Pesquisadores do INPE Lançam Livro Gratuito de Astronomia e Astrofísica

Coleção Introdução à Astronomia e Astrofísica (2024)

Desde 1998, a Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Atividades Espaciais (INPE) organiza o Curso de Introdução à Astronomia e Astrofísica (CIAA), voltado para professores do ensino fundamental e médio e para estudantes de graduação em Ciências Exatas.

Em suas 25 edições, o CIAA se consolidou como um importante curso de formação e atualização para professores e futuros cientistas em um ambiente imersivo, em contato com pesquisadores envolvidos em alguns dos mais importantes projetos de pesquisa e desenvolvimento em Astronomia do Brasil.

Com um conteúdo atual e abrangente, o curso desperta grande interesse por suas vagas a cada edição. Suas notas de aula são uma valiosa referência e vê-las lançadas em formato de livro, com organização do Dr. André Milone (Divisão de Astrofísica/INPE), é motivo de alegria para os interessados no tema que carecem de literatura em português.

Os três volumes da coleção Introdução à Astronomia e Astrofísica lançados nesta quinta-feira (31/10) cobrem todo o programa do CIAA e estão disponíveis gratuitamente em formato PDF. Baixe nos links abaixo:

  • Volume 1 – Astronomia no dia a dia, Astrofísica Observacional, O Sistema Solar, Habitabilidade Cósmica e a Possibilidade de Vida em Outros Locais do Universo.
  • Volume 2 – O Sol, Formação de Estrelas, A Vida das Estrelas, Estágios Finais de Estrelas
  • Volume 3 – Galáxias, Cosmologia, Astrofísica de Ondas Gravitacionais.

Personalizando Paisagens do Stellarium

O planetário virtual Stellarium é um software gratuito e de código aberto, disponível para Linux, Mac OS e Windows, capaz de gerar visualizações realistas do céu em posições e instantes definidos pelo usuário. Essas visualizações criam uma experiência imersiva que pode ficar ainda mais interessante quando criamos uma cenário personalizado retratando uma paisagem conhecida ou seu local de observação preferido.

Paisagem personalizada do Museu Interativo de Ciências de São José dos Campos (SP) [Wandeclayt M./Céu Profundo].

Essa personalização é simples e pode ser gerada em poucos passos. É preciso ter alguma familiaridade com edição de imagens e com as funções do Stellarium, mas nenhuma ferramenta complexa é necessária.

  1. Crie uma imagem panorâmica de 360º. Não é preciso incluir todo o céu. É possível criar a imagem fundindo duas imagens panorâmicas de 180º (ou conjuntos de imagens menores, desde que cubram os 360º de horizonte) num programa de edição de imagens (Photoshop, Gimp). Uma opção gratuita é a ferramenta de montagem de panoramas Hugin.
  2. Remova o céu (a área do céu deve ficar transparente em um arquivo png).
  3. A relação de aspecto da imagem deve ser 2:1. 2048×1024 funciona bem.
  4. Crie um arquivo “landscape.ini” com os dados de sua paisagem. Este é um exemplo de arquivo:
Exemplo de arquivo landscape.ini
[landscape]
name = MIC
author = Wandeclayt M/@ceuprofundo
description = Museu Interativo de Ciências de São José dos Campos - SP - Brasil.
type = spherical
maptex = mic_sjc2k.png
angle_rotatez = 150

[location]
planet = Earth
country = Brazil
timezone = America/Sao_Paulo
latitude = -23d10'59"
longitude = -45d51'31"
altitude = 650

Você pode precisar ajustar o azimute de sua imagem para que os pontos cardeais coincidam com a paisagem. Esse ajuste pode ser feito pelo parâmetro “angle_rotatez” no arquivo landscape.ini.
Depois destes passos, compacte seu arquivo de imagem png e seu arquivo landscape.ini em um único arquivo zipado. A instalação será feita a partir do arquivo zip.

Para instalar, acesse o menu de paisagens na barra esquerda da interface do Stellarium, ou use a tecla de função F4. Na aba paisagem você encontrará a opção de adicionar/remover paisagens. Selecione seu arquivo Zip e a nova paisagem será incorporada ao aplicativo.

Instalação de um novo pacote de paisagem.
Stellarium com a nova paisagem instalada e selecionada.

Para Saber Mais.

O blog Astrocamera de Dave Kodama também descreve o procedimento de criação/instalação de paisagens. E documentação do Stellarium voltada a desenvolvedores pode ser encontrada em http://stellarium.org/doc/head/index.html

Calendário Astronômico – Novembro 2024

Calendário Astronômico

Efemérides foram computadas usando as bibliotecas astropy e astroquery em Python e o software Occult v4.

Eventos do Mês

Data e Hora   | Evento

2024/11/01 09h | LUA NOVA  
2024/11/03 03h | Mercúrio 2.0°N da Lua  
2024/11/03 22h | Antares 0.1°N da Lua (Ocultação)*  
2024/11/04 20h | Vênus 3.1°N da Lua  
2024/11/05 14h | Lua mais ao sul (-28.6)  
2024/11/07 19h | Plutão 1.