderemos ver a Lua pouco depois da fase nova emparelhando com Vênus e Saturno no céu.

A simulação abaixo mostra a conjunção de Lua e Vênus no anoitecer do dia 3 de janeiro. Mas a cada dia, a Lua se desloca um pouco para leste e seguirá emparelhando com cada um dos planetas. Marte, Júpiter, Saturno e Vênus seguirão visíveis durante todo o mês de Janeiro, então se é alinhamento dos planetas que você quer, que tal observar a Lua em conjunção com cada um deles?

Marte, Júpiter, Saturno, Vênus e a Lua visíveis simultaneamente no céu no dia 3 de janeiro de 2025. A linha laranja é a eclíptica, a linha que marca o plano da órbita terrestre em torno do Sol. Todos os planetas possuem órbitas em planos similares e aparecem sempre próximos à eclíptica. Simulação no software livre Stellarium. [Wandeclayt M./@ceuprofundo].

Utilizando o visualizador de órbitas do sitema Horizons do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, criamos essa visualização do sistema solar no dia 3 de janeiro, correspondendo a simulação acima. Podemos ver que os planetas orbitam aproximadamente no mesmo plano, mas que não estão alinhados.

E a moral da história?

A conclusão que podemos tirar não é exatamente uma novidade: tem muita gente falando bobagem e postando conteúdo sensacionalista sobre astronomia nas redes sociais para ganhar cliques (e dinheiro). Mas, felizmente, o Universo não precisa de sensacionalismo para ser um lugar sensacional!

Procure um lugar escuro, longe da poluição luminosa dos centros urbanos, e deleite-se com as belezas do céu. Mas nem precisa de telescópio pra isso. Um céu escuro pode revelar a olho nu dezenas de objetos de céu profundo, como nebulosas, aglomerados estelares e até algumas galáxias mais próximas.

Com binóculos a experiência é ainda mais recompensadora, mergulhando em objetos mais extensos que sequer cabem inteiros no campo da ocular de um telescópio. Inclusive, binóculos são os instrumentos ideais para a observação de cometas (permitindo que vejamos uma grande extensão de sua cauda) e de conjunções planetárias, já que é incomum que os planetas fiquem próximos o suficiente para serem vistos simultaneamente através de um telescópio.

Marte, Júpiter e o aglomerado aberto das Híades, na direção da constelação de Touro, em agosto de 2024. [Wandeclayt M./@ceuprofundo]

Calendário Astronômico: Janeiro 2025

Calendário Astronômico

Efemérides foram computadas usando as bibliotecas astropy e astroquery em Python e o software Occult v4.

Data e Hora    | Evento

2025/01/01 09h | Plutão 1.0°N da Lua (Ocultação)*
2025/01/03 13h | Vênus 1.3°N da Lua
2025/01/04 06h | Terra no periélio
2025/01/04 13h | Saturno 0.6°S da Lua (Ocultação)**
2025/01/05 11h | Netuno 1.0°S da Lua (Ocultação)
2025/01/06 20h | QUARTO CRESCENTE
2025/01/07 20h | Lua no perigeu
2025/01/09 11h | Urano 4.3°S da Lua
2025/01/10 00h | Vênus na máxima elongação a leste (47°)
2025/01/10 19h | Júpiter 5.4°S da Lua
2025/01/12 01h | Lua mais ao norte (28.5°)
2025/01/12 10h | Marte mais próximo da Terra
2025/01/13 18h | Pólux 2.1°N da Lua
2025/01/13 19h | LUA CHEIA
2025/01/14 00h | Marte 0.2°S da Lua (Ocultação)*
2025/01/15 23h | Marte em oposição
2025/01/16 14h | Régulo 2.0°S da Lua
2025/01/18 23h | Vênus 2.2°N de Saturno
2025/01/21 01h | Spica 0.1°N da Lua (Ocultação)
2025/01/21 02h | Lua no apogeu
2025/01/21 09h | Plutão em conjunção
2025/01/21 17h | QUARTO MINGUANTE
2025/01/22 18h | Marte 2.4°S de Pólux
2025/01/24 21h | Antares 0.3°N da Lua (Ocultação)
2025/01/26 10h | Lua mais ao sul (-28.5°)
2025/01/28 18h | Mercúrio 2.4°N da Lua
2025/01/28 19h | Plutão 0.9°N da Lua (Ocultação)
2025/01/29 04h | Mercúrio 1.4°N de Plutão
2025/01/29 09h | LUA NOVA
2025/01/30 15h | Urano estacionário
2025/01/31 19h | Saturno a 4° da Lua ao anoitecer.

* Não visível do Brasil.
** Visível de parte do Brasil. Consulte mapa abaixo.

O Céu em Janeiro – Destaques do Mês.

A Lua se põe no Lajedo de Soledade em Apodi – RN, enquanto a constelação de Órion ainda reina no céu de verão. Júpiter é o ponto mais brilhante no centro da imagem. 2024-12-13. [Wandeclayt M./@ceuprofundo]

Antes de tudo, vamos dizer em letras garrafais: NÃO VAI OCORRER NENHUMA MEGA CONJUNÇÃO PLANETÁRIA EM 2025! Apesar do que anda circulando em alguns perfis sensacionalistas nas redes sociais, o Sistema Solar não está passando por nenhuma configuração especial e super rara com todos os planetas em conjunção! Confira aqui a configuração do Sistema Solar no mês de Janeiro.!

