As férias acabaram, mas temos certeza que você você aproveitou nossas dicas para observar todas as belezas do calendário astronômico de julho! E o céu de agosto segue apresentando um cardápio riquíssimo de formosuras celestes observáveis a olho nu e com pequenos telescópios.
Agosto também é o mês do injustificável sensacionalismo em torno da chuva de meteoros Perseídeos. Apesar de ser uma chuva de destaque para observadores no hemisfério norte, ocorrendo durando o verão daquele hemisfério e com um radiante que favorece observadores em latitudes da Europa e da América do Norte, aqui no hemisfério sul este é um evento pouco promissor e há outras chuvas muito mais prolíficas durante o ano (spoiler: em dezembro os Geminídeos não costumam decepcionar).
CALENDÁRIO ASTRONÔMICO - AGOSTO 2025
Data e Hora | Evento
2025/08/01 09h | Quarto Crescente
2025/08/01 11h | X e V Lunares visíveis
2025/08/01 17h | Lua no apogeu
2025/08/04 01h | Antares 0.5°N da Lua
2025/08/05 10h | Lua mais ao sul (-28.5)
2025/08/08 02h | Plutão 0.0°N da Lua
2025/08/09 04h | Lua Cheia
2025/08/10 13h | Mercúrio estacionário
2025/08/12 02h | Vênus 0.9°S de Júpiter
2025/08/12 09h | Saturno 3.6°S da Lua
2025/08/12 10h | Netuno 2.5°S da Lua
2025/08/12-13 | Pico de Atividade dos Perseídeos
2025/08/14 15h | Lua no perigeu
2025/08/16 02h | Quarto Minguante
2025/08/16 15h | Urano 5.2°S da Lua
2025/08/18 12h | Lua mais ao norte (28.6)
2025/08/19 07h | Mercúrio em maior elongação a oeste (18)
2025/08/19 19h | Júpiter 4.7°S da Lua
2025/08/20 08h | Pollux 2.4°N da Lua
2025/08/20 09h | Vênus 4.7°S da Lua
2025/08/21 15h | Mercúrio 3.5°S da Lua
2025/08/23 02h | Regulus 1.2°S da Lua
2025/08/23 03h | Lua Nova
2025/08/26 11h | Marte 2.5°N da Lua
2025/08/27 10h | Spica 1.0°N da Lua
2025/08/29 11h | Lua no apogeu
2025/08/31 03h | Quarto Crescente
2025/08/31 07h | Antares 0.6°N da Lua
Destaques do Mês
Um conjunção dupla decora o céu no fim da madrugada de 12 de agosto. Júpiter e Vênus se emparelham ao nascer do Sol enquanto a Lua passa ao lado de Saturno. Na mesma madrugada, em localidades mais escuras, são grandes as possibilidade de presenciar alguns dos meteoros da chuva Perseídeos, um dia antes do pico de atividade da chuva.
Simulação do céu na madrugada de 12 de agosto gerada no software Stellarium.
E os Meteoros?
Chuvas de meteoros ocorrem quando a Terra cruza regiões de sua órbita ricas em detritos. Esses detritos entram na atmosfera sofrendo atrito e se tornando incandescentes, assumindo um aspecto muito parecido com o das estrelas, por isso são também chamados de “estrelas cadentes“. Os detritos que geram a chuva de meteoros Perseídeos são associados ao cometa 109P/Swift-Tuttle e todos os anos, por volta do dia 12 de agosto a Terra cruza essa área, proporcionando um espetáculo para observadores atentos.
Veja bem, os Perseídeos são mesmo uma chuva de meteoros bastante produtiva. Mas tem um “depende” aí. Primeiro é preciso lembrar que a condição ideal para observar uma chuva de meteoros é ter o radiante no ponto mais alto do céu, em um local escuro e sem interferência da Lua.
O radiante é o ponto de onde os meteoros parecem se originar e isso varia para cada chuva de meteoros. No caso dos Perseídeos, esse ponto se localiza na direção da constelação de Perseu. E essa é uma constelação localizada muito ao norte… ou seja, o radiante não ficará alto no céu para quem mora no hemisfério sul. Isso nos coloca numa condição bem desfavorável para observá-los.
Outro ponto importante é estar em um local afastado da poluição luminosa. Ao tentar observar meteoros numa área urbana, veremos apenas os objetos mais brilhantes. Não espere ter a sensação de estar vendo realmente uma “chuva” com dezenas de meteoros por hora se você estiver em uma região iluminada.
Por último, além da interferência da poluição luminosa temos a interferência do brilho da Lua. E em 2025, a Lua vai estar a poucos dias da Lua Cheia e vai interferir bastante!!
Em resumo, todo o alarde que você vai ver na imprensa provavelmente tem origem na tradução de matérias publicadas por veículos do hemisfério norte e fazem pouco sentido pra quem está aqui no sul.
A Lua em Agosto
O desafio mensal de observar o X e o V lunares ganham um obstáculo a mais na Lua Crescente de primeiro de agosto: essas peculiares formações estarão visíveis no início da tarde, com o céu ainda claro.
Vista simulada da Lua crescente, exibindo o X e o V lunares, com dados do satélite LRO. Simulação: NASA-SVS. Infográfico: Projeto Céu Profundo.
Em agosto, o X e o V lunares estarão visíveis na tarde de 1/8. O melhor horário para visualização é entre as 13h e as 15h.
Destaques Telescópicos no Calendário
Em agosto conseguimos repetir o cardápio do calendário de julho, com alguns dos mais fascinantes objetos de céu profundo, mas temos algumas sugestões para seu banquete astronômico telescópico. O centro da Via Láctea continua visível durante toda a noite e é em torno dessa região que encontramos algumas de nossas sugestões: a Nebulosa da Lagoa (M8) e a nebulosa da Águia (M16).
Visível a olho nu na direção da constelação de Sagitário, a nebulosa M8 é um alvo fácil para binóculos e pequenos telescópios em regiões afastadas da poluição luminosa. Embora esteja cercada por outros objetos de aspecto nebuloso, M8 se destaca por seu brilho e você não terá dificuldade de localizá-la com binóculos.
Não muito distante de M8, a Nebulosa da Águia (M16) é famosa por uma das mais célebres imagens do telescópio Hubble: os Pilares da Criação. Os Pilares são apenas um recorte da região central da nebulosa, no pequeno campo coberto pelo Hubble. Numa visão mais aberta, em telescópios de maior campo, é possível ver toda a extensão da nebulosa, como na imagem acima.
Localize no mapa abaixo cada um dos objetos que indicamos.
Mapa da região em torno do centro da Via Láctea, indicando a posição de objetos brilhantes do céu profundo. Simulação gerada no Stellarium.
Mapa do Mês
Clique no mapa para expandir. O mapa traz uma projeção retangular do céu, com o equador celeste posicionado horizontalmente no centro do gráfico. Imagine o céu como um cilindro envolvendo a Terra. O mapa apresenta esse cilindro “desenrolado”.
Os planetas e o Sol estão representados como setas, indicando seu movimento ao longo do mês em relação às estrelas ao fundo.
O Minor Planet Center (MPC), da União Astronômica Internacional (IAU), emitiu em circular a confirmação do objeto A11pl3Z como um visitante interestelar, conferindo a nomenclatura definitiva 3I/ATLAS. O objeto, no entanto, exibe características cometárias, o que lhe confere um segunda designação: C/2025 N1 (ATLAS), seguindo a regra para nomenclatura de cometas.
