O Minor Planet Center (MPC), da União Astronômica Internacional (IAU), emitiu em circular a confirmação do objeto A11pl3Z como um visitante interestelar, conferindo a nomenclatura definitiva 3I/ATLAS. O objeto, no entanto, exibe características cometárias, o que lhe confere um segunda designação: C/2025 N1 (ATLAS), seguindo a regra para nomenclatura de cometas.
O diagrama abaixo mostra a trajetória e a posição atual do 3I/ATLAS, baseadas nos dados disponíveis até 2 de julho. O objeto se aproxima rapidamente, a uma velocidade de mais de 60 km/s e atingirá sua menor distância ao Sol em 29 de outubro, numa posição entre as órbitas de Marte e da Terra.
O cometa interestelar C/2025 N1 (ATLAS), ou 3I/ATLAS, recebeu suas designações definitivas do Minor Planet Center da União Astronômica Internacional.
Nossa Caçada ao 3I/ATLAS
Desnecessário dizer que o entusiasmo entre toda a comunidade de observadores é grande neste momento. E não ficamos de fora dessa euforia. A meteorologia estava desfavorável na noite de 2 de julho em São José dos Campos, mas sempre há a alternativa do uso de telescópios robóticos em sítios mais favorecidos.
Através da plataforma iTelescope, acessamos um telescópio instalado no Chile para programar uma sequência de tomada de imagens da região onde as efemérides previam a passagem do 3I/ATLAS.
A uma distância de aproximadamente 5 unidades astronômicas (1 unidade astronômica equivale à distância média entre a Terra e o Sol, ou aproximadamente 150 milhões de km) e medindo algo em torno de 20 km, a tarefa é desafiadora. Além disso, estaríamos observando uma área do céu repleta de estrelas, na direção da região mais central da Via Láctea, em busca de um objeto de brilho muito tênue ( magnitude 18). É algo um pouco mais complicado que encontrar uma agulha num palheiro (se quer mesmo achar uma agulha num palheiro, fica a dica: use um ímã).
A Detecção
E lá fomos nós, operando remotamente o telescópio T75, com 250 mm de abertura instalado em Rio Hurtado, no Chile, em busca do terceiro objeto conhecido com origem fora do nosso Sistema Solar.
Programamos 5 exposições sucessivas de 180 segundos e o resultado foi um conjunto de imagens com este aspecto:
Um par de imagens capturadas através do telescópio T75, instalado no Chile, da área em torno da posição do objeto interestelar 3I/ATLAS. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo.
No meio desse palheiro, e sem um ímã, a melhor maneira de encontrar nossa agulha é criar uma animação entre os frames, na esperança de detectar um ponto se deslocando no campo.
Com um deslocamento no céu de aproximadamente 1,3″ por minuto, seria possível, no intervalo entre as exposições, detectar o cometa como um ponto móvel.
E lá estava ele! O tímido 3I/ATLAS passeando em frente as estrelas da região central da Via Láctea.
Detecção do objeto interplanetário 3I/ATLAS em imagens capturadas com telescópio robótico remoto. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo.
Como Observar?
Com magnitude em torno de 18, esse é um alvo proibitivo para a observação visual em telescópios mais modestos, mas é possível capturá-lo com câmeras CCD.
Se você também quer se aventurar imageando este célebre visitante, o primeiro passo é encontrar sua posição no céu.
As coordenadas do objeto podem ser acessadas através do sistema JPL Horizons. Além das coordenadas celestes (Ascenção Reta e Declinação) o sistema informa parâmetros como distância, taxa de deslocamento (em segundos de arco por minuto) e magnitude estimada. Durante a primeira metade do mês de julho, transitando pelas constelações de Sagitário e Ofiúco, há uma dificuldade a mais, proporcionada pelo excesso de estrelas de nossa galáxia visível nessa região do céu. A maioria, mais brilhantes que o próprio cometa.
Mas não se intimide! Saia à caça desse visitante antes que ele acelere em seu passeio pelo Sistema Solar e nos deixe para nunca mais voltar!
Pela terceira vez na história, um objeto passando pelo Sistema Solar pode ter origem em outro sistema planetário. O objeto batizado provisoriamente como A11pl3Z é o mais recente candidato ao carimbo de rocha interestelar no passaporte.
Antes de tudo: não há qualquer risco de colisão desse objeto com a Terra! Os dados preliminares mostram sua trajetória cruzando a órbita de Marte, mas também sem se aproximar do Planeta Vermelho.
O objeto foi descoberto em observações realizadas por um telescópio da rede ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System) a partir do Chile, com magnitude aparente 18 e localizado a 4 unidades astronômicas da Terra (1 unidade astronômica é uma medida de distância equivalente à distância média da Terra ao Sol, ou aproximadamente 150 milhões de km).
Os telescópios da rede ATLAS enxergam uma grande área do céu, um campo total de 7,5°, ou o equivalente a 15 vezes o diâmetro da Lua Cheia. Isso permite uma grande cobertura do céu em sucessivas varreduras em busca de asteroides.
Em seguida aos alertas de novas detecções, outros telescópios confirmam a presença dos objetos e produzem novos dados de posição, alimentando os programas para determinação de órbitas.
A rede Deep Random Survey foi uma das que colaborou com a produção de dados de posição do A11pl3Z.
Imagem do objeto interestelar A11pl3Z capturada por telescópio da rede Deep Random Survey. Créditos: K Ly/Deep Random Survey.