Mas isso não significa que você não vai observar os planetas neste início de ano, não é? Apesar de não estarem agrupados, os planetas estão no céu e ao alcance da vista desarmada e de pequenos telescópios. Os destaques vão para os planetas Júpiter, brilhando intensamente na direção da constelação de Touro e para o planeta Marte, que atinge a oposição no dia 15 de janeiro. A oposição é o condição mais favorável para a observação de planetas com órbitas exteriores à da Terra. É quando a Terra passa entre o planeta e o Sol, fazendo com que o planeta seja visível durante toda a noite!

Vênus também brilhará em todo seu esplendor ao anoitecer, atingindo sua máxima separação do Sol no dia 10 de janeiro. Quer um desafio? Vênus estará tão brilhante que poderá inclusive ser visto a olho nu durante o dia! Tente encontrá-lo com o Sol ainda brilhante!

Além disso, um visitante dos confins do Sistema Solar vem dar as boas vindas ao ano novo. O cometa C/2024 G3 (ATLAS) passará pelo ponto de sua órbita mais próximo ao Sol no dia 13 de janeiro. É provável que ele se torne um alvo fácil para binóculos, pequenos telescópios e câmeras. Mas não podemos descartar a chance de conseguir detectá-lo a olho nu. A boa notícia é que sua posição é favorável para a observação no hemisfério sul. Confira a carta celeste mais abaixo para seguir sua trajetória durante o mês de janeiro.

Infelizmente um belo evento não poderá ser visto do Brasil: a ocultação de Saturno pela Lua em 4 de janeiro poderá ser observada de toda a Europa e de parte do norte da África ocidental. Mas para o Brasil, além de acontecer durante o dia, apenas uma estreia faixa ao norte do País está dentro da área de visibilidade da ocultação.
Ainda assim, observadores nessa faixa brasileira mais ao norte podem tentar registrar telescopicamente a ocultação. Para isso, teste alguns dias antes se você é capaz de observar Saturno com a luz do dia usando seus instrumentos. Se esse teste der certo, coloque as mãos à obra! E compartilhe conosco os resultados!

Mapa de visibilidade da ocultação de Saturno pela Lua em 4 de Janeiro de 2025. A ocultação é integralmente vista da Europa, incluindo a Península Ibérica. No Norte e parte do Nordeste do Brasil, a ocultação ocorre durante o dia. [mapa: Occult V4]

Os planetas em Janeiro/2025

Marte, Júpiter, Vênus e Saturno estarão em condições muito favoráveis para a observação durante todo o mês de Janeiro. Para observadores munidos de telescópios, Urano e Netuno também manterão um bom afastamento do Sol durante todo o mês. Vênus, Saturno, Júpiter e Marte poderão ser vistos simultaneamente no céu. Isso não é uma configuração especialmente rara e nem de longe corresponde ao super alinhamento alardeado em vídeos virais em redes sociais. Na verdade, os planetas estarão bem separados angularmente entre si, com apenas uma conjunção mútua merecendo atenção: Vênus estará a pouco mais de 2º Saturno no dia 18/01.

Para acompanhar a movimentação de todos os planetas durante o mês, clique na imagem para ampliar.

Configurações do Sistema Solar em Janeiro/2025

Os diagramas abaixo mostram a configuração dos planetas interiores e exteriores do Sistema Solar ao longo do mês de dezembro, em coordenadas heliocêntricas. Os gráficos apresentam o Sistema Solar visto do norte do plano da órbita terrestre.

Satélites de Júpiter

Configuração dos satélites galileanos em janeiro/2025 [https://pds-rings.seti.org/tools/tracker3_jup.shtml]

Anéis de Saturno

Configuração dos anéis de Saturno em 15 de novembro. [https://pds-rings.seti.org/tools/viewer3_sat.shtml]

Pesquisadores do INPE Lançam Livro Gratuito de Astronomia e Astrofísica

Coleção Introdução à Astronomia e Astrofísica (2024)

Desde 1998, a Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Atividades Espaciais (INPE) organiza o Curso de Introdução à Astronomia e Astrofísica (CIAA), voltado para professores do ensino fundamental e médio e para estudantes de graduação em Ciências Exatas.

Em suas 25 edições, o CIAA se consolidou como um importante curso de formação e atualização para professores e futuros cientistas em um ambiente imersivo, em contato com pesquisadores envolvidos em alguns dos mais importantes projetos de pesquisa e desenvolvimento em Astronomia do Brasil.

Com um conteúdo atual e abrangente, o curso desperta grande interesse por suas vagas a cada edição. Suas notas de aula são uma valiosa referência e vê-las lançadas em formato de livro, com organização do Dr. André Milone (Divisão de Astrofísica/INPE), é motivo de alegria para os interessados no tema que carecem de literatura em português.