O diagrama abaixo mostra a trajetória e a posição atual do 3I/ATLAS, baseadas nos dados disponíveis até 2 de julho. O objeto se aproxima rapidamente, a uma velocidade de mais de 60 km/s e atingirá sua menor distância ao Sol em 29 de outubro, numa posição entre as órbitas de Marte e da Terra.
O cometa interestelar C/2025 N1 (ATLAS), ou 3I/ATLAS, recebeu suas designações definitivas do Minor Planet Center da União Astronômica Internacional.
Nossa Caçada ao 3I/ATLAS
Desnecessário dizer que o entusiasmo entre toda a comunidade de observadores é grande neste momento. E não ficamos de fora dessa euforia. A meteorologia estava desfavorável na noite de 2 de julho em São José dos Campos, mas sempre há a alternativa do uso de telescópios robóticos em sítios mais favorecidos.
Através da plataforma iTelescope, acessamos um telescópio instalado no Chile para programar uma sequência de tomada de imagens da região onde as efemérides previam a passagem do 3I/ATLAS.
A uma distância de aproximadamente 5 unidades astronômicas (1 unidade astronômica equivale à distância média entre a Terra e o Sol, ou aproximadamente 150 milhões de km) e medindo algo em torno de 20 km, a tarefa é desafiadora. Além disso, estaríamos observando uma área do céu repleta de estrelas, na direção da região mais central da Via Láctea, em busca de um objeto de brilho muito tênue ( magnitude 18). É algo um pouco mais complicado que encontrar uma agulha num palheiro (se quer mesmo achar uma agulha num palheiro, fica a dica: use um ímã).
A Detecção
E lá fomos nós, operando remotamente o telescópio T75, com 250 mm de abertura instalado em Rio Hurtado, no Chile, em busca do terceiro objeto conhecido com origem fora do nosso Sistema Solar.
Programamos 5 exposições sucessivas de 180 segundos e o resultado foi um conjunto de imagens com este aspecto:
Um par de imagens capturadas através do telescópio T75, instalado no Chile, da área em torno da posição do objeto interestelar 3I/ATLAS. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo.
No meio desse palheiro, e sem um ímã, a melhor maneira de encontrar nossa agulha é criar uma animação entre os frames, na esperança de detectar um ponto se deslocando no campo.
Com um deslocamento no céu de aproximadamente 1,3″ por minuto, seria possível, no intervalo entre as exposições, detectar o cometa como um ponto móvel.
E lá estava ele! O tímido 3I/ATLAS passeando em frente as estrelas da região central da Via Láctea.
Detecção do objeto interplanetário 3I/ATLAS em imagens capturadas com telescópio robótico remoto. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo.
Como Observar?
Com magnitude em torno de 18, esse é um alvo proibitivo para a observação visual em telescópios mais modestos, mas é possível capturá-lo com câmeras CCD.
Se você também quer se aventurar imageando este célebre visitante, o primeiro passo é encontrar sua posição no céu.
As coordenadas do objeto podem ser acessadas através do sistema JPL Horizons. Além das coordenadas celestes (Ascenção Reta e Declinação) o sistema informa parâmetros como distância, taxa de deslocamento (em segundos de arco por minuto) e magnitude estimada. Durante a primeira metade do mês de julho, transitando pelas constelações de Sagitário e Ofiúco, há uma dificuldade a mais, proporcionada pelo excesso de estrelas de nossa galáxia visível nessa região do céu. A maioria, mais brilhantes que o próprio cometa.
Mas não se intimide! Saia à caça desse visitante antes que ele acelere em seu passeio pelo Sistema Solar e nos deixe para nunca mais voltar!
Pela terceira vez na história, um objeto passando pelo Sistema Solar pode ter origem em outro sistema planetário. O objeto batizado provisoriamente como A11pl3Z é o mais recente candidato ao carimbo de rocha interestelar no passaporte.
Antes de tudo: não há qualquer risco de colisão desse objeto com a Terra! Os dados preliminares mostram sua trajetória cruzando a órbita de Marte, mas também sem se aproximar do Planeta Vermelho.
O objeto foi descoberto em observações realizadas por um telescópio da rede ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System) a partir do Chile, com magnitude aparente 18 e localizado a 4 unidades astronômicas da Terra (1 unidade astronômica é uma medida de distância equivalente à distância média da Terra ao Sol, ou aproximadamente 150 milhões de km).
Os telescópios da rede ATLAS enxergam uma grande área do céu, um campo total de 7,5°, ou o equivalente a 15 vezes o diâmetro da Lua Cheia. Isso permite uma grande cobertura do céu em sucessivas varreduras em busca de asteroides.
Em seguida aos alertas de novas detecções, outros telescópios confirmam a presença dos objetos e produzem novos dados de posição, alimentando os programas para determinação de órbitas.
A rede Deep Random Survey foi uma das que colaborou com a produção de dados de posição do A11pl3Z.
Imagem do objeto interestelar A11pl3Z capturada por telescópio da rede Deep Random Survey. Créditos: K Ly/Deep Random Survey.
Novas observações são necessárias e a astronomia amadora pode contribuir com dados de posição e brilho, ajudando a conhecer com mais precisão a órbita do A11pl3Z. Efemérides para observação do objeto podem ser geradas pelo Center for Near Earth Objects Studies (CNEOS) do Jet Propulsion Laboratory (JPL).
Dados recuperados de observações de arquivo permitiram localizar o A11pl3Z em imagens capturadas anteriormente, ajudando a refinar os parâmetros orbitais iniciais. Com os dados disponíveis na manhã de 2 de julho, é possível determinar que a máxima aproximação do objeto ao Sol ocorrerá em outubro, passando a uma distância 36% maior que a distância média da Terra ao Sol. Infelizmente, a Terra e o A11pl3Z estarão em posições diametralmente opostas, dificultando a observação do objeto durante o periélio.
Visitas Anteriores
Anteriormente, os objetos 1I/Oumuamua e 2I/Borisov também tiveram suas trajetórias traçadas com origem no espaço interestelar. Este é também um campo onde o Observatório Vera Rubin poderá contribuir aumentando o censo de objetos detectados. Sua câmera de 3200 Megapixels, durante uma primeira rodada de demonstração, descobriu impressionantes 2104 asteróides, mostrando seu potencial como um rastreador de objetos do Sistema Solar. Na imagem abaixo, um pequeno recorte de uma das primeiras imagens publicadas pelo Observatório Rubin, cada traço colorido é um asteróide detectado.
Asteróides detectados pelo Observatório Vera Rubin em campo na direção da constelação de Virgem. NSF-DOE Vera C. Rubin Observatory.
