Um afloramento calcário de 90 milhões de anos no sertão do Rio Grande do Norte é uma testemunha de quando o sertão já foi mar e abriga um vasto acervo de pinturas rupestres e ainda é coberto por um deslumbrante céu estrelado! Um verdadeiro tesouro arqueológico, paisagístico e astronômico
Este é o Lajedo de Soledade, na cidade de Apodi, a 350 km de Natal e pouco menos de 100 km de Mossoró!
O Lajedo de Soledade é um destino onde história, geologia, astronomia e preservação dão as mãos ao turismo sustentável. E foi este o sítio que escolhemos para observar o pico da chuva de meteoros Geminídeos de 2024.
Todos os anos, durante o mês de dezembro, a Terra atravessa uma região rica em detritos do asteroide 3200 Phaeton. São esses detritos que, ao entrar em nossa atmosfera, formam os meteoros da chuva Geminídeos. Nas madrugadas dos dias 13 e 14, cruzamos a região de maior densidade desses detritos, o que corresponde ao pico de atividade dos meteoros, numa taxa que pode atingir 150 meteoros por hora em condições perfeitas.
No entanto, para a chuva de 2024, as condições estiveram longe da perfeição: às vésperas da Lua Cheia, o brilho lunar ofusca a maior parte dos meteoros e durante toda a noite de observação pudemos contar aproximadamente 40 meteoros.
Mas com ou sem meteoros, nossa escolha de sítio foi garantia de uma experiência rica e satisfatória à noite e até após o nascer do Sol.
A chuva de meteoros pode não ter sido a edição mais impressionante dos Geminídeos, mas o sítio do Lajedo de Soledade não deixou nada a desejar! Passada a noite de observação, pudemos nos concentrar na beleza das formações geológicas e nos muitos painéis de pinturas rupestres que se concentram na área preservada do sítio!
Visitando o Sítio Arqueológico!
As visitas ao sítio arqueológico podem ser feitas de terça a domingo, com acompanhamento de guias da Fundação Amigos do Lajedo de Soledade (FALS). Os detalhes sobre o acesso ao museu e a contratação de guias podem ser consultados no site https://lajedodesoledade.org.br/
O acesso aos painéis é fácil e não requer nenhuma trilha longa. Os guias da FALS conhecem muito bem cada um dos painéis localizados no labirinto de ravinas esculpidas pela erosão no Lajedo, além de possuírem um vasto repertório sobre a geologia e a história da região. O circuito pode ser feito em pouco mais de uma hora, mas não descuide da hidratação e do filtro solar. O passeio pode ser curto, mas o Sol do sertão potiguar faz essa caminhada ser exaustiva.
Além de painéis pintados com motivos geométricos (e possivelmente astronômicos) há representações da fauna (aves e lagartos são facilmente identificáveis) como na Ravina das Araras e painéis com gravações em baixo relevo.
Um Panorama de Encher os Olhos
Mas não deixe o deslumbramento com as pinturas rupestres impedir você de se deleitar com a visão mais ampla de todo o sítio. Os intrincados detalhes esculpidos na rocha calcária pelo tempo e a resiliente vegetação da caatinga, o mais brasileiro e nordestino dos biomas, compõem um espetáculo que também precisa ser desfrutado.
Este foi sem dúvida um dos sítios mais fascinantes que já visitamos. Uma paisagem que nos leva numa viagem no tempo e no espaço. Um local de clima severo, onde o calor do Sol castiga, mas o calor humano dos guias e da população nos fazem querer retornar correndo para os encantos de Soledade.
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