Os três volumes da coleção Introdução à Astronomia e Astrofísica lançados nesta quinta-feira (31/10) cobrem todo o programa do CIAA e estão disponíveis gratuitamente em formato PDF. Baixe nos links abaixo:

  • Volume 1 – Astronomia no dia a dia, Astrofísica Observacional, O Sistema Solar, Habitabilidade Cósmica e a Possibilidade de Vida em Outros Locais do Universo.
  • Volume 2 – O Sol, Formação de Estrelas, A Vida das Estrelas, Estágios Finais de Estrelas
  • Volume 3 – Galáxias, Cosmologia, Astrofísica de Ondas Gravitacionais.

Calendário Astronômico – Novembro 2024

Calendário Astronômico

Efemérides foram computadas usando as bibliotecas astropy e astroquery em Python e o software Occult v4.

Eventos do Mês

Data e Hora   | Evento

2024/11/01 09h | LUA NOVA  
2024/11/03 03h | Mercúrio 2.0°N da Lua  
2024/11/03 22h | Antares 0.1°N da Lua (Ocultação)*  
2024/11/04 20h | Vênus 3.1°N da Lua  
2024/11/05 14h | Lua mais ao sul (-28.6)  
2024/11/07 19h | Plutão 1.5°N da Lua  
2024/11/09 02h | QUARTO CRESCENTE  
2024/11/10 08h | Mercúrio 2.0°N de Antares  
2024/11/10 22h | Saturno 0.1°S da Lua (Ocultação)**  
2024/11/11 23h | Netuno 0.6°S da Lua (Ocultação)*  
2024/11/14 08h | Lua no perigeu  
2024/11/15 18h | LUA CHEIA  
2024/11/15 20h | Urano 4.2°S da Lua  
2024/11/15 21h | Mercúrio na máxima elongação a leste (23°)  
2024/11/16 03h | Saturno estacionário  
2024/11/16 23h | Urano em oposição  
2024-11-16/17  | Pico da chuva de meteoros Leonídeos (ZHR = 15)
2024/11/17 11h | Júpiter 5.6°S da Lua  
2024/11/18 07h | Lua mais ao norte (28.5)  
2024/11/19 23h | Pólux 1.8°N da Lua  
2024/11/20 19h | Marte 2.3°S da Lua  
2024/11/22 20h | Regulus 2.5°S da Lua  
2024/11/22 22h | QUARTO MINGUANTE  
2024/11/26 00h | Mercúrio estacionário  
2024/11/26 08h | Lua no apogeu  
2024/11/27 09h | Spica 0.4°S da Lua (Ocultação)*

* Não visível do Brasil.
** Visível de parte do Brasil. Consulte mapa abaixo.

Os Planetas em Novembro

Passado o frenesi com a possibilidade dos cometas C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) e C/2024 S1 (ATLAS) se tornarem alvos brilhantes o suficiente para serem observados de dentro das cidades, em novembro nossos olhos se voltam para os planetas. Mercúrio, Vênus e Saturno brilham ao anoitecer, enquanto Júpiter surge no meio da noite, depois de ter reinado nas madrugadas nos últimos meses.

Na direção da constelação do Touro, Júpiter está em uma região do céu rica em estrelas brilhantes e em objetos de céu profundo. Ao redor do planeta gigante encontramos os aglomerados abertos Plêiades (M45) e Híades. A estrela gigante vermelha Adebaran (alfa do Touro) e o resto de supernova Nebulosa do Caranguejo (M1). Atingindo a oposição no dia 16/11, o planeta Urano também está nos limites da constelação do Touro. É a melhor oportunidade do ano para observar este gigante gelado.

NO meio da noite, no horizonte leste, Júpiter nasce escoltado por Aldebaran e Betelgeuse, duas gigantes vermelhas do céu de Verão. [simulação no Stellarium por Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo].

Nenhuma chuva de meteoros expressiva para observação no hemisfério sul tem pico de atividade em novembro. Na noite de 16 para 17 de novembro, o s Leonídeos terão seu máximo de atividade, mas além da baixa taxa horária zenital de meteoros, a Lua estará cheia, prejudicando ainda mais a observação.

Ocultação de Saturno pela Lua. Horário da conjunção: 2024-11-10T22:43h (Horário de Brasília).

Os planetas em Novembro/2024

Clique na imagem para ampliar.

Satélites de Júpiter

Configuração dos satélites galileanos em novembro/2024 [https://pds-rings.seti.org/tools/tracker3_jup.shtml]

Anéis de Saturno

Configuração dos anéis de Saturno em 15 de novembro. [https://pds-rings.seti.org/tools/viewer3_sat.shtml]

Stellarium: Viajando pelo Sistema Solar

Se você já usou a versão desktop do planetário virtual Stellarium, ou se já assistiu alguma sessão de planetário digital que utilizou o aplicativo, sabe que suas simulações além de envolventes possuem um imenso potencial como recurso visual para aulas e apresentações.

Mas essa experiência pode ficar ainda mais envolvente e fluida com o uso de scripts, automatizando funções e mudanças de parâmetros do aplicativo. É possível criar apresentações que são verdadeiros filmes, com transições suaves e com uma dinâmica quase vertiginosa que prende a atenção da audiência.

Para exemplificar o poder dos scripts do Stellarium, vamos juntos criar um tour pelos planetas do Sistema Solar, demonstrando algumas das principais classes de objetos acessíveis através de scripts. Vamos colocar a mão na massa?