Elementos Orbitais Provisórios
Elementos Orbitais (provisórios): A11pl3Z
Perihelion 2025 Oct 29.66294 +/- 0.219 TT = 15:54:38 (JD 2460978.16294)
Epoch 2025 Jul 2.0 TT = JDT 2460858.5 Earth MOID: 0.3557 Ju: 0.2478
q 1.34709127 +/- 0.0135 Ma: 0.0199 Sa: 0.4081 AutoNEOCP
H 11.92 G 0.15 Peri. 128.10518 +/- 0.14
z -3.7599875674 +/- 0.0381 Node 322.07493 +/- 0.10
e 6.0650464 +/- 0.102 Incl. 175.10957 +/- 0.0045
106 of 108 observations 2025 June 14-July 2; mean residual 0".38
O mês traz um rara conjunção entre planetas gigantes, observável em binóculos e pequenos telescópios. Para os amantes dos objetos de céu profundo, a região do centro da Via Láctea permanece visível durante toda a noite, exibindo as coloridas joias que ornam o céu de inverno!
Data e Hora | Evento
2025/07/02 19h | Quarto Crescente
2025/07/02 22h | X e V Lunar visíveis
2025/07/03 21h | Spica 0.7°N da Lua
2025/07/03 23h | Terra no afélio
2025/07/04 02h | Mercúrio em maior elongação a leste (26°)
2025/07/04 12h | Vênus 2.4°S de Urano
2025/07/05 02h | Lua no apogeu
2025/07/05 14h | Netuno estacionário
2025/07/07 18h | Antares 0.4°N da Lua
2025/07/09 05h | Lua mais ao sul (-28.4°)
2025/07/10 20h | Lua Cheia
2025/07/11 22h | Plutão 0.0°N da Lua
2025/07/13 18h | Vênus 3.2°N de Aldebaran
2025/07/14 08h | Saturno estacionário
2025/07/16 07h | Saturno 3.4°S da Lua
2025/07/16 08h | Netuno 2.4°S da Lua
2025/07/17 07h | Mercúrio estacionário
2025/07/18 00h | Quarto Minguante
2025/07/20 11h | Urano 5.0°S da Lua
2025/07/20 13h | Lua no perigeu
2025/07/22 09h | Lua mais ao norte (28.5°)
2025/07/23 04h | Júpiter 4.9°S da Lua
2025/07/24 04h | Pollux 2.5°N da Lua
2025/07/24 19h | Lua Nova
2025/07/25 06h | Plutão em oposição
2025/07/26 21h | Regulus 1.2°S da Lua
2025/07/28 18h | Marte 1.1°N da Lua
2025/07/31 05h | Spica 0.9°N da Lua
2025/07/31 23h | Mercúrio em conjunção inferior
Destaques do Mês
A Lua em Julho
Um desafio mensal para os observadores da Lua é o registro de duas curiosas formações, visíveis somente durante algumas horas nas proximidades do início da fase crescente.
O X e o V lunares são uma peculiar combinação de luzes e sombras produzidas pelo relevo lunar quando a luz do Sol incide sobre elas no ângulo correto. É possível observar e registrar esses marcos no relevo com pequenos telescópios, mas é preciso estar atento ao horário da observação.
Vista simulada da Lua em 2025-07-02 22h, com dados do satélite LRO. Simulação: NASA-SVS. Infográfico: Projeto Céu Profundo.
Em julho, o X e o V lunares estarão visíveis na noite de 2/7. O melhor horário para visualização é entre as 22h e a meia-noite.
Um Encontro Raro
Saturno protagoniza ao lado de Netuno um dueto raro durante todo o mês de julho. Utilizando binóculos ou um pequeno telescópio com baixo aumento, será possível observar ambos os planetas simultaneamente.
Os planetas exteriores movem-se lentamente em suas órbitas pelo Sistema Solar. Saturno completa uma volta aproximadamente a cada 30 anos. Netuno, ainda mais distante do Sol, tem um período orbital de longos 163 anos. Mas atenção, coloque na agenda!! Com esse lento movimento, o próximo alinhamento entre Saturno e Netuno ocorrerá apenas em 2061! Mas não adianta deixar pra observar em 2061. Apesar do encontro ser ainda mais cerrado, com os planetas a uma distância aparente de apenas 7 minutos de arco (isso equivale a um quarto do diâmetro aparente da Lua Cheia), ele ocorre ao amanhecer com o céu já claro.
Saturno e Netuno poderão ser observados simultaneamente pela ocular do telescópio durante todo o mês de Julho. Simulação gerado no Stellarium 25.1 por Wandeclayt Melo/@ceuprofundo.
Este o tipo de evento ideal para observação com binóculos, instrumentos que apresentam um grande e luminoso campo de visão. Ao observar com telescópio, lembre que o afastamento entre Saturno e Netuno será de aproximadamente 1°, o equivalente a duas vezes o diâmetro da Lua. Por isso, é preciso usar ampliações fracas. Use sua ocular mais longa nessa observação. O campo que simulamos aqui é de um pequeno telescópio de 80 mm de abertura e 400 mm de distância focal, com ocular de 26 mm. Abaixo, compare a aparência do campo observando a Lua e a conjunção.
Saturno e Netuno no campo da ocular durante a conjunção.A Lua crescente observada com a mesma configuração de ampliação no telescópio.
O Veloz Mensageiro
Mercúrio recebe seu nome do veloz deus romano, mensageiro dos deuses do Olimpo. E a velocidade de Mercúrio estará evidente no mês de julho. No dia 4 de julho, o pequeno planeta estará em condições ideais para observação, atingindo sua máxima elongação a leste. Neste ponto, o planeta estará em seu máximo afastamento do Sol ao anoitecer. Ainda assim, ele não é um alvo tão fácil. É preciso ter um horizonte desobstruído para observá-lo sobre o horizonte oeste após o pôr do Sol.
Mas logo após a elongação, Mercúrio volta a mergulhar em direção ao poente e voltará a se alinhar com o Sol, na configuração que chamamos de conjunção inferior (quando mercúrio se posiciona entre a Terra e o Sol) no dia 31.
Destaques Telescópicos
Se a meteorologia ajudar, seu telescópio também pode não tirar férias em julho. E tem objeto pra todo gosto e todo tamanho de telescópio.
O mapa abaixo mostra a região das constelações do Escorpião e de Sagitário. Esse é um verdadeiro parque de diversões para pequenos telescópios e binóculos. Vamos levar você agora por um pequeno tour por 6 objetos do catálogo Messier, passando por aglomerados estelares abertos, aglomerados globulares e nebulosas!
Região central da Via Láctea, rica em objetos de céu profundo, na direção das constelações de Sagitário e Escorpião. Créditos: Stellarium/Wandeclayt M.
Aglomerados Abertos
A primeira dica é um par de aglomerados estelares abertos, facilmente localizáveis, na direção da cauda da constelação do escorpião. Os objetos M6 e M7, também conhecidos por seus apelidos Aglomerado da Borboleta e Aglomerado de Ptolomeu são um baú do tesouro de estrelas coloridas. As imagens abaixo foram capturadas com um telescópio inteligente Seestar S50 e são muito similares ao que se pode ver através da ocular de um pequeno telescópio:
Aglomerado Aberto M6Aglomerado Aberto M7
Aglomerados Globulares
Aglomerados abertos são compostos por estrelas jovens, somando de algumas dezenas até poucas centenas de estrelas. Mas há aglomerados muito mais ricos: os aglomerados globulares! Esses são verdadeiros fósseis de uma época em que a matéria prima para formar estrelas era muito mais abundante em nossa galáxia. Aglomerados globulares podem chegar a agregar mais de um milhão de estrelas, todas ligadas gravitacionalmente entre si. Na constelação do escorpião você pode encontrar facilmente os aglomerados M4 e M80. Os aglomerados globulares parecem pequenos amontoados de sal sobre um pano preto, se seu telescópio tiver abertura suficiente para resolver individualmente as estrelas. Em instrumentos menores, eles se parecem com pequenos borrões desfocados.