Novas observações são necessárias e a astronomia amadora pode contribuir com dados de posição e brilho, ajudando a conhecer com mais precisão a órbita do A11pl3Z. Efemérides para observação do objeto podem ser geradas pelo Center for Near Earth Objects Studies (CNEOS) do Jet Propulsion Laboratory (JPL).
Dados recuperados de observações de arquivo permitiram localizar o A11pl3Z em imagens capturadas anteriormente, ajudando a refinar os parâmetros orbitais iniciais. Com os dados disponíveis na manhã de 2 de julho, é possível determinar que a máxima aproximação do objeto ao Sol ocorrerá em outubro, passando a uma distância 36% maior que a distância média da Terra ao Sol. Infelizmente, a Terra e o A11pl3Z estarão em posições diametralmente opostas, dificultando a observação do objeto durante o periélio.
Visitas Anteriores
Anteriormente, os objetos 1I/Oumuamua e 2I/Borisov também tiveram suas trajetórias traçadas com origem no espaço interestelar. Este é também um campo onde o Observatório Vera Rubin poderá contribuir aumentando o censo de objetos detectados. Sua câmera de 3200 Megapixels, durante uma primeira rodada de demonstração, descobriu impressionantes 2104 asteróides, mostrando seu potencial como um rastreador de objetos do Sistema Solar. Na imagem abaixo, um pequeno recorte de uma das primeiras imagens publicadas pelo Observatório Rubin, cada traço colorido é um asteróide detectado.
Asteróides detectados pelo Observatório Vera Rubin em campo na direção da constelação de Virgem. NSF-DOE Vera C. Rubin Observatory.
Elementos Orbitais Provisórios
Elementos Orbitais (provisórios): A11pl3Z
Perihelion 2025 Oct 29.66294 +/- 0.219 TT = 15:54:38 (JD 2460978.16294)
Epoch 2025 Jul 2.0 TT = JDT 2460858.5 Earth MOID: 0.3557 Ju: 0.2478
q 1.34709127 +/- 0.0135 Ma: 0.0199 Sa: 0.4081 AutoNEOCP
H 11.92 G 0.15 Peri. 128.10518 +/- 0.14
z -3.7599875674 +/- 0.0381 Node 322.07493 +/- 0.10
e 6.0650464 +/- 0.102 Incl. 175.10957 +/- 0.0045
106 of 108 observations 2025 June 14-July 2; mean residual 0".38
Com um intervalo de menos de um mês, duas estrelas do hemisfério sul celeste resolveram dar um show pirotécnico ao alcance de pequenos telescópios e binóculos! Faltou só mais uma erupção para o time das variáveis cataclísmicas poder pedir música no Fantástico.
Variáveis Cataclísmicas
As erupções detectadas foram do tipo nova, nas constelações do Lobo e da Vela e ambas estão ao alcance de pequenos telescópios e binóculos e são facilmente fotografáveis com câmeras DSLR.
As novas fazem parte de uma classe de estrelas variáveis conhecidas como cataclísmicas.
Pra saber mais sobre o que gera essas erupções das novas, conversamos com um especialista em variáveis cataclísmicas, o astrofísico Alexandre Oliveira, pesquisador e professor no Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento na UNIVAP, que nos contou:
“Uma nova ocorre em sistemas binários compostos por uma estrela compacta, uma anã branca, e uma companheira, que é uma estrela comum. E elas estão tão próximas entre si que há transferência de massa da companheira para a anã branca. Quando essa massa que vai se acumulando na anã branca atinge certas condições de temperatura e pressão, ela é lançada para o espaço na forma de uma erupção, que aumenta drasticamente o brilho do sistema.“
V462 Lup
A primeira erupção foi detectada na constelação de Lobo (Lupus), no dia 12 de junho, pela rede de telescópios All Sky Automated Survey for SuperNovae (ASAS-SN) enquanto seu brilho ainda crescia (mag g=8,7). O objeto foi anunciado como uma nova galáctica clássica no Astronomer’s Telegram ATel #17228.
A nova, que também tem as designações V462 Lupi e Nova Lupi 2025, atingiu um brilho no limite da visibilidade a olho nu em locais menos afetados pela poluição luminosa, mas idealmente utilize binóculos e pequenos telescópios para encontrá-la em meio ao rico campo galáctico na constelação do Lobo.
O diagrama abaixo mostra um campo com 2° de largura (o equivalente a 4 Luas Cheias), com o norte para cima e o leste à esquerda, coincidindo com a orientação do campo de binóculos.
A Nova Lupi 2025 ao telescópio.
Ao telescópio, a Nova Lupi 2025 é um alvo fácil. A imagem abaixo foi capturada com um telescópio inteligente Seestar S50, na noite de 26 de junho. A Nova é o objeto mais brilhante no campo de aproximadamente 1° de largura.
Uma erupção é pouco.
Mas uma erupção de nova não foi suficiente e teve dobradinha no mês de junho! A nova brilhante V572 Velorum foi descoberta simultaneamente por dois observadores na Austrália, utilizando câmeras do tipo DSLR no dia 25 de junho, com magnitude visual estimada pelos descobridores entre 5,6 e 5,7. No dia 26 de junho, K. Youshimoto, no japão reportou magnitude 4,9 em observações com CCD, bem dentro do limite de visibilidade a olho nu! [ ATel #17254].