Com a Mão na Massa!

Antes de tudo, você vai precisar ter o Stellarium instalado em sua máquina. Ele é gratuito e está disponível para os principais sistemas operacionais de desktops e laptops atuais (Linux, MacOS e Windows). Para baixar os arquivos de instalação, acesse: http://stellarium.org

Assumindo que você tenha o aplicativo instalado e tenha se familiarizado com sua interface gráfica, é hora de acessar o console para escrevermos os scripts. Use a tecla de função F12 para acessar diretamente o Script Console.

Script Console do Stellarium. Acessível pela tecla de função F12.

A partir de agora escreveremos um roteiro para nossa sessão cinema interplanetário. Precisaremos acessar funções que estão agrupadas em diferentes classes. Algumas comandam a exibição de símbolos e linhas na tela. Outras comandam os movimentos do telescópio. Outros são funções básicas do aplicativo, comandando, por exemplo, a passagem do tempo, os modos de visualização ou a seleção de objetos.

Conhecendo algumas Classes

  • core – Funções básicas.
  • LandscapeMgr – Gerenciamento de visualização da paisagem.
  • StelMovementMgr – Gerenciamento de movimento.
  • GridLinesMgr – Gerenciamento de linhas de grade.

É possível consultar a documentação detalhada dessas e de outras classes acessando: http://stellarium.org/doc/head/scripting.html

Loops

É possível criar iterações dentro dos scripts. A sintaxe de um loop for é:

for (i=valor inicial; i<valor final; i++)
{
    comandos
}

Inicializando a apresentação

Queremos inicialmente configurar o Stellarium para a data atual e para a localização do observador, além de habilitar uma visualização em disco e sem a atmosfera. Esses parâmetros são ajustáveis atrav´s de funções das classes core e LandscapeMgr.

  1. Ajustar data inicial.
  2. Ajustar localização do observador.
  3. Habilitar visualização em disco.
  4. Desabilitar a atmosfera.
  5. Desabilitar o cenário (landscape).

Adicionaremos antes duas variáveis para controlar a duração (em segundos) das pausas estabelecidas nas funções core.wait().

// Stellarium - Tour pelo Sistema Solar

var pausa = 3; // variavel criada para a funcao core.wait()
var pausaLonga = 6;
 
//ajuste de data e localizacao
core.setDate("now");
core.setObserverLocation(-45.9, -23.2, 650, 3, "São José dos Campos", "Terra");
core.setDiskViewport(true);

//ajuste da paisagem
LandscapeMgr.setFlagAtmosphere(false);
core.wait(pausa);

LandscapeMgr.setFlagLandscape(false);

Primeiro Movimentos

Agora comandaremos os primeiros movimentos de nossa apresentação. Queremos que a visualização corresponda a de um telescópio em montagem equatorial, evitando que o campo gire sempre que o objeto cruzar o meridiano local, como ocorre em telescópios em montagem altazimutal. Isso, felizmente, também pode ser configurado.

Queremos inicialmente um campo amplo, olhando para o zênite e cobrindo 180º do céu.

  1. Configurar montagem equatorial.
  2. Desfazer qualquer seleção de objeto pré-existente.
  3. Olhar para o zênite.
  4. Ajustar o zoom para 180º.
StelMovementMgr.setEquatorialMount(true);
StelMovementMgr.deselection();
StelMovementMgr.lookZenith(pausa);
core.wait(pausa);
StelMovementMgr.zoomTo(180, pausa);
core.wait(pausa);

Criando o Roteiro da Viagem.

Nossos destinos serão incluídos em uma lista que será acessada dentro de nosso script.

var planets = ["Sun", "Mercury", "Venus", "Mars", "Jupiter", "Saturn", "Uranus", "Neptune"]

Em seguida vamos apontar para o primeiro objeto, inciando um loop for para varrer toda a lista, aproximando a visualização, aguardando por um tempo e em seguida afastando a visualização e passando ao próximo objeto.

for (i=0; i<planets.length; i++)
{
	objName = planets[i];
	core.selectObjectByName(objName);
        core.output(objName); //exibe o nome do objeto no console
	StelMovementMgr.autoZoomIn(pausa);
	core.wait(pausaLonga);
	StelMovementMgr.zoomTo(40,8); // zoom out
	core.wait(pausaLonga);
}

Já temos até aqui, um tour completo pelos maiores corpos do Sistema Solar. Você pode digitar ou colar cada um desses blocos no Script Console do seu Stellarium e executar o script para ver a magia acontecer.

É um script curto e fácil de compreender, que pode servir de ponto de partida para suas ideias mais complexas. Por sinal, talvez você tenha sentido falta de um planeta, não? Que tal criar um passo final no seu script para levar o observador até a Lua e exibir a Terra?

Hora do desafio: que tal irmos até a Lua pra dar uma olhadinha em nossa Terra?

Faixa Bônus

O próximo bloco de código é um bônus em nosso passeio. Você consegue identificar o que ele faz e integrá-lo ao seu script?