Nebulosas
E por fim, vem o desafio maior! As nebulosas na direção de Escorpião e Sagitário são belíssimas, mas também são as mais vulneráveis ao terror da poluição luminosa. Observadores em centros urbanos terão dificuldade para resolver essas pequenas manchinhas na ocular dos seus telescópios em meio ao excesso de luz lançado ao céu. Outro lembrete é que mesmo em condições ideais, esses objetos não emitem luz suficiente para que possamos perceber cor ao observá-los. É sempre possível fazer imagens que registrem suas nuances de cor, mas com o olho na ocular, não passarão de nuvenzinhas acinzentadas difusas (mas ainda assim fascinantes).
Mapa do Mês
Clique no mapa para expandir. O mapa traz uma projeção retangular do céu, com o equador celeste posicionado horizontalmente no centro do gráfico. Imagine o céu como um cilindro envolvendo a Terra. O mapa apresenta esse cilindro “desenrolado”.
Os planetas e o Sol estão representados como setas, indicando seu movimento ao longo do mês em relação às estrelas ao fundo.
Esqueça os alarmistas (e falsos) anúncios de raríssimos alinhamentos dos planetas que congestionam as redes sociais e fique de olho no que realmente está embelezando os céus em junho!
Este post complementa nosso calendário mensal de eventos astronômicos e traz dicas para observação dos planetas e da Lua na segunda metade de junho de 2025.
Mercúrio
O planeta Mercúrio pode ser considerado uma visão rara, afinal ele se afasta muito pouco do Sol e precisa de céus limpos e visão desobstruída do horizonte a oeste para que possa ser observado, condições que poucas cidades oferecem. Mas para quem tem o privilégio de ter um horizonte visível no pôr do Sol da segunda quinzena de junho, Mercúrio estará ornando o entardecer. E nós já fizemos nossa captura no fim da tarde do dia 16 de junho enquanto o planeta compunha a cena com as estrelas castor e Póllux na constelação de Gêmeos:
Mercúrio visível ao entardecer em são José dos Campos. Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
Marte
Entre os dias 16 e 18 de junho, Marte visita a estrela Regulus, a mais brilhante na constelação de Leão. Fique de olho na primeira metade da noite enquanto o planeta vermelho chama a atenção pela proximidade com Regulus.
A imagem abaixo foi capturada na noite de 16 de junho em São José dos Campos e mostra Marte próximo do coração do Leão.
Marte na constelação do Leão e em conjunção com Regulu, fotografado em são José dos Campos. Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
A Lua
Ao se encaminhar para a fase minguante, a Lua permanece visível no céu durante as manhãs. Lembre de procurar nosso satélite no céu matutino para começar o dia com uma inspiradora visão. Um bom café a visão da Lua são nossa receita para começar bem o dia.
Lua matutina com 75% de sua face visível iluminada, fotografada na manhã de 16 de junho de 2025 em São José dos Campos. Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
Júpiter
Júpiter se aproxima da conjunção com o Sol, o ponto em que o Planeta Gigante passará por trás do Sol. A proximidade aparente de Júpiter com o Sol nos dias que antecedem e sucedem a conjunção nos impedem de observá-lo, mas um telescópio especial consegue acompanhá-lo nesse período: o SOHO (Solar and Heliospheric Observatory) é um telescópio espacial das agências NASA e ESA dedicado a observação solar.
Um de seus instrumentos, o LASCO (Large Angle and Spectrometric COronograph), produz um ‘eclipse artificial‘ ocultando o disco solar e permitindo a observação da região conhecida como coroa solar e de objetos transitando no campo.
Foi nas imagens do Lasco, acessadas pela plataforma Helioviewer, que buscamos Júpiter na manhã do dia 17 de junho para trazê-lo aqui:
A imagem acima é uma composição das imagens de dois telescópios. Em azul vemos o campo do coronógrafo LASCO, do telescópio SOHO. Em vermelho vemos o Sol em ultravioleta, observado pelo telescópio SDO.
Chega o inverno no hemisfério sul e, com ele, um espetáculo celeste a olho nu que permanece visível durante toda a noite!
Em locais escuros, afastados da poluição luminosa das zonas urbanas, é possível contemplar uma faixa clara que corta o céu de horizonte a horizonte: o plano de nossa galáxia, a Via Láctea. O caminho leitoso cujo nome se origina na mitologia clássica, onde conta-se que o leite de Hera, esposa de Zeus, espalhou-se pelo céu quando ela afastou o recém nascido Hércules, um dos muitos filhos de Zeus fora do casamento, que alimentava-se em seu peito.
A Via Láctea adorna o telescópio Perkin Elmer de 1,60 m no Observatório do Pico dos Dias, em Brazópolis – MG. Este é o maior telescópio em solo Brasileiro e é mantido e administrado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA). Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
O plano da Via Láctea, além de ornar o céu para a observação a olho nu, traz também uma grande concentração de objetos de céu profundo brilhantes, como aglomerados estelares e nebulosas. Particularmente, na direção do centro de nossa galáxia, na região das constelações de Escorpião e Sagitário, é possível se deleitar por noites a fio explorando a riqueza dos campos telescópicos. Experimente observar com binóculos ou com aumentos fracos em telescópios, proporcionando um campo mais largo que permita observar os objetos completamente dentro do campo.
Explorando o Centro Galáctico
As constelações de Escorpião e Sagitário são um verdadeiro baú do tesouro. Mas por sorte essas joias não estão escondidas e qualquer pequeno telescópio pode revelar o brilho dessas gemas do céu austral!
A área em verde na carta celeste acima delimita a constelação do Escorpião. Uma área rica em estrelas brilhantes e objetos de céu profundo, como os aglomerados abertos M6 e M7 e os aglomerados globulares M4 e M80. Objetos ao alcance de binóculos e pequenos telescópios. Carta gerado no software Cartes du Ciel/Sky
Visível a olho nu como uma pequena mancha esfumaçada próximo ao rabo do Escorpião (veja mapa acima) o aglomerado M6 surpreende ao ser observado na ocular do telescópio! Dezenas de estrelas, variando em coloração, desenham uma borboleta! Exercite sua imaginação tentando desenhar a borboleta nesta imagem capturada com um pequeno telescópio de 50mm de abertura.
Depois de ter passado pelo teste de imaginação com o Aglomerado da Borboleta, o desafio é encontrar na ocular uma região esfumaçada e concentrada, que olhos mais acostumados logo identificarão como um aglomerado globular: M4.
Acompanhe as próximas postagens aqui no blog para um guia com mais objetos de céu profundo do céu de inverno!
O Inverno Está Chegando
Na noite do dia 20 de junho, às 23:42, o Sol atinge o ponto mais ao norte em sua trajetória aparente, dando início ao inverno no hemisfério sul (e ao verão no hemisfério norte).
Com noites mais longas para os observadores ao sul da linha do equador e com o centro da Via Láctea passando alto no céu, essa é a estação preferida dos astrofotógrafos de grande campo que costumam compor suas imagens com nossa galáxia sobre a paisagem.