Abaixo vemos a posição da V572 Vel num chart da AAVSO e em seguida em uma simulação do Stellarium.
Posição da Nova V572 Vel em campo gerado no software Stellarium.
A Nova V572 Vel ao telescópio.
A imagem abaixo foi capturada através de um telescópio Seestar S50. A Nova V572 Vel é o objeto mais brilhante no campo.
Nova V572 Vel, capturada através de telescópio Seestar S50 no Observatório da UNIVAP.Nova V572 Vel. Versão da imagem com indicação de escala e orientação, com coordenadas sobrepostas.
O Observatório NSF-DOE Vera Rubin apresentou ao público nesta segunda (23/06) as primeiras imagens do céu capturadas por sua colossal LSST Camera de 3,3 Gigapixels no evento Rubin First Look.
A apresentação pública foi um evento mundial, transmitido online e com sessões de exibição realizadas em instituições de pesquisa e em espaços de divulgação científica em vários países.
Rubin First Look – Sessão do evento de apresentação das primeiras imagens do Observatório Vera Rubin no cúpula do Planetário do Museu Interativo de Ciências de São José dos Campos – MIC.
Em São José dos Campos (SP), o Museu Interativo de Ciências (MIC) e o Projeto Céu Profundo promoveram uma sessão ao vivo do evento First Look na cúpula do planetário do MIC.
Museu Interativo de Ciências de São José dos Campos (SP). Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
Mas se as gigantescas imagens do Vera Rubin projetadas no domo do planetário já eram deslumbrantes, o choque fica ainda maior quando comparamos os detalhes capturados pela LSST Camera com as imagens do levantamento Digital Sky Survey (DSS) comumente usadas nos atlas celestes digitais.
Selecionamos abaixo alguns recortes das novas imagens e comparamos com os mesmos campos no DSS para mostrar o quanto o novo instrumento vai aprofundar nossa visão do Universo.
RSCG55 – Grupo de Galáxias em Interação
A estrutura desse grupo de galáxias, a aproximadamente 400 milhões de anos luz, é talvez o detalhe que mais nos impressionou. Além do campo extremamente rico, preenchido por galáxias elípticas e espirais, a interação entre as galáxias aprisiona nosso olhar.
Trio de galáxias em interação na região do aglomerado de Virgem. Imagem: NSF-DOE Vera C. Rubin Observatory.
O mesmo campo, na imagem do Digital Sky Survey, nem sequer sugere a existência de toda essa fascinante fauna extra galáctica.
NGC 4411a e NGC 4411b (UGC 7546) – Galáxias Espirais
As galáxias espirais NGC 4411a e NGC 4411b dominam este campo, mas você não vai conseguir contar quantas outras galáxias, de diversos formatos, cores e distâncias preenchem a imagem. O mesmo campo na imagem do Digital Sky Survey mostra apenas algumas dezenas de fontes.
Galáxias espirais “grand design” NGC 4411a e NGC 4411b capturadas pelo Observatório Vera C. Rubin. (NSF-DOE/NoirLab/Observatório Vera C. Rubin)
M20 – Nebulosa Trífida
Um dos objetos mais fotogênicos do céu de inverno, a Nebulosa Trífida (M20) exibe regiões onde o gás hidrogênio excitado emite sua luz avermelhada e regiões onde a luz azulada das estrelas quentes e jovens é refletida, além de filamentos escuros de poeira que obscurecem a luz das estrelas posicionadas atrás delas.
Os detalhes e o contraste obtidos pelo Vera Rubin nos deixaram extasiados.
Nebulosa Trífida, capturada pelo Observatório Vera C. Rubin. (NSF-DOE/NoirLab/Observatório Vera C. Rubin)Nebulosa Trífida em detalhe do levantamento Digital Sky survey (DSS).
M8 – Pilares de Poeira na Nebulosa da Lagoa
A Nebulosa da Lagoa (M8) é outro alvo disputado pelos telescópios amadores no céu de inverno, mas esses detalhes de sua estrutura transformam completamente nossa visão da extensa nebulosa.
Detalhe da Nebulosa da Lagoa, capturada pelo Observatório Vera C. Rubin. (NSF-DOE/NoirLab/Observatório Vera C. Rubin)A mesma região da imagem anterior, no Digital Sky Survey.
NSF–DOE Vera C. Rubin Observatory revela as primeiras imagens capturadas com a LSST câmera.
O Observatório NSF-DOE Vera C. Rubin revelou nesta segunda-feira (23/06) as primeiras imagens do céu capturadas pela maior câmera do planeta! Com seus colossais 3200 Megapixels a LSST Camera, acoplada ao também revolucionário Simonyi Survey Telescope, é uma revolução em nossa maneira de explorar o Cosmos.
Do Cerro Pachón aos Limites do Universo
Construído sobre os Andes chilenos, no Cerro Pachón, vizinho aos telescópios Gemini Sul e SOAR (ambos com participação brasileira, através do Laboratório Nacional de Astrofísica, em seus consórcios), o Observatório Vera C. Rubin tem a missão de varrer o céu do hemisfério sul repetidamente durante os próximos 10 anos, coletando 20 Terabytes de dados por noite e gerando um monumental vídeo em time-lapse do Universo.
Observatório NSF-DOE Vera C. Rubin Observatory. Imagem: Hernán Stockebrand (NOIRLab Audiovisual Ambassador).