//Jupiter
var planet = "Jupiter"
core.setDate("now")
LandscapeMgr.setFlagLandscape(false);
LandscapeMgr.setFlagAtmosphere(false);
core.output(planet);
core.moveToObject(planet , 3);
core.selectObjectByName(planet)
StelMovementMgr.autoZoomIn(3);
core.output(planet);
core.wait(3);
StelMovementMgr.zoomTo(0.05, 3);
//core.wait(pausaLonga);
for (i=0; i<360; i++)
{
    var data = core.getDate()
    core.output(data)
    core.setDate("data +0.2hours");
    core.wait(0.02);
}

Não Deixe o Cometa se Tornar a Frustração do Século!

O cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) é realmente um dos cometas mais brilhantes das últimas décadas. Como uma vantagem adicional para observadores no hemisfério sul, a passagem pelo periélio, o ponto da órbita do cometa mais próximo ao Sol, ocorreu com o cometa ao Sul da eclíptica – o plano da órbita terrestre – nos garantindo uma visão privilegiada no período de maior brilho do cometa.

Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) exibindo uma longa cauda na constelação de Leão, fotografado em uma região afastada da poluição luminosa em São José dos Campos (SP). [imagem: Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo]

A imagem que abre esta postagem foi capturada na madrugada de 02 de outubro, em São José dos Campos (SP), numa região afastada da zona urbana da cidade. Acordamos às 3 da manhã e nos deslocamos até às margens da rodovia Carvalho Pinto, para evitar a contaminação das luzes da cidade na imagem. Esse esforço garantiu que a longa cauda do cometa fosse registrada quase que preenchendo todo o campo da imagem, com uma objetiva de 85 mm.

Uma imagem inegavelmente deslumbrante, não? Mas todo esse esplendor que tem deixado eufórica a comunidade da astrofotografia está muito longe do que pode ser contemplado a olho nu.

Na verdade, encontrar o cometa tão baixo no horizonte e mergulhado nos primeiros raios do amanhecer é uma tarefa desafiadora. E se você espera uma imagem tão contrastada e brilhante quanto as que você certamente tem visto publicadas, a única coisa que vai encontrar é frustração.

Então não Vou Ver o Cometa?

Há algumas dicas para melhorar sua experiência ao observar um cometa. A primeira vale pra qualquer tipo de observação de objetos tênues no céu: afaste-se da poluição luminosa! As luzes da cidade mascaram os objetos menos luminosos ou mais difusos.

E mesmo que você se afaste em direção a áreas rurais ou zonas nas periferias da cidade, evite ter luzes fortes na vizinhança, especialmente luzes que você possa ver diretamente. Olhar para telas também vai prejudicar sua adaptação à escuridão, então deixe seu celular no bolso se quiser manter suas pupilas dilatadas.

Outro obstáculo a ser contornado é a baixa elevação do cometa sobre o horizonte. É preciso procurar locais com vista desobstruída na direção do cometa. De preferência locais que permitam ver pelo menos a partir de 5º acima do horizonte.

Mas a Iluminação Atrapalha Tanto Assim?

Na imagem abaixo é possível perceber o impacto da poluição luminosa. O brilho do céu, causado pela excessiva e mal direcionada iluminação da cidade, oculta estrelas e diminui a visibilidade do cometa. A rede de observadores de cometas COBS estima magnitude próxima a 1.5 no momento da foto.

Em um local escuro e com o cometa alto no céu, isso significaria um objeto muito brilhante! Mas no meio da cidade e com o objeto baixo, observado através de uma camada muito mais espessa da atmosfera (com o agravante da presença da fumaça das queimadas) o cometa é apenas marginalmente percebido a olho nu. E as luzes da cidade são refletidas e espalhadas pelas partículas em suspensão, deixando o céu excessivamente brilhante!

Nessas condições, o “Cometa do Século” fica reduzido a pouco mais que uma sutil manchinha que parece sumir quando olhamos diretamente para ela.

Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) fotografado sobre a cidade de São José dos Campos (SP). O cometa está a menos de 10º acima do horizonte, imerso na poluição luminosa. Apesar de exibir bom contraste e brilho na imagem, o cometa não era facilmente perceptível a olho nu. [imagem: Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo].

É preciso também saber exatamente para onde olhar! Você pode se orientar pelo mapa abaixo, ou consultar diagramas mais detalhados como os fornecidos pelo site TheSkyLive.

E com Instrumentos?

O brilho do cometa evoluiu bem após a passagem pelo periélio, mas isso não garante que ele seja facilmente perceptível a olho nu, principalmente de dentro de áreas urbanas. Mas telescópios não são os melhores instrumentos para a observação de cometas. Com os grandes aumentos e pequenos campos proporcionados pelos telescópios, vemos apenas a região ao redor do núcleo do cometa. Se você quer uma visão mais ampla, binóculos são os instrumentos ideais. Binóculos com 50 mm de abertura e 7 aumentos (identificados como 7×50) são uma boa escolha: são leves, produzem imagens luminosas e com grande campo e são relativamente baratos.

Curva de luz do cometa C/2023 A3, medida por observadores da rede COBS.

Tudo Vale a Pena (Se a Alma Não é Pequena).