Data e Hora | Evento
2025/06/01 02h | Vênus em maior elongação a oeste (46°)
2025/06/01 07h | Marte 1.3°S da Lua
2025/06/02 00h | Regulus 1.6°S da Lua
2025/06/03 00h | Quarto Crescente
2025/06/06 11h | Spica 0.5°N da Lua (Ocultação*)
2025/06/07 08h | Lua no apogeu
2025/06/08 17h | Mercúrio 1.9°N de Júpiter
2025/06/10 08h | Antares 0.3°N da Lua (Ocultação**)
2025/06/11 04h | Lua Cheia
2025/06/11 20h | Lua mais ao sul (-28.4°)
2025/06/14 14h | Plutão 0.1°N da Lua (Ocultação***)
2025/06/17 13h | Marte 0.7°N de Regulus
2025/06/18 16h | Quarto Minguante
2025/06/18 22h | Saturno 3.0°S da Lua
2025/06/18 23h | Netuno 2.2°S da Lua
2025/06/20 23h | Solstício
2025/06/22 03h | Mercúrio 5.0°S de Pollux
2025/06/22 22h | Urano 4.8°S da Lua
2025/06/23 01h | Lua no perigeu
2025/06/24 12h | Júpiter em conjunção
2025/06/24 22h | Lua mais ao norte (28.4°)
2025/06/25 06h | Júpiter 5.0°S da Lua
2025/06/25 07h | Lua Nova
2025/06/26 16h | Pollux 2.4°N da Lua
2025/06/27 04h | Mercúrio 2.8°S da Lua
2025/06/29 09h | Regulus 1.3°S da Lua
2025/06/29 22h | Marte 0.2°S da Lua (Ocultação****)
* Visível em parte da África continental e Madagascar.
** Visível na Oceania e Ilha de Páscoa.
*** Visível em parte da Austrália.
**** Visível na costa noroeste da América do Sul.
Os Planetas em Junho/2025
Marte é o único planeta visível no início da noite durante o mês de junho. Júpiter inicia o mês baixo no horizonte e no dia 24 passa pela conjunção com o Sol, deixando o céu noturno pelos próximos meses, unindo-se a Vênus, Saturno, Urano e Netuno que já se agrupam no céu durante a madrugada.
Os planetas e o Sol em junho/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em junho/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em junho/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Configurações do Sistema Solar em Junho/2025
Os diagramas abaixo mostram a configuração dos planetas interiores e exteriores do Sistema Solar ao longo do mês de março, em coordenadas heliocêntricas. Os gráficos apresentam o Sistema Solar visto do norte do plano da órbita terrestre.
Enquanto aqui na Terra lutamos contra a esmagadora escala 6×1, a 150 milhões de quilômetros daqui, o Sol não descansou no fim de semana. Uma região ativa que se dirige ao limbo oeste do Sol emitiu um inesperado flare categoria X no fim da noite deste sábado (24/5).
E a mesma região deu um replay do espetáculo (mas com um pouco menos de intensidade, atingindo a categoria M, um pouco abaixo do limite da categoria X) na tarde deste domingo (25/5), por volta das 13:30h (horário de Brasília).
As imagens abaixo são uma composição de quadros capturados em duas faixas do ultravioleta pelo satélite de observação solar SDO (Solar Dynamics Observatory).
Flare classe X1.1 emitido pela região ativa AR4098 às 22:52 do sábado (24/5) no horário de Brasília. Imagens: NASA/SDO/AIA via Helioviewer.Flare classe M8.9 emitido pela região ativa AR4098 às 13:32 do domingo (25/5) no horário de Brasília. Imagens: NASA/SDO/AIA via Helioviewer.
Regiões ativas são regiões de concentração do campo magnético solar. Regiões com campos mais intensos podem fornecer energia para eventos como flares e ejeções de massa coronal (CME). Estudar e monitorar essas regiões é fundamental para a previsão de seus efeitos na interação com o campo magnético terrestre.
Esses efeitos incluem apagões de rádio em frequências usadas para comunicação ou mesmo a indução de correntes que podem sobrecarregar sistemas de transmissão de energia elétrica na Terra. Satélites com trajetórias passando por áreas afetadas pelas emissões solares também podem ser impactados e em certos casos é preciso desligá-los para evitar danos aos circuitos.
A perturbação da ionosfera pela atividade solar causa também um aumento do arrasto em satélites em órbita baixa, além de impactar na precisão de sistemas globais de navegação por satélite, como GPS (EUA), GLONASS (Rússia), Galileu (Europa) e BeiDou (China).
Classificando Flares
Os flares recebem uma classificação de acordo com a intensidade do pico do fluxo de raios X medidos por satélites na Terra na faixa entre 0,1 e 0,8 nm.
B – Intensidade menor que 1 µW/m2
C – Intensidade entre 1 e 10 µW/m2
M – Intensidade entre 10 e 100 µW/m2
X – Intensidade maior que 100 µW/m2
Cada classe é 10 vezes mais intensa que a anterior, e entre elas usamos um multiplicador para estabelecer uma graduação. Um flare M8.9, como o capturado na imagem acima corresponde a um pico de 8,9 x 10 µW/m2 = 89 µW/m2 . Ou seja, muito próximo do limite de 100 µW/m2 da classe X.
A classe X é ilimitada, e pode receber multiplicadores maiores que 10 para indicar flares mais intensos que 1 mW/m2.
Emissão de raios X detectados por satélites da NOAA. Os flares das imagens acima correspondem ao primeiro e ao último pico no gráfico. Créditos: NOAA/SWPC.
A região ativa responsável pelos eventos é identificada como AR14098, na numeração oficial atribuída pelo SWPC (Centro de Previsão do Clima Espacial) da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) e pode ser vista na imagem abaixo, na área com manchas escuras à direita e a meia altura. A imagem é uma captura do instrumento HMI do SDO.
A imagem abaixo é nossa captura usando um telescópio solar Coronado SolarMax II, na faixa do hidrogênio alfa, uma estreita faixa do espectro emitido pelo gás hidrogênio excitado na cromosfera solar. Além de filamentos e proeminências espalhados pelo Sol, podemos ver a animada região 4098 nas proximidades do limbo oeste do Sol.
Com 128 novos satélites anunciados, Saturno atinge a extraordinária marca de 274 satélites com órbitas confirmadas.
O satélite Titan, com seus oceanos de metano líquido, é fotografado em frente a Saturno e seus anéis pelo sistema de imageamento científico da sonda Cassini, em maio de 2012. Dados: ISS/NASA, Processamento: Wandeclayt M./@ceuprofundo
Satélites na Contramão
Mas os novos satélites estão longe da exuberância de suas grandes luas descobertas até o Séc. XIX, como Titan e Enceladus. Os novos corpos são pequenos, distantes e irregulares, muitos deles em órbitas retrógradas (ou seja, na contramão da rotação de Saturno e das órbitas da maioria dos seus satélites) .
As pequenas dimensões das luas também as previne de assumir a forma esférica, comum a objetos maiores do Sistema Solar. São luas irregulares, com aspecto não muito diferente de uma batata.