Essas repetidas varreduras permitirão detectar pequenas mudanças entre imagens sucessivas, como variação de brilho de estrelas ou pequenos deslocamentos de asteroides e cometas. Essas variações temporais são a chave para importantes descobertas, que vão desde novos corpos em nosso sistema solar, explosões de supernovas e até a compreensão da natureza da matéria e energia escura.
São esperados 10 milhões de alertas automatizados por noite, disparados por mudanças detectadas nas imagens.
As primeiras imagens publicadas dão uma ideia da avalanche de descobertas que nos espera. Em 7 dias de observação, as imagens revelaram 2104 asteroides! O número de asteroides conhecidos hoje, descobertos ao longo dos últimos 200 anos é de aproximadamente 1 milhão. Espera-se que o Vera Rubin descubra 5 MILHÕES de asteroides nos próximos anos!
Cada trilha colorida nesta porção de uma imagem capturada pelo Observatório Vera Rubin é o rastro de um asteroide. No total, 2104 asteroides foram descobertos no campo das primeiras imagens. https://skyviewer.app/explorer?target=186.57565+9.0373&fov=0.04
Milhões de novos asteroides serão detectados, distâncias a outras galáxias poderão ser melhor conhecidas, a distribuição da matéria escura poderá ser mapeada.
Exibir e visualizar as imagens é também um desafio, mas uma ferramenta especial foi desenvolvida para permitir a exploração em detalhes das gigantescas capturas. Acesse o portal https://skyviewer.app para mergulhar nos detalhes vertiginosos que se escondem em cada pixel das imagens da LSST Camera.
Interface da plataforma Skyviewer, exibindo recorte de uma das primeiras imagens do Observatório Vera Rubin.
Ciência Além da Imaginação
Mas essas são apenas questões que já estão sobre a mesa da ciência atualmente. Instrumentos revolucionários como o Simonyi Survey Telescope e a LSST Camera costumam levantar questões sequer imaginadas, abrindo novas fronteiras para a ciência!
Além de imagens com detalhes sem precedentes, como a que vemos neste recorte do Aglomerado de Virgem, uma região do céu rica em galáxias brilhantes, onde nenhuma porção da imagem aparece desabitada por galáxias mais distantes, também se espera que perguntas científicas sem precedentes surjam a partir da análise dos dados.
O telescópio também poderá ser rapidamente redirecionado para alvos de oportunidade, apontando para fenômenos raros e transientes descobertos em outros observatórios.
O Observatório foi financiado pela National Science Foundation (NSF) e pelo Escritório de Ciência do Departamento de Energia dos EUA e é operado pelos laboratórios NOIRLab e SLAC, mas o Brasil é um elo vital na cadeia de transmissão rápida da avalanche de dados produzidos pelo Vera C. Rubin, através da infraestrutura fornecida pelo Laboratório Interinstituicional de e-Astronomia (LIneA)
A Ciência no Domínio Público
Estamos vendo o alvorecer de uma nova era na Astronomia. Com dados de qualidade e volume sem precedentes que revolucionarão nossa maneira de investigar o Cosmos. Mas o Observatório Vera C. Rubin vai além da pesquisa e tem sólidas iniciativas de educação e divulgação em Astronomia. Workshops e programas educacionais são disponibilizados em diversos idiomas e podem ser encontrados em https://rubinobservatory.org/education.
Acesse os recurso educacionais do Vera C. Rubin e aproprie-se você também dessa Ciência.
Esqueça os alarmistas (e falsos) anúncios de raríssimos alinhamentos dos planetas que congestionam as redes sociais e fique de olho no que realmente está embelezando os céus em junho!
Este post complementa nosso calendário mensal de eventos astronômicos e traz dicas para observação dos planetas e da Lua na segunda metade de junho de 2025.
Mercúrio
O planeta Mercúrio pode ser considerado uma visão rara, afinal ele se afasta muito pouco do Sol e precisa de céus limpos e visão desobstruída do horizonte a oeste para que possa ser observado, condições que poucas cidades oferecem. Mas para quem tem o privilégio de ter um horizonte visível no pôr do Sol da segunda quinzena de junho, Mercúrio estará ornando o entardecer. E nós já fizemos nossa captura no fim da tarde do dia 16 de junho enquanto o planeta compunha a cena com as estrelas castor e Póllux na constelação de Gêmeos:
Mercúrio visível ao entardecer em são José dos Campos. Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
Marte
Entre os dias 16 e 18 de junho, Marte visita a estrela Regulus, a mais brilhante na constelação de Leão. Fique de olho na primeira metade da noite enquanto o planeta vermelho chama a atenção pela proximidade com Regulus.
A imagem abaixo foi capturada na noite de 16 de junho em São José dos Campos e mostra Marte próximo do coração do Leão.
Marte na constelação do Leão e em conjunção com Regulu, fotografado em são José dos Campos. Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
A Lua
Ao se encaminhar para a fase minguante, a Lua permanece visível no céu durante as manhãs. Lembre de procurar nosso satélite no céu matutino para começar o dia com uma inspiradora visão. Um bom café a visão da Lua são nossa receita para começar bem o dia.