Mas merecendo o título “Cometa do Século”ou não, faça um esforço para observar com seus próprios olhos o C/2023 A3 e qualquer outro cometa que esteja acessível de sua latitude. São eventos raros e cada cometa é único! Cada um destes visitantes dos confins do Sistema Solar evolui de maneiras distintas, podendo desenvolver uma ou mais caudas, com diferentes geometrias, comprimentos brilhos e composição. Sua evolução também pode ser bastante dinâmica exibindo grandes variações de brilho e erupções ou mesmo podendo se fragmentar.

E mesmo que os cometas não sejam realmente os faróis ofuscantes que os títulos das manchetes ou os posts em redes sociais querem nos fazer crer sejam, vale a pena o esforço de buscar locais e condições melhores para observar essas “manchinhas”. Pode ser uma jornada realmente trabalhosa, mas garantimos que são grandes as chances de a experiência se tão recompensadora que você sentir a tentação de se juntar definitivamente à turma da caça aos cometas!

Calendário Astronômico – O Céu de Agosto/2024

Calendário Astronômico

Efemérides foram computadas usando as bibliotecas astropy e astroquery em Python e o software Occult v4.

    Data e Hora   | Evento

    2024-08-01 02 | Lua mais ao norte (28.5°)
    2024-08-02 19 | Pollux 1.8°N da Lua
    2024-08-04 04 | Mercúrio estacionário
    2024-08-04 08 | LUA NOVA
    2024-08-04 14 | Marte 4.9°N de Aldebarã
    2024-08-05 02 | Vênus 1.0°N de Regulus
    2024-08-05 18 | Regulus 2.7°S da Lua
    2024-08-05 20 | Vênus 1.6°S da Lua
    2024-08-07 23 | Mercúrio 5.8°S de Vênus
    2024-08-08 21 | Lua no apogeu
    2024-08-10 07 | Spica 0.6°S da Lua Ocultação(*)
    2024-08-11/12 | Pico da chuva de meteoros Perseídeos (ZHR > 50)
    2024-08-12 12 | QUARTO CRESCENTE
    2024-08-14 02 | Antares 0.0°N da Lua Ocultação(*)
    2024-08-14 12 | Marte 0.3°N de Júpiter
    2024-08-14 12 | Mercúrio 5.2°S de Regulus
    2024-08-15 16 | Lua mais ao sul (-28.5°)
    2024-08-17 19 | Plutão 1.5°N da Lua
    2024-08-18 22 | Mercúrio em conjunção inferior
    2024-08-19 15 | LUA CHEIA
    2024-08-20 23 | Saturno 0.4°S da Lua Ocultação(**)
    2024-08-21 02 | Lua no perigeu
    2024-08-21 18 | Netuno 0.6°S da Lua Ocultação(*)
    2024-08-25 19 | Urano 4.3°S da Lua
    2024-08-26 06 | QUARTO MINGUANTE
    2024-08-27 08 | Júpiter 5.6°S da Lua
    2024-08-27 20 | Marte 5.3°S da Lua
    2024-08-27 21 | Mercúrio estacionário
    2024-08-28 07 | Lua mais ao norte (28.6°)
    2024-08-30 01 | Pollux 1.7°N da Lua

(*) Evento não visível do Brasil.
(**) Evento visível de parte do Brasil. Ver mapa.

Os planetas em Agosto/2024

Mercúrio inicia agosto visível no horizonte oeste logo após o pôr do Sol, mas a partir do dia 4 (Mercúrio estacionário) volta a se aproximar do Sol e atinge a conjunção inferior (quando o planeta encontra-se à frente do Sol, para um observador na Terra) no dia 19.


A combinação dos movimentos orbitais de Mercúrio e da Terra faz com que o pequeno planeta aparente estar se movendo no sentido oposto ao seu movimento real durante a maior parte do mês de agosto.

Este movimento retrógrado é apenas um efeito de perspectiva: o movimento orbital real de Mercúrio corresponde à linha azul no gráfico à esquerda na imagem abaixo. A linha verde corresponde ao movimento da Terra.

Marte e Júpiter

Marte e Júpiter protagonizam um belo encontro no dia 14/08, com os dois planetas se aproximando o suficiente para aparecerem juntos na ocular do telescópio. Abaixo, na imagem simulada do software Stellarium vemos o campo de uma ocular de 26mm num telescópio Schmidt-Cassegrain de 203 mm de diâmetro com relação focal f/10.

Conjunção Marte-Júpiter em 14 de agosto. Simulação da visão através de telescópio Schmidt-Cassegrain de 203 mm de diâmetro f/10, com ocular de 26 mm (com campo aparente de 52º). [Céu Profundo/Stellarium]

Saturno

Saturno volta timidamente ao céu da primeira metade da noite e é o palco dois grandes eventos: primeiro uma desafiadora observação na madrugada do dia 01/08: o trânsito do satélite Titã em frente ao disco do planeta. (os diagramas gerados pelo software Occult 4 estão no final deste post.

O segundo evento relevante para Saturno em agosto é uma ocultação do planeta pela Lua, na noite de 20 para 21 de agosto. Na América do Sul, a ocultação é visível na região em cinza no mapa abaixo, o que inclui a região Norte e partes das regiões Nordeste e Centro-Oeste.