Aumentando a Família
Pan, um pequeno satélite irregular, em forma de ravióli, orbita Saturno dentro da Divisão de Encke, uma
O anúncio oficial de pequenos corpos do Sistema Solar é feito através das circulares eletrônicas do Minor Planet Center da União Astronômica Internacional (IAU), órgão responsável pela nomenclatura de objetos do Sistema Solar e de estruturas em suas superfícies.
Nesta terça (11/3), três circulares trouxeram os elementos orbitais dos novos satélites:
Mas para observar os novos membros da família de Saturno, você vai precisar de um instrumento pouco modesto. As luas recém-confirmadas são objetos pequenos, muitos deles provavelmente são fragmentos de uma colisão que não excedem 5 km de diâmetro. As observações que permitiram determinar as órbitas satélites foram realizadas com o telescópio CFHT (Canada France Hawaii Telescope) de 3,5 m de diâmetro, no monte Mauna Kea, no Havaí, complementando observações prévias do telescópio japonês Subaru, também instalado na montanha havaiana.
Titan (em primeiro plano) e Rhea (no centro) em imagem da sonda Cassini de 16 de junho de 2011. Dados: Imaging Science Subsystem/NASA. Processamento: Wandeclayt M./@ceuprofundo.
Infelizmente, durante o mês de março, Saturno fica fora do alcance dos telescópios ao passar pela conjunção com o Sol em 12/3, surgindo no início de abril no horizonte leste ao amanhecer.
Saturno deixa o céu noturno, e após a conjunção no dia 12 de março, passa a ser vsível nas madrugadas, pouco antes do nascer do Sol. Mas durante todo o mês de março, seja antes ou depois da conjunção, a verdade é que o planeta dos anéis será um alvo muito difícil de se detectar, devido à sua proximidade com o Sol, que o deixa mergulhado na luz do crepúsculo.
Vênus, Mercúrio e Netuno também encerrarão o mês a oeste do Sol,
Data e Hora | Evento
2025/03/01 01h | Mercúrio 0.4°N da Lua (Ocultação)*
2025/03/01 05h | Netuno 1.4°S da Lua
2025/03/01 18h | Lua no perigeu
2025/03/02 00h | Vênus 5.7°N da Lua
2025/03/02 14h | Mercúrio 1.9°N de Netuno
2025/03/04 22h | Urano 4.6°S da Lua
2025/03/06 07h | Júpiter 5.5°S da Lua
2025/03/06 13h | Quarto Crescente
2025/03/07 12h | Lua mais ao norte (28.7)
2025/03/08 01h | Mercúrio em maior elongação a leste (18)
2025/03/08 21h | Marte 1.6°S da Lua
2025/03/09 08h | Pollux 2.0°N da Lua
2025/03/12 01h | Mercúrio 5.6°S de Vênus
2025/03/12 05h | Regulus 2.0°S da Lua
2025/03/12 07h | Saturno em conjunção
2025/03/14 03h | Lua Cheia (Eclipse)
2025/03/14 18h | Mercúrio estacionário
2025/03/16 16h | Spica 0.3°N da Lua (Ocultação)*
2025/03/17 13h | Lua no apogeu
2025/03/19 20h | Netuno em conjunção
2025/03/20 06h | Equinócio
2025/03/20 13h | Antares 0.5°N da Lua (Ocultação)*
2025/03/22 03h | Lua mais ao sul (-28.7)
2025/03/22 08h | Quarto Minguante
2025/03/22 22h | Vênus em conjunção inferior
2025/03/23 01h | Vênus em maior elongação a oeste (9)
2025/03/24 16h | Mercúrio em conjunção inferior
2025/03/24 18h | Plutão 0.8°N da Lua (Ocultação)*
2025/03/28 08h | Saturno 1.7°S da Lua
2025/03/28 17h | Netuno 1.5°S da Lua
2025/03/28 19h | Mercúrio 2.0°N da Lua
2025/03/29 07h | Lua Nova (Eclipse)
2025/03/30 00h | Mercúrio 3.4°N de Netuno
2025/03/30 02h | Lua no perigeu
2025/03/31 17h | Marte 4.0°S de Pollux
* Ocultação não visível do Brasil.
Elipse Total da Lua (Noite de 13 para 14/3)
Um eclipse total da Lua, visível de todo o Brasil é o ponto alto na agenda do mês! Atente-se para os horários de cada fase do eclipse, na madrugada de 13 para 14 de março.
Entendendo as Fases do Eclipse
O diagrama abaixo mostra cada etapa do eclipse. A região circular no centro corresponde à sombra projetada pela Terra. Nas bordas dessa região, a sombra é mais clara e difusa e recebe o nome de penumbra. Quando a lua entre nesse setor, dizemos que teve início a fase penumbral do eclipse. A queda no brilho da Lua é sutil nessa fase. A região mais escura da sombra é a umbra. É nessa fase que vemos uma sombra com contornos mais definidos projetada sobre a Lua. O eclipse é total quando a Lua está completamente imersa na umbra.
Na fase total percebemos a Lua assumir um tom avermelhado, como um efeito da refração dos raios do Sol na nossa atmosfera. Ao atravessar a atmosfera da Terra a porção mais vermelha da luz visível sofre um desvio maior que as outras cores de luz, e acaba atingindo a região sombreada.
A fase penumbral tem início às 0:57h e o máximo do eclipse ocorrerá às 3:58h da madrugada do dia 14. O máximo é o instante central do eclipse, quando a Lua está mais próxima do centro da umbra.
Diagrama de fases do eclipse gerado no software Occult v4. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo
E C L I P S E L U N A R em 2025/03/14
Evento UTC-3
h m s
[1] A Lua Entra na Penumbra 0 57 11
[2] A Lua Entra na Umbra 2 09 24
[3] Início do Eclipse Total 3 25 59
[4] Máximo do Eclipse 3 58 46
[5] Fim do Eclipse Total 4 32 2
[6] A Lua Sai da Umbra 5 48 19
[7] A Lua Sai da Penumbra 7 00 31
Magnitude do Eclipse Umbral = 1.180
O Céu em Março – Destaques do Mês.
No último mês do verão, a constelação de Órion, o caçador, ainda cruza imponente o céu escoltada por seus cães. Órion é uma das constelações mais facilmente reconhecíveis no céu, sobretudo pelas populares Três Marias, que formam o cinturão da figura representada na constelação clássica.
As constelações de Órion, Touro, Gêmeos e Cão Maior no atlas Uranographia (1801) de Johann Elert Bode (1747-1826) . Créditos: ETH-Bibliothek Zürich.
As constelações de Órion, Touro, Gêmeos e Cão Maior no atlas Uranographia (1801) de Johann Elert Bode (1747-1826) . Créditos: ETH-Bibliothek Zürich.
As constelações de Órion, Touro, Gêmeos e Cão Maior no atlas Uranographia (1801) de Johann Elert Bode (1747-1826) . Créditos: ETH-Bibliothek Zürich.
Órion é também o lar de um dos mais brilhantes objetos de céu profundo: A Grande Nebulosa de Órion (M42). Sucesso absoluto entre observadores amadores, a Nebulosa de Órion é um vasto berçário estelar que facilmente revela suas cores, mesmo em imagens sem exaustivas técnicas de processamento. Na imagem abaixo, um frame único com 15 segundos de exposição – sem empilhamento, capturado com câmera DSLR através de um telescópio refrator apocromático de 122 mm de abertura, é possível ver os tons avermelhados emitidos pelo hidrogênio em contraste com os tons azulados refletindo a luz das jovens estrelas que surgiram da nuvem.