Lua matutina com 75% de sua face visível iluminada, fotografada na manhã de 16 de junho de 2025 em São José dos Campos. Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
Júpiter
Júpiter se aproxima da conjunção com o Sol, o ponto em que o Planeta Gigante passará por trás do Sol. A proximidade aparente de Júpiter com o Sol nos dias que antecedem e sucedem a conjunção nos impedem de observá-lo, mas um telescópio especial consegue acompanhá-lo nesse período: o SOHO (Solar and Heliospheric Observatory) é um telescópio espacial das agências NASA e ESA dedicado a observação solar.
Um de seus instrumentos, o LASCO (Large Angle and Spectrometric COronograph), produz um ‘eclipse artificial‘ ocultando o disco solar e permitindo a observação da região conhecida como coroa solar e de objetos transitando no campo.
Foi nas imagens do Lasco, acessadas pela plataforma Helioviewer, que buscamos Júpiter na manhã do dia 17 de junho para trazê-lo aqui:
A imagem acima é uma composição das imagens de dois telescópios. Em azul vemos o campo do coronógrafo LASCO, do telescópio SOHO. Em vermelho vemos o Sol em ultravioleta, observado pelo telescópio SDO.
Chega o inverno no hemisfério sul e, com ele, um espetáculo celeste a olho nu que permanece visível durante toda a noite!
Em locais escuros, afastados da poluição luminosa das zonas urbanas, é possível contemplar uma faixa clara que corta o céu de horizonte a horizonte: o plano de nossa galáxia, a Via Láctea. O caminho leitoso cujo nome se origina na mitologia clássica, onde conta-se que o leite de Hera, esposa de Zeus, espalhou-se pelo céu quando ela afastou o recém nascido Hércules, um dos muitos filhos de Zeus fora do casamento, que alimentava-se em seu peito.
A Via Láctea adorna o telescópio Perkin Elmer de 1,60 m no Observatório do Pico dos Dias, em Brazópolis – MG. Este é o maior telescópio em solo Brasileiro e é mantido e administrado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA). Imagem: Wandeclayt M./@ceuprofundo
O plano da Via Láctea, além de ornar o céu para a observação a olho nu, traz também uma grande concentração de objetos de céu profundo brilhantes, como aglomerados estelares e nebulosas. Particularmente, na direção do centro de nossa galáxia, na região das constelações de Escorpião e Sagitário, é possível se deleitar por noites a fio explorando a riqueza dos campos telescópicos. Experimente observar com binóculos ou com aumentos fracos em telescópios, proporcionando um campo mais largo que permita observar os objetos completamente dentro do campo.
Explorando o Centro Galáctico
As constelações de Escorpião e Sagitário são um verdadeiro baú do tesouro. Mas por sorte essas joias não estão escondidas e qualquer pequeno telescópio pode revelar o brilho dessas gemas do céu austral!
A área em verde na carta celeste acima delimita a constelação do Escorpião. Uma área rica em estrelas brilhantes e objetos de céu profundo, como os aglomerados abertos M6 e M7 e os aglomerados globulares M4 e M80. Objetos ao alcance de binóculos e pequenos telescópios. Carta gerado no software Cartes du Ciel/Sky
Visível a olho nu como uma pequena mancha esfumaçada próximo ao rabo do Escorpião (veja mapa acima) o aglomerado M6 surpreende ao ser observado na ocular do telescópio! Dezenas de estrelas, variando em coloração, desenham uma borboleta! Exercite sua imaginação tentando desenhar a borboleta nesta imagem capturada com um pequeno telescópio de 50mm de abertura.
Depois de ter passado pelo teste de imaginação com o Aglomerado da Borboleta, o desafio é encontrar na ocular uma região esfumaçada e concentrada, que olhos mais acostumados logo identificarão como um aglomerado globular: M4.
Acompanhe as próximas postagens aqui no blog para um guia com mais objetos de céu profundo do céu de inverno!
O Inverno Está Chegando
Na noite do dia 20 de junho, às 23:42, o Sol atinge o ponto mais ao norte em sua trajetória aparente, dando início ao inverno no hemisfério sul (e ao verão no hemisfério norte).
Com noites mais longas para os observadores ao sul da linha do equador e com o centro da Via Láctea passando alto no céu, essa é a estação preferida dos astrofotógrafos de grande campo que costumam compor suas imagens com nossa galáxia sobre a paisagem.
Data e Hora | Evento
2025/06/01 02h | Vênus em maior elongação a oeste (46°)
2025/06/01 07h | Marte 1.3°S da Lua
2025/06/02 00h | Regulus 1.6°S da Lua
2025/06/03 00h | Quarto Crescente
2025/06/06 11h | Spica 0.5°N da Lua (Ocultação*)
2025/06/07 08h | Lua no apogeu
2025/06/08 17h | Mercúrio 1.9°N de Júpiter
2025/06/10 08h | Antares 0.3°N da Lua (Ocultação**)
2025/06/11 04h | Lua Cheia
2025/06/11 20h | Lua mais ao sul (-28.4°)
2025/06/14 14h | Plutão 0.1°N da Lua (Ocultação***)
2025/06/17 13h | Marte 0.7°N de Regulus
2025/06/18 16h | Quarto Minguante
2025/06/18 22h | Saturno 3.0°S da Lua
2025/06/18 23h | Netuno 2.2°S da Lua
2025/06/20 23h | Solstício
2025/06/22 03h | Mercúrio 5.0°S de Pollux
2025/06/22 22h | Urano 4.8°S da Lua
2025/06/23 01h | Lua no perigeu
2025/06/24 12h | Júpiter em conjunção
2025/06/24 22h | Lua mais ao norte (28.4°)
2025/06/25 06h | Júpiter 5.0°S da Lua
2025/06/25 07h | Lua Nova
2025/06/26 16h | Pollux 2.4°N da Lua
2025/06/27 04h | Mercúrio 2.8°S da Lua
2025/06/29 09h | Regulus 1.3°S da Lua
2025/06/29 22h | Marte 0.2°S da Lua (Ocultação****)
* Visível em parte da África continental e Madagascar.