Perseídeos

A chuva de meteoros mais popular do hemisfério norte, formada por restos do cometa 109P/Swift-Tuttle, inevitavelmente invadirá os sites de notícias com títulos chamativos. Mas é bom controlar as expectativas: para observadores no hemisfério sul esta não é uma chuva muito promissora.

O radiante ( o ponto do céu de onde a trajetória dos meteoros parece irradiar) ao norte da constelação de Perseu fica muito baixo no horizonte norte para observadores no hemisfério austral. Feita essa advertência, passar a noite sob um céu estrelado caçando meteoros é sempre uma boa experiência.

Não espere ver o mesmo número de meteoros que um observador na Europa ou na América do Norte, mas encontre um local afastado da poluição luminosa e recline-se em uma cadeira de praia o outra superfície que permita ter uma ampla visão do céu. O pico da atividade da chuva ocorre na madrugada de 11 para 12 de agosto.

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Trânsito de Titã sobre o disco de Saturno. Entrada 2024-08-01 2h (GMT-3).
Trânsito de Titã sobre o disco de Saturno. Saída 2024-08-01 5h (GMT-3).

Calendário Astronômico – O Céu de Abril/2024

Um mês repleto de encontros planetários visíveis de todo o Brasil, com um eclipse solar visível apenas no Hemisfério Norte e com o promissor cometa 12P/Pons-Brooks chegando ao periélio. Prepare a agenda para não perder nenhum dos espetáculos em cartaz no céu durante o mês de abril!

Calendário Astronômico

As efemérides foram computadas usando as bibliotecas astropy e astroquery em scripts Python e o software Occult v4.

    Data               Evento

    2024-04-01 05h - Lua no ponto mais ao sul (-28.6°)
    2024-04-01 19h - Mercúrio estacionário
    2024-04-02 00h - QUARTO MINGUANTE
    2024-04-03 09h - Plutão 2.1°N da Lua
    2024-04-03 10h - Vênus 0.3°S de Netuno
    2024-04-06 03h - Marte 1.7°N da Lua
    2024-04-06 07h - Saturno 1.0°N da Lua
    2024-04-07 05h - Netuno 0.3°N da Lua
    2024-04-07 13h - Vênus 0.4°S da Lua
    2024-04-07 14h - Lua no perigeu
    2024-04-08 15h - LUA NOVA
    2024-04-08     - Eclipse Solar - Não visível do Brasil.
    2024-04-08 23h - Mercúrio 1.9°N da Lua
    2024-04-10 16h - Júpiter 3.7°S da Lua
    2024-04-10 17h - Marte 0.4°N de Saturno
    2024-04-10 19h - Urano 3.4°S da Lua
    2024-04-11 19h - Mercúrio em conjunção inferior.
    2024-04-13 19h - Lua no ponto mais ao norte (28.6°)
    2024-04-15 11h - Pollux 1.5°N da Lua
    2024-04-15 16h - QUARTO CRESCENTE
    2024-04-18 11h - Regulus 3.3°S da Lua
    2024-04-19 07h - Mercúrio 1.7°N de Vênus
    2024-04-19 23h - Lua no apogeu
    2024-04-20 23h - Júpiter 0.5°S de Urano
    2024-04-21 00h - Cometa 12P/Pons-Brooks no periélio.
    2024-04-23 00h - Spica 1.3°S da Lua
    2024-04-23 20h - LUA CHEIA
    2024-04-24 05h - Mercúrio estacionário
    2024-04-26 17h - Antares 0.3°S da Lua
    2024-04-28 11h - Lua no ponto mais ao sul (-28.5°)
    2024-04-29 01h - Marte 0.1°N de Netuno
    2024-04-30 15h - Plutão 2.0°N da Lua


ABRIL NA HISTÓRIA

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7 - Missões Espaciais: Mars Odyssey foi lançada em 7 de abril de 2001.

10 - Descobertas/Eventos: Em 2019, a primeira imagem de um buraco negro foi publicada pelo Event Horizon Telescope.

10 - Missões Espaciais: BepiColombo realizou um sobrevoo da Terra em 10 de abril de 2020 aproveitando a gravidade terrestre para ganhar energia em sua jornada até Mercúrio, com entrada em órbita programada para 2025.

11 - Missões Espaciais: Apollo 13 foi lançada em 11 de abril de 1970.

12 - Astrônomos e Físicos: Charles Messier morre em Paris, em 12 de abril de 1730, aos 86 anos. Seu catálogo de objetos nebulosos é uma referência para astrônomos amadores.

12 - Missões Espaciais: STS-1 Columbia, o primeiro voo do Programa de Ônibus Espaciais da NASA, lançado em 12 de abril de 1981.
 
12 - Missões Espaciais: Yuri Gagarin - Vostok 1, em 12 de abril de 1961, tornou Yuri Gagarin o primeiro ser humano a viajar para o espaço.

14 - Astrônomos e Físicos: Christiaan Huygens nasceu em 14 de abril de 1629.

17 - Descobertas/Eventos: Em 2014, astrônomos anunciaram a descoberta do exoplaneta Kepler-186f. Primeiro planeta de dimensões comparadas à Terra encontrado na zona habitável de uma estrela.

23 - Astrônomos e Físicos: Max Planck nasceu em 23 de abril de 1858.