No entanto, em observações visuais, embora seja possível perceber detalhes finos na estrutura da nebulosa, não há luz suficiente para que as cores sejam percebidas.
Grande Nebulosa de Órion (M42). Frame único, com 15 segundos de tempo de exposição, registrado com telescópio refrator apocromático de 122 mm. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo
A dica é aproveitar o mês de março, enquanto Órion ainda é visível durante toda a primeira metade da noite para localizar e observar esta magnífica nebulosa. use os recursos que estoverem disponíveis: olho nu, câmeras, celulares, binóculos, telescópios ou mesmo observatórios remotos!
A constelação de Órion se pondo no horizonte de São José dos Campos (SP). A nebulosa M42 pode ser vista a olho nu ao sul das Três Marias. Créditos: Wandeclayt M. / @ceuprofundo.
Os Planetas em Março/2025
Após um período de fartura, com Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno no céu noturno nos meses de janeiro e fevereiro, entraremos na escassez de alvos planetários no início das noites. Saturno, Vênus e Netuno mergulharão em direção ao horizonte cada vez mais cedo e despontarão no horizonte leste nas madrugadas, pouco antes do nascer do Sol.
no fim de março, ficaremos apenas com Júpiter e Marte ainda como atrações brilhantes nas primeiras horas da noite.
Para acompanhar a movimentação de todos os planetas durante o mês, clique na imagem para ampliar.
Os planetas e o Sol em março/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em março/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em março/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Configurações do Sistema Solar em Março/2025
Os diagramas abaixo mostram a configuração dos planetas interiores e exteriores do Sistema Solar ao longo do mês de março, em coordenadas heliocêntricas. Os gráficos apresentam o Sistema Solar visto do norte do plano da órbita terrestre.
Objetos como o asteroide recém descoberto 2024 YR4, com órbita que se aproxima ou intercepta a órbita da Terra, são de especial interesse para a astronomia pela possibilidade de um eventual impacto futuro com nosso planeta.
Usualmente, os dados observacionais preliminares proporcionam uma precisão muito limitada para a determinação das órbitas desses objetos e apenas após um período mais longo de observação é possível refinar esses cálculos, determinando uma trajetória precisa. De qualquer forma, por cautela, probabilidades iniciais de impacto acima de 1% merecem atenção. Afinal, nosso planeta já viveu um episódio traumático com um asteroide.
Extinção em Massa
Segundo o registro fóssil, a vida na Terra enfrentou cinco eventos de extinção em massa nos últimos 500 milhões de anos. O mais recente deles, responsável pela extinção dos dinossauros no final do período Cretáceo, há cerca de 65 milhões de anos, coincide com o impacto de um asteroide com tamanho estimado de 10 km na região da Península de Yucatán, no sul do Golfo do México. Sobre a porção de terra da Península, estruturas semi circulares delimitam uma cratera de aproximadamente 160 km que tem a maior parte de sua área, incluindo o pico central do impacto, nas águas do Golfo.
O consenso atual da comunidade científica é de que esse impacto tenha sido a principal causa da última das grandes extinções. Isso justifica o constante monitoramento dos céus em busca de objetos cujas órbitas interceptem a da Terra e que possam apresentar riscos de colisão. Afinal, outros impactos menores também deixaram suas marcas na superfície de nosso planeta, inclusive em território brasileiro.
Crateras de Impacto no Brasil
Ao contrário das crateras de impacto na Lua, em Marte e em outros corpos do Sistema Solar onde não ocorrem processos erosivos pela chuva e pelo vento, as crateras na Terra são fortemente desbastadas ao longo do tempo e poucas conservam suas características ou dimensões originais. Ainda assim, vestígios de grandes impactos, mesmo sob a ação da erosão, sobreviveram à passagem das eras e podem ser encontrados hoje.
Em Tocantins, na Serra da Cangalha estão as estruturas de impacto mais bem preservadas em solo brasileiro. Uma formação com aproximadamente 14 km de diâmetro, com anéis concêntricos, formada a menos de 250 milhões de anos, pode ser vista com facilidade em imagens de satélite.
Serra da Cangalha. Cratera de Impacto com 13 km de diâmetro em Tocantins. Dados: Landsat 8/USGS/NASA. Processamento: Wandeclayt M.
Outras grandes estruturas de impacto no Brasil são o Domo de Araguainha, em Mato Grosso, e a Cratera de Colônia, em São Paulo.
Não esperamos que um objeto tão grande quanto o de Yucatán, com potencial para uma nova extinção em massa, esteja em rota de colisão com a Terra. Mas objetos menores, capazes de produzir eventos que causem danos localmente, sobretudo se atingirem zonas densamente habitadas, são abundantes no Sistema Solar atual.
Dimorphos na Caçapa do Meio!
Os programas de monitoramento dos Objetos Próximos da Terra, ou NEOs – na sigla em inglês para Near Earth Objects – buscam e monitoram esses objetos, permitindo determinar seus parâmetros orbitais e propriedades físicas. Esses dados podem garantir que danos sejam mitigados ou mesmo que missões capazes de defletir a órbita de objetos potencialmente perigosos possam ser projetadas e lançadas a tempo de prevenir desastres.
Uma tecnologia de redirecionamento orbital foi testada recentemente com a missão DART (Double Asteroid Redirection Test), lançada pela NASA em novembro de 2021.
A missão DART tinha como objetivo testar e validar o método de redirecionamento orbital através de impacto. Em 26 de setembro de 2022, a DART alcançou o asteroide (65803) Didymos e atingiu com sucesso sua pequena lua Dimorphos.
Imagem do asteroide Didymos e de sua lua Dimorphos capturada pela câmera de navegação da missão DART, dois minutos e meio antes do impacto. A imagem foi capturada a uma distância de 920 km. Créditos: NASA/Johns Hopkins APL.
Colidindo frontalmente com Dimorphos, esperava-se que a DART fosse capaz de “transferir momento” (essa é a forma técnica de dizer que a nave iria alterar a velocidade do pequeno satélite ) para o pequeno corpo, modificando a geometria de sua órbita. É similar ao que acontece com bolas de sinuca, quando uma bola em movimento colide com uma bola parada. A primeira bola pode parar completamente enquanto a segunda bola passa a se mover com a mesma velocidade da primeira.
Geometria do sistema Didymos-Dimorphos, do ponto de vista do Telescópio Espacial Hubble, no instante do impacto. A linha vermelha indica a trajetória da espaçonave DART. A linha laranja indica a direção do Sol. A linha azul é uma projeção do polo norte de Didymos, que também coincide com o polo orbital do sistema. Créditos: Jian Yang Li et al. disponível em: https://doi.org/10.1038/s41586-023-05811-4As últimas seis imagens enviadas pela câmera DRACO, a bordo da DART, antes do impacto. A imagem no topo à esquerda cobre uma extens˜åo aproximada de 100 m, exibindo Dimorphos quase em sua totalidade. Última imagem completa, ao centro na linha inferior, tem uma resolução de 5.5 cm/pixel cobrindo uma extensão de 28 m na superfície de Dimporphos. Créditos: D. Bekker, C. Ernst, T. Daly, DRACO/APL/NASA.