** Visível na Oceania e Ilha de Páscoa.
*** Visível em parte da Austrália.
**** Visível na costa noroeste da América do Sul.
Os Planetas em Junho/2025
Marte é o único planeta visível no início da noite durante o mês de junho. Júpiter inicia o mês baixo no horizonte e no dia 24 passa pela conjunção com o Sol, deixando o céu noturno pelos próximos meses, unindo-se a Vênus, Saturno, Urano e Netuno que já se agrupam no céu durante a madrugada.
Os planetas e o Sol em junho/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em junho/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em junho/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Configurações do Sistema Solar em Junho/2025
Os diagramas abaixo mostram a configuração dos planetas interiores e exteriores do Sistema Solar ao longo do mês de março, em coordenadas heliocêntricas. Os gráficos apresentam o Sistema Solar visto do norte do plano da órbita terrestre.
Enquanto aqui na Terra lutamos contra a esmagadora escala 6×1, a 150 milhões de quilômetros daqui, o Sol não descansou no fim de semana. Uma região ativa que se dirige ao limbo oeste do Sol emitiu um inesperado flare categoria X no fim da noite deste sábado (24/5).
E a mesma região deu um replay do espetáculo (mas com um pouco menos de intensidade, atingindo a categoria M, um pouco abaixo do limite da categoria X) na tarde deste domingo (25/5), por volta das 13:30h (horário de Brasília).
As imagens abaixo são uma composição de quadros capturados em duas faixas do ultravioleta pelo satélite de observação solar SDO (Solar Dynamics Observatory).
Flare classe X1.1 emitido pela região ativa AR4098 às 22:52 do sábado (24/5) no horário de Brasília. Imagens: NASA/SDO/AIA via Helioviewer.Flare classe M8.9 emitido pela região ativa AR4098 às 13:32 do domingo (25/5) no horário de Brasília. Imagens: NASA/SDO/AIA via Helioviewer.
Regiões ativas são regiões de concentração do campo magnético solar. Regiões com campos mais intensos podem fornecer energia para eventos como flares e ejeções de massa coronal (CME). Estudar e monitorar essas regiões é fundamental para a previsão de seus efeitos na interação com o campo magnético terrestre.
Esses efeitos incluem apagões de rádio em frequências usadas para comunicação ou mesmo a indução de correntes que podem sobrecarregar sistemas de transmissão de energia elétrica na Terra. Satélites com trajetórias passando por áreas afetadas pelas emissões solares também podem ser impactados e em certos casos é preciso desligá-los para evitar danos aos circuitos.
A perturbação da ionosfera pela atividade solar causa também um aumento do arrasto em satélites em órbita baixa, além de impactar na precisão de sistemas globais de navegação por satélite, como GPS (EUA), GLONASS (Rússia), Galileu (Europa) e BeiDou (China).
Classificando Flares
Os flares recebem uma classificação de acordo com a intensidade do pico do fluxo de raios X medidos por satélites na Terra na faixa entre 0,1 e 0,8 nm.
B – Intensidade menor que 1 µW/m2
C – Intensidade entre 1 e 10 µW/m2
M – Intensidade entre 10 e 100 µW/m2
X – Intensidade maior que 100 µW/m2
Cada classe é 10 vezes mais intensa que a anterior, e entre elas usamos um multiplicador para estabelecer uma graduação. Um flare M8.9, como o capturado na imagem acima corresponde a um pico de 8,9 x 10 µW/m2 = 89 µW/m2 . Ou seja, muito próximo do limite de 100 µW/m2 da classe X.
A classe X é ilimitada, e pode receber multiplicadores maiores que 10 para indicar flares mais intensos que 1 mW/m2.
Emissão de raios X detectados por satélites da NOAA. Os flares das imagens acima correspondem ao primeiro e ao último pico no gráfico. Créditos: NOAA/SWPC.
A região ativa responsável pelos eventos é identificada como AR14098, na numeração oficial atribuída pelo SWPC (Centro de Previsão do Clima Espacial) da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) e pode ser vista na imagem abaixo, na área com manchas escuras à direita e a meia altura. A imagem é uma captura do instrumento HMI do SDO.
A imagem abaixo é nossa captura usando um telescópio solar Coronado SolarMax II, na faixa do hidrogênio alfa, uma estreita faixa do espectro emitido pelo gás hidrogênio excitado na cromosfera solar. Além de filamentos e proeminências espalhados pelo Sol, podemos ver a animada região 4098 nas proximidades do limbo oeste do Sol.
Você já imaginou como seria tocar o céu? Ou explorar as crateras da Lua apenas pelo tato? É exatamente essa experiência que o projeto de acessibilidade para divulgação astronômica do planetário do Museu Interativo de Ciências (MIC), localizado em São José dos Campos- SP, quer proporcionar para pessoas com deficiência visual.
