Calendário Astronômico – Julho 2025

A imagem tem como fundo o céu estrelado com um tom azulado. Ao centro, está o título em letras grandes e pretas: "O CÉU DE JULHO". Acima do título há a logo do Projeto Céu Profundo. Ao fundo da imagem, de maneira sutil, aparece um mapa celeste com constelações desenhadas em linha clara, quase translúcida. Na parte inferior, está o logotipo do Astropy.

Eventos Astronômicos de Julho

As belezas do céu não tiram férias em julho!

O mês traz um rara conjunção entre planetas gigantes, observável em binóculos e pequenos telescópios. Para os amantes dos objetos de céu profundo, a região do centro da Via Láctea permanece visível durante toda a noite, exibindo as coloridas joias que ornam o céu de inverno!

Data e Hora    | Evento

2025/07/02 19h | Quarto Crescente
2025/07/02 22h | X e V Lunar visíveis
2025/07/03 21h | Spica 0.7°N da Lua
2025/07/03 23h | Terra no afélio
2025/07/04 02h | Mercúrio em maior elongação a leste (26°)
2025/07/04 12h | Vênus 2.4°S de Urano
2025/07/05 02h | Lua no apogeu
2025/07/05 14h | Netuno estacionário
2025/07/07 18h | Antares 0.4°N da Lua
2025/07/09 05h | Lua mais ao sul (-28.4°)
2025/07/10 20h | Lua Cheia
2025/07/11 22h | Plutão 0.0°N da Lua
2025/07/13 18h | Vênus 3.2°N de Aldebaran
2025/07/14 08h | Saturno estacionário
2025/07/16 07h | Saturno 3.4°S da Lua
2025/07/16 08h | Netuno 2.4°S da Lua
2025/07/17 07h | Mercúrio estacionário
2025/07/18 00h | Quarto Minguante
2025/07/20 11h | Urano 5.0°S da Lua
2025/07/20 13h | Lua no perigeu
2025/07/22 09h | Lua mais ao norte (28.5°)
2025/07/23 04h | Júpiter 4.9°S da Lua
2025/07/24 04h | Pollux 2.5°N da Lua
2025/07/24 19h | Lua Nova
2025/07/25 06h | Plutão em oposição
2025/07/26 21h | Regulus 1.2°S da Lua
2025/07/28 18h | Marte 1.1°N da Lua
2025/07/31 05h | Spica 0.9°N da Lua
2025/07/31 23h | Mercúrio em conjunção inferior

Destaques do Mês

A Lua em Julho

Um desafio mensal para os observadores da Lua é o registro de duas curiosas formações, visíveis somente durante algumas horas nas proximidades do início da fase crescente.

O X e o V lunares são uma peculiar combinação de luzes e sombras produzidas pelo relevo lunar quando a luz do Sol incide sobre elas no ângulo correto. É possível observar e registrar esses marcos no relevo com pequenos telescópios, mas é preciso estar atento ao horário da observação.

Imagem da Lua em fase crescente, ocupando o centro da figura. Duas setas laranjas apontam para detalhes mais ampliados da superfície lunar.  A primeira ampliação mostra uma cratera com o formato da letra V; essa cratera está localizada mais ao centro da imagem. A segunda ampliação mostra uma cratera com o formato da letra X; essa cratera está localizada na imagem abaixo e a direita do centro. Na parte inferior da imagem há uma legenda com a seguinte descrição: "localizando o X e o V lunar"; e no canto superior direito está a logo do Projeto Céu Profundo.
Vista simulada da Lua em 2025-07-02 22h, com dados do satélite LRO. Simulação: NASA-SVS. Infográfico: Projeto Céu Profundo.

Em julho, o X e o V lunares estarão visíveis na noite de 2/7. O melhor horário para visualização é entre as 22h e a meia-noite.

Um Encontro Raro

Saturno protagoniza ao lado de Netuno um dueto raro durante todo o mês de julho. Utilizando binóculos ou um pequeno telescópio com baixo aumento, será possível observar ambos os planetas simultaneamente.