Observações subsequentes confirmaram que a missão foi um sucesso, reduzindo em 33 minutos o período orbital de Dimorphos em torno de Didymos, passando de aproximadamente 11h55min para 11h22min.
Esse valor supera com larga margem a expectativa inicial de uma redução de 7 minutos no período orbital do sistema.
Objetos Próximos da Terra
É ótimo saber que já temos um método de redirecionamento testado e validado, porque o número total de asteroides próximos catalogados passa de 37 mil, com mais de 11 mil deles com diâmetro superior a 140 m e quase 900 excedendo 1 km.
Desses objetos, cerca de 2500 são potencialmente perigosos.
E se esses números parecem grandes, vale lembrar que nossa capacidade de detecção vem sendo constantemente ampliada e que a entrada em operação de telescópios com campos de visão amplos, dedicados a levantamentos (surveys) que varrerão grandes áreas do céu em noites sucessivas, proporcionarão um salto em nossa capacidade de detecção, com um consequente salto no número de objetos catalogados.
O gráfico abaixo mostra o total acumulado de asteroides próximos da Terra, descobertos até 12 de fevereiro de 2025.
Número acumulado de asteroides próximos da Terra, descobertos até 12 de fevereiro de 2025. Em azul, o total de asteroides. Em laranja, os asteroides com mais de 140 m de diâmetro. Em vermelho, os asteroides com mais de 1 km. Gráfico disponível em https://cneos.jpl.nasa.gov/stats. Acesso em 14 de fevereiro de 2025. Créditos: Alan Chamberlin (JPL/CALTECH).
De olho no 2024 YR4
Classificado até a data de publicação deste post na categoria 3 da escala de Torino, o asteroide 2024 YR4 ocupa o topo da lista de risco de Asteroides Potencialmente Perigosos (PHAs, na sigla em inglês para Potentially Hazardous Asteroids) e você provavelmente vai ver manchetes alarmistas nos sites de notícias e postagens sensacionalistas nas redes sociais. Mas esta classificação não significa que haja um impacto confirmado e de grandes proporções nos esperando.
A escala de Torino combina a probabilidade de impacto (na data desta publicação, calculada em aproximadamente 2%) com a extensão da potencial destruição causada pela colisão. No caso do 2024 YR4, um asteroide com diâmetro estimado em entre 40 e 90 m, a destruição seria restrita às vizinhanças da área do impacto.
Tabela com resumo do risco de impacto do asteroide 2024 YR4 computado com observações no período de 25 de dezembro de 2024 a 8 de fevereiro de 2025. Créditos: CNEOS.
Estes números podem, no entanto, variar bastante com a inclusão de novos dados observacionais coletados com telescópios terrestres até meados do primeiro semestre de 2025 e, após isso, pelo acompanhamento feito por telescópios espaciais infravermelhos.
Após essa janela de observação, o 2024 YR4 voltará a ser observável em 2028 em sua próxma passagem (sem risco de colisão) pelas proximidades da Terra.
O 2024 YR4 foi descoberto em 27 de dezembro de 2024, no Chile, por um dos quatro telescópios da rede ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System). Composta por outros três telescópios (2 no Havaí e 1 na África do Sul), a rede ATLAS varre o céu várias vezes por noite em busca de objetos que se movam. Para ter uma ideia da eficiência desse sistema, até a data desta publicação, os telescópios da rede ATLAS já haviam descoberto 98 cometas, 4489 supernovas, 1160 asteroides próximos da Terra (NEAs) e 107 asteroides potencialmente perigosos (PHAs).
Imagens da descoberta do asteroide 2024 YR4 por telescópio do projeto ATLAS no Chile. Créditos: ATLAS.
A notificação emitida pela IAWN (International Asteroid Warning Network) estabelece 22 de dezembro de 2032 como a data para um eventual impacto. Notificações são emitidas para probabilidades de impacto acima de 1%, mas é comum que novas observações levem a uma queda nessa probabilidade.
Não Entre em Pânico!
Embora haja um risco baixo, mas real, de uma colisão no futuro próximo, o acompanhamento deste objeto pelos próximos anos permitirá traçar com menos incerteza sua órbita, definindo se o impacto de fato ocorrerá e quais estratégias de defesa podem ser adotadas. Até lá, cabe aos cientistas, autoridades e à população, garantir o apoio e o investimento contínuo na ciência, sabendo que além dos perigos que encontramos na superfície há ameaças que vem do céu.
Escala de Torino
Nível
Zona/Cor
Descrição
0
Sem Risco (Branco)
A probabilidade de colisão é zero ou tão baixa que é efetivamente zero. Aplica-se também a pequenos objetos como meteoros que se desintegram na atmosfera.
1
Normal (Verde)
Descoberta rotineira de objeto que com previsão de passagem próximo à Terra sem risco fora do comum. Observações telescópicas adicionais provavelmente reclassificarão para nível 0.
2
Atenção Astronômica (Amarelo)
Encontro próximo mas não incomum. Colisão muito improvável. Merece atenção dos astrônomos, mas não há necessidade de atenção do público e de autoridades. Observações adicionais provavelmente reclassificarão para nível 0.
3
Atenção Astronômica (Amarelo)
Encontro próximo com chance de colisão ≥1% capaz de causar destruição localizada. Observações adicionais provavelmente reclassificarão para nível 0. Atenção do público e de autoridades é necessária se o evento ocorrer em menos de uma década.
4
Atenção Astronômica (Amarelo)
Encontro próximo com de chance de colisão ≥1%, capaz de causar devastação regional. Observações adicionais provavelmente reclassificarão para nível 0. Atenção do público e de autoridades é necessária se o evento ocorrer em menos de uma década.
5
Ameaça (Laranja)
Risco sério (porém incerto) de devastação regional. Atenção da comunidade astronômica é necessária para determinar conclusivamente se a colisão ocorrerá ou não. Planejamento governamental necessário se o evento ocorrer em menos de uma década.
6
Ameaça (Laranja)
Risco sério (porém incerto) de catástrofe global. Atenção da comunidade astronômica é necessária para determinar conclusivamente se a colisão ocorrerá ou não. Planejamento governamental necessário se o evento ocorrer em menos de 30 anos.
7
Ameaça (Laranja)
Encontro extremamente próximo com grande objeto, que se ocorrer dentro de um século, ameaça catástrofe global sem precedentes (porém incerta). Planejamento internacional é requerido para determinar conclusivamente e com urgência se a colisão ocorrerá ou não.
8
Colisão Certa (Vermelho)
Colisão certa capaz de destruição localizada (terrestre) ou tsunami (oceânico). Frequência média: 1 evento a cada 50 a 1000 anos.
9
Colisão Certa (Vermelho)
Colisão certa capaz de devastação regional sem precedentes para colisão em terra ou grande tsunami para colisão no oceano. Frequência média: 1 evento a cada 10.000 a 100.000 anos.
10
Colisão Certa (Vermelho)
Colisão certa capaz de catástrofe climática global com potencial para ameaçar o futuro da civilização. Frequência média: menos de 1 evento a cada 100.000 anos.
Referências
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Wandeclayt M. (2025) - “A Ameaça Vem do Céu” Publicado online em CeuProfundo.com. Acessado em: 'https://www.ceuprofundo.com' [Recurso Online]
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