Estudamos astronomia a partir de um recurso essencialmente imagético: o céu. Sendo assim, surge uma barreira para o ensino dessa ciência para pessoas com deficiência visual. Essa preocupação é ampliada quando trazemos a discussão para espaços de divulgação astronômica como museus e planetários. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (lei nº 13.146/2015) assegura que a pessoa cega tenha o direito de ter acesso pleno a informações e bens culturais em formato adaptado.
Pensando nisso, iniciou-se em 2024 um projeto de extensão do MIC, através do qual foram desenvolvidas constelações táteis planificadas (Fig. 1) para auxiliar nas sessões de planetário. O desenvolvimento dessas constelações contou com o apoio de Tânia Dominici, pesquisadora titular do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e Projeto Céu Profundo.
Para o desenvolvimento das constelações táteis, foi usada como técnica principal a costura sobre o papel. Optou-se por utilizar a costura para representar o asterismo de cada constelação, ou seja, a figura formada pelas estrelas mais brilhantes de cada região do céu delimitada pela União Astronômica Internacional (IAU). Foram usados strass adesivo para representar as estrelas do asterismo e tinta relevo para o restante das estrelas que compõem a constelação. Ao todo, foram desenvolvidas treze constelações: zodiacais e Órion.
Figura 1- Constelações Táteis. Créditos: Camila Viell.
Novos rumos…
Em 2025, o projeto recebeu apoio do Observatório de Astronomia e Física Espacial da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) através do empréstimo de uma Lua tátil feita em impressão 3D. Através desse recurso, pessoas com e sem deficiência visual conseguem explorar as crateras da Lua apenas pelo tato.
No momento, o projeto conta com o desenvolvimento de dois novos recursos táteis: Carta celeste tátil e o asterismo da constelação Cruzeiro do Sul em três dimensões para representar distâncias entre estrelas. Todos os materiais tem como objetivo auxiliar na dinâmica de monitoria do MIC e tornar a visita ao planetário mais acessível!
Temos um convite especial para você!
Dos dias 17 a 24 de maio de 2025 acontecerá a exposição “Acessibilidade na Astronomia” no planetário do Museu Interativo de Ciências, onde as constelações táteis, a Lua tátil e a carta celeste tátil estarão expostas para a comunidade.
Figura 2- Exposição “Acessibilidade na Astronomia” no planetário do Museu Interativo de Ciências. Créditos: Camila Viell
O Museu Interativo de Ciências fica localizado na Rua Prof. Felício Savastano, S/N – Vila Industrial, São José dos Campos – SP. O museu abre de terça-feira à sexta-feira das 8h às 17h e aos sábados das 9h às 13h. Para fazer o agendamento da sua visita e para mais informações, clique aqui. Venha prestigiar a exposição!
Saturno deixa o céu noturno, e após a conjunção no dia 12 de março, passa a ser vsível nas madrugadas, pouco antes do nascer do Sol. Mas durante todo o mês de março, seja antes ou depois da conjunção, a verdade é que o planeta dos anéis será um alvo muito difícil de se detectar, devido à sua proximidade com o Sol, que o deixa mergulhado na luz do crepúsculo.
Vênus, Mercúrio e Netuno também encerrarão o mês a oeste do Sol,
Data e Hora | Evento
2025/03/01 01h | Mercúrio 0.4°N da Lua (Ocultação)*
2025/03/01 05h | Netuno 1.4°S da Lua
2025/03/01 18h | Lua no perigeu
2025/03/02 00h | Vênus 5.7°N da Lua
2025/03/02 14h | Mercúrio 1.9°N de Netuno
2025/03/04 22h | Urano 4.6°S da Lua
2025/03/06 07h | Júpiter 5.5°S da Lua
2025/03/06 13h | Quarto Crescente
2025/03/07 12h | Lua mais ao norte (28.7)
2025/03/08 01h | Mercúrio em maior elongação a leste (18)
2025/03/08 21h | Marte 1.6°S da Lua
2025/03/09 08h | Pollux 2.0°N da Lua
2025/03/12 01h | Mercúrio 5.6°S de Vênus
2025/03/12 05h | Regulus 2.0°S da Lua
2025/03/12 07h | Saturno em conjunção
2025/03/14 03h | Lua Cheia (Eclipse)
2025/03/14 18h | Mercúrio estacionário
2025/03/16 16h | Spica 0.3°N da Lua (Ocultação)*
2025/03/17 13h | Lua no apogeu
2025/03/19 20h | Netuno em conjunção
2025/03/20 06h | Equinócio
2025/03/20 13h | Antares 0.5°N da Lua (Ocultação)*
2025/03/22 03h | Lua mais ao sul (-28.7)
2025/03/22 08h | Quarto Minguante
2025/03/22 22h | Vênus em conjunção inferior
2025/03/23 01h | Vênus em maior elongação a oeste (9)
2025/03/24 16h | Mercúrio em conjunção inferior
2025/03/24 18h | Plutão 0.8°N da Lua (Ocultação)*
2025/03/28 08h | Saturno 1.7°S da Lua
2025/03/28 17h | Netuno 1.5°S da Lua
2025/03/28 19h | Mercúrio 2.0°N da Lua
2025/03/29 07h | Lua Nova (Eclipse)
2025/03/30 00h | Mercúrio 3.4°N de Netuno
2025/03/30 02h | Lua no perigeu
2025/03/31 17h | Marte 4.0°S de Pollux
* Ocultação não visível do Brasil.