24 - Missões Espaciais: Telescópio Espacial Hubble foi lançado em 24 de abril de 1990.

25 - Astrônomos e Físicos: Guglielmo Marconi nasceu em 25 de abril de 1874.
Apesar do padre brasileiro Landell de Moura ter realizado com sucesso experimentos com telecomunicações via ondas de rádio nos primeiro anos da década de 1890, Marconi é considerado mundialmente como o pioneiro na radiotelegrafia desenvolvendo equipamentos que dariam origem a comunicação por rádio moderna.

O Cometa Pons-Brooks sobe ao palco!!

Órbita do cometa 12P/Pons-Brooks (em branco). Visualização gerada no visualizador de órbitas do sistema JPL-Horizons.

A órbita da Terra e a dos demais planetas está contida aproximadamente no mesmo plano, a eclíptica. Assim, é sempre nas proximidades dessa faixa do céu definida pela órbita terrestre que encontraremos todos os planetas e muitos dos outros objetos do Sistema Solar. É comum no entanto encontrarmos cometas com órbitas muito inclinadas em relação ao plano da eclíptica. É o caso do cometa 12P/Pons-Brooks que tem sua órbita com inclinação de 74º em relação ao plano da órbita terrestre e quase que inteiramente ao norte da eclíptica. As consequências dessa geometria e do fato de vivermos em um planeta esférico é que nos meses que antecedem o periélio, a máxima aproximação com o Sol, do 12P/Pons-Brooks, a observação é bem desfavorável para observadores no hemisfério sul.

A notícia boa é que ao atingir o periélio o 12P já estará numa posição menos desfavorável para observação abaixo do equador. Após o periélio o cometa segue em direção ao hemisfério sul celeste, permitindo que sejamos os últimos a observá-lo enquanto se afasta do Sol.

E vamos poder vê-lo a olho nu?

Certamente vai ser possível vê-lo com binóculos. A projeção de magnitude 4 ao redor do periélio coloca seu brilho bem dentro dos limites do que podemos observar a olho nu, mas cometas são objetos de brilho difuso e o 12P aparecerá próximo ao horizonte logo após o pôr do Sol nas semanas que antecedem e sucedem o periélio. O céu ainda não completamente escuro e a pequena elevação do cometa sobre o horizonte adicionam uma dificuldade extra à observação. É possível sim vê-lo a olho nu, mas busque locais com horizonte desobstruído e acompanhe nossas redes sociais para dicas de observação assim que o cometa estiver mais evidentes em nossas latitudes.

Os dados disponibilizados pelos membros da rede de observação de cometas COBS mostra a evolução do brilho do cometa 12P/Pons-Brooks e projeta magnitude 4 no período próximo ao periélio. [ fonte: https://cobs.si/home/]

Os Planetas.

Aproveite para observar o Júpiter ao anoitecer. Abril é o mês da despedida do Gigante Gasoso do céu noturno. E pelos próximos meses teremos os planetas mais brilhantes visíveis apenas durante a madrugada. Então prepare-se para cair cedo da cama se quiser acompanhar as sempre belas conjunções entre a Lua e os planetas.

Céu de São José dos Campos, às 19h do dia 7 de abril de 2024. O Norte está no topo e o Leste à esquerda. [diagrama: @ceuprofundo, gerado no Stellarium]

No diagrama abaixo vemos a evolução dos planetas e do cometa Pons-Brooks no céu durante o mês de abril. Clique na imagem para ampliar.

Conjunções

Ao amanhecer do dia 6 de abril, a Lua com 8% de sua face visível iluminada vai compor um belo quadro ao lado de Saturno e Marte. Mais baixo no horizonte, Vênus completa a composição. É uma bela oportunidade para emoldurar três planetas e a Lua incluindo a paisagem.

Ao amanhecer do dia 6 de abril, a Lua, com 8% de sua face visível iluminada ao lado de Saturno. [imagem: gráfico gerado no Stellarium. Wandeclayt M.]

Na madrugada de 10 de abril uma oportunidade rara de ver dois planetas através da ócular do telescópio. Se você é capaz de ver a lua inteira na ocular, poderá ver simultaneamente Marte e Saturno no mesmo campo. Na imagem abaixo simulamos no Stellarium a visão com um telescópio de 200 mm de abertura, f/6 com ocular de 26mm.

Marte e Saturno pela ocular do telescópio. Simulação no software Stellarium [ Wandeclayt M./Céu Profundo]

No dia 29 de abril o encontro é entre Marte e Netuno, com os planetas ainda mais próximos no campo da ocular. É uma boa oportunidade de identificar Netuno no céu.

Marte e Netuno no campo da ocular, em 29 de abril. Simulação no software Stellarium. [Wandeclayt M./Céu Profundo]

Júpiter e Urano também se cruzam no dia 20 de abril, mas com os planetas muito próximos do horizonte ao pôr do Sol.

Satélites de Júpiter

Configuração dos satélites galileanos de Júpiter durante o mês de abril. O diâmetro de Júpiter é representado pela faixa central. As curvas representam a posição aparente dos satélites em relação ao disco do planeta. Gráfico gerado em https://pds-rings.seti.org/tools/tracker3_jup.shtml