Os planetas exteriores movem-se lentamente em suas órbitas pelo Sistema Solar. Saturno completa uma volta aproximadamente a cada 30 anos. Netuno, ainda mais distante do Sol, tem um período orbital de longos 163 anos. Mas atenção, coloque na agenda!! Com esse lento movimento, o próximo alinhamento entre Saturno e Netuno ocorrerá apenas em 2061! Mas não adianta deixar pra observar em 2061. Apesar do encontro ser ainda mais cerrado, com os planetas a uma distância aparente de apenas 7 minutos de arco (isso equivale a um quarto do diâmetro aparente da Lua Cheia), ele ocorre ao amanhecer com o céu já claro.

Simulação do campo de visão em uma ocular de 26mm em um telescópio com 400mm de distância focal, mostrando os planetas Saturno e Netuno. Saturno aparece como um ponto branco bem brilhante à direita do centro, enquanto Netuno aparece um pouco à esquerda e mais abaixo do centro como um ponto mais azulado e menos brilhante. Ao fundo escuro, há algumas estrelas espalhadas pelo campo. Na parte inferior da imagem, há a legenda informando as especificações do equipamento utilizado para gerar a visualização. No canto superior direito está o logotipo do "Projeto Céu Profundo". Simulação gerada no Stellarium.
Saturno e Netuno poderão ser observados simultaneamente pela ocular do telescópio durante todo o mês de Julho. Simulação gerado no Stellarium 25.1 por Wandeclayt Melo/@ceuprofundo.

Este o tipo de evento ideal para observação com binóculos, instrumentos que apresentam um grande e luminoso campo de visão. Ao observar com telescópio, lembre que o afastamento entre Saturno e Netuno será de aproximadamente 1°, o equivalente a duas vezes o diâmetro da Lua. Por isso, é preciso usar ampliações fracas. Use sua ocular mais longa nessa observação. O campo que simulamos aqui é de um pequeno telescópio de 80 mm de abertura e 400 mm de distância focal, com ocular de 26 mm. Abaixo, compare a aparência do campo observando a Lua e a conjunção.

O Veloz Mensageiro

Mercúrio recebe seu nome do veloz deus romano, mensageiro dos deuses do Olimpo. E a velocidade de Mercúrio estará evidente no mês de julho. No dia 4 de julho, o pequeno planeta estará em condições ideais para observação, atingindo sua máxima elongação a leste. Neste ponto, o planeta estará em seu máximo afastamento do Sol ao anoitecer. Ainda assim, ele não é um alvo tão fácil. É preciso ter um horizonte desobstruído para observá-lo sobre o horizonte oeste após o pôr do Sol.

Mas logo após a elongação, Mercúrio volta a mergulhar em direção ao poente e voltará a se alinhar com o Sol, na configuração que chamamos de conjunção inferior (quando mercúrio se posiciona entre a Terra e o Sol) no dia 31.

Destaques Telescópicos

Se a meteorologia ajudar, seu telescópio também pode não tirar férias em julho. E tem objeto pra todo gosto e todo tamanho de telescópio.

O mapa abaixo mostra a região das constelações do Escorpião e de Sagitário. Esse é um verdadeiro parque de diversões para pequenos telescópios e binóculos. Vamos levar você agora por um pequeno tour por 6 objetos do catálogo Messier, passando por aglomerados estelares abertos, aglomerados globulares e nebulosas!

Mapa do céu com destaque para a constelação de escorpião, há outras constelações ao redor como sagitário. As linhas azuis delineiam as figuras de cada constelação. Estão marcados objetos do catálogo Messier: M4 e M80 próximos à estrela alaranjada Antares; M6 e M7 mais abaixo da constelação; e M8 (Nebulosa da Lagoa) e M20 (Nebulosa Trífida), próximas uma da outra, mais abaixo e a esquerda de M6 e M7. Outras estrelas notáveis também estão nomeadas, como Shaula, Sargas e Kaus Australis. Círculos brancos destacam as posições dos objetos observáveis. O logo do Projeto Céu Profundo está no canto superior direito.
Região central da Via Láctea, rica em objetos de céu profundo, na direção das constelações de Sagitário e Escorpião. Créditos: Stellarium/Wandeclayt M.