Elipse Total da Lua (Noite de 13 para 14/3)
Um eclipse total da Lua, visível de todo o Brasil é o ponto alto na agenda do mês! Atente-se para os horários de cada fase do eclipse, na madrugada de 13 para 14 de março.
Entendendo as Fases do Eclipse
O diagrama abaixo mostra cada etapa do eclipse. A região circular no centro corresponde à sombra projetada pela Terra. Nas bordas dessa região, a sombra é mais clara e difusa e recebe o nome de penumbra. Quando a lua entre nesse setor, dizemos que teve início a fase penumbral do eclipse. A queda no brilho da Lua é sutil nessa fase. A região mais escura da sombra é a umbra. É nessa fase que vemos uma sombra com contornos mais definidos projetada sobre a Lua. O eclipse é total quando a Lua está completamente imersa na umbra.
Na fase total percebemos a Lua assumir um tom avermelhado, como um efeito da refração dos raios do Sol na nossa atmosfera. Ao atravessar a atmosfera da Terra a porção mais vermelha da luz visível sofre um desvio maior que as outras cores de luz, e acaba atingindo a região sombreada.
A fase penumbral tem início às 0:57h e o máximo do eclipse ocorrerá às 3:58h da madrugada do dia 14. O máximo é o instante central do eclipse, quando a Lua está mais próxima do centro da umbra.
Diagrama de fases do eclipse gerado no software Occult v4. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo
E C L I P S E L U N A R em 2025/03/14
Evento UTC-3
h m s
[1] A Lua Entra na Penumbra 0 57 11
[2] A Lua Entra na Umbra 2 09 24
[3] Início do Eclipse Total 3 25 59
[4] Máximo do Eclipse 3 58 46
[5] Fim do Eclipse Total 4 32 2
[6] A Lua Sai da Umbra 5 48 19
[7] A Lua Sai da Penumbra 7 00 31
Magnitude do Eclipse Umbral = 1.180
O Céu em Março – Destaques do Mês.
No último mês do verão, a constelação de Órion, o caçador, ainda cruza imponente o céu escoltada por seus cães. Órion é uma das constelações mais facilmente reconhecíveis no céu, sobretudo pelas populares Três Marias, que formam o cinturão da figura representada na constelação clássica.
As constelações de Órion, Touro, Gêmeos e Cão Maior no atlas Uranographia (1801) de Johann Elert Bode (1747-1826) . Créditos: ETH-Bibliothek Zürich.
As constelações de Órion, Touro, Gêmeos e Cão Maior no atlas Uranographia (1801) de Johann Elert Bode (1747-1826) . Créditos: ETH-Bibliothek Zürich.
As constelações de Órion, Touro, Gêmeos e Cão Maior no atlas Uranographia (1801) de Johann Elert Bode (1747-1826) . Créditos: ETH-Bibliothek Zürich.
Órion é também o lar de um dos mais brilhantes objetos de céu profundo: A Grande Nebulosa de Órion (M42). Sucesso absoluto entre observadores amadores, a Nebulosa de Órion é um vasto berçário estelar que facilmente revela suas cores, mesmo em imagens sem exaustivas técnicas de processamento. Na imagem abaixo, um frame único com 15 segundos de exposição – sem empilhamento, capturado com câmera DSLR através de um telescópio refrator apocromático de 122 mm de abertura, é possível ver os tons avermelhados emitidos pelo hidrogênio em contraste com os tons azulados refletindo a luz das jovens estrelas que surgiram da nuvem.
No entanto, em observações visuais, embora seja possível perceber detalhes finos na estrutura da nebulosa, não há luz suficiente para que as cores sejam percebidas.
Grande Nebulosa de Órion (M42). Frame único, com 15 segundos de tempo de exposição, registrado com telescópio refrator apocromático de 122 mm. Créditos: Wandeclayt M./@ceuprofundo
A dica é aproveitar o mês de março, enquanto Órion ainda é visível durante toda a primeira metade da noite para localizar e observar esta magnífica nebulosa. use os recursos que estoverem disponíveis: olho nu, câmeras, celulares, binóculos, telescópios ou mesmo observatórios remotos!
A constelação de Órion se pondo no horizonte de São José dos Campos (SP). A nebulosa M42 pode ser vista a olho nu ao sul das Três Marias. Créditos: Wandeclayt M. / @ceuprofundo.
Os Planetas em Março/2025
Após um período de fartura, com Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno no céu noturno nos meses de janeiro e fevereiro, entraremos na escassez de alvos planetários no início das noites. Saturno, Vênus e Netuno mergulharão em direção ao horizonte cada vez mais cedo e despontarão no horizonte leste nas madrugadas, pouco antes do nascer do Sol.
no fim de março, ficaremos apenas com Júpiter e Marte ainda como atrações brilhantes nas primeiras horas da noite.
Para acompanhar a movimentação de todos os planetas durante o mês, clique na imagem para ampliar.
Os planetas e o Sol em março/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em março/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Os planetas e o Sol em março/2025. Carta gerada em Python 3.9 com os pacotes astropy, astroquery e matplotlib. [Wandeclayt M./Céu Profundo]
Configurações do Sistema Solar em Março/2025
Os diagramas abaixo mostram a configuração dos planetas interiores e exteriores do Sistema Solar ao longo do mês de março, em coordenadas heliocêntricas. Os gráficos apresentam o Sistema Solar visto do norte do plano da órbita terrestre.