Aglomerados Abertos

A primeira dica é um par de aglomerados estelares abertos, facilmente localizáveis, na direção da cauda da constelação do escorpião. Os objetos M6 e M7, também conhecidos por seus apelidos Aglomerado da Borboleta e Aglomerado de Ptolomeu são um baú do tesouro de estrelas coloridas. As imagens abaixo foram capturadas com um telescópio inteligente Seestar S50 e são muito similares ao que se pode ver através da ocular de um pequeno telescópio:

Aglomerados Globulares

Aglomerados abertos são compostos por estrelas jovens, somando de algumas dezenas até poucas centenas de estrelas. Mas há aglomerados muito mais ricos: os aglomerados globulares! Esses são verdadeiros fósseis de uma época em que a matéria prima para formar estrelas era muito mais abundante em nossa galáxia. Aglomerados globulares podem chegar a agregar mais de um milhão de estrelas, todas ligadas gravitacionalmente entre si. Na constelação do escorpião você pode encontrar facilmente os aglomerados M4 e M80. Os aglomerados globulares parecem pequenos amontoados de sal sobre um pano preto, se seu telescópio tiver abertura suficiente para resolver individualmente as estrelas. Em instrumentos menores, eles se parecem com pequenos borrões desfocados.

Nebulosas

E por fim, vem o desafio maior! As nebulosas na direção de Escorpião e Sagitário são belíssimas, mas também são as mais vulneráveis ao terror da poluição luminosa. Observadores em centros urbanos terão dificuldade para resolver essas pequenas manchinhas na ocular dos seus telescópios em meio ao excesso de luz lançado ao céu. Outro lembrete é que mesmo em condições ideais, esses objetos não emitem luz suficiente para que possamos perceber cor ao observá-los. É sempre possível fazer imagens que registrem suas nuances de cor, mas com o olho na ocular, não passarão de nuvenzinhas acinzentadas difusas (mas ainda assim fascinantes).

Imagem da Nebulosa M20, também conhecida como Nebulosa de Trífida, localizada na constelação de sagitário.  No centro da imagem, a nebulosa se destaca com sua coloração rosa, à direita, e azul, à esquerda. Ao fundo escuro, há uma grande quantidade de estrelas alaranjadas e azuladas espalhadas. No canto inferior direito, lê-se: “Nebulosa Trífida (M20), const: Sagittarius, telescópio: Seestar S50 – 42 min, Observatório da UNIVAP / @ceuprofundo”. Logotipos do observatório e do Projeto Céu Profundo estão presentes nos cantos superior esquerdo e direito.

Mapa do Mês

Clique no mapa para expandir. O mapa traz uma projeção retangular do céu, com o equador celeste posicionado horizontalmente no centro do gráfico. Imagine o céu como um cilindro envolvendo a Terra. O mapa apresenta esse cilindro “desenrolado”.

Os planetas e o Sol estão representados como setas, indicando seu movimento ao longo do mês em relação às estrelas ao fundo.

A imagem é dividida em dois gráficos circulares, representando a posição dos planetas ao redor do Sol em julho de 2025, com o Sol no centro. 
Gráfico superior: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte: O Sol é representado por um ponto amarelo no centro do gráfico, Quatro arcos coloridos representam as órbitas e posições dos planetas; Mercúrio – traço fino azul, mais próximo do Sol; Vênus – arco laranja, em órbita um pouco maior que Mercúrio; Terra – arco verde, mais distante do centro; Marte – arco vermelho, o mais afastado neste gráfico.
Cada planeta tem uma pequena seta colorida no final do arco, indicando o sentido do movimento orbital.
Gráfico inferior: Terra, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Também tem o Sol no centro (amarelo) e a Terra representada por um pequeno ponto verde. As órbitas dos planetas exteriores são mostradas com setas coloridas mais distantes: Terra- Azul, Júpiter- Laranja, Saturno- Verde, Urano- Vermelho, Netuno- Roxo.
Os arcos mostram apenas trechos das órbitas, com pequenas setas indicando a posição e direção orbital de cada planeta. As órbitas dos planetas gasosos são muito mais afastadas do centro do que as dos planetas rochosos (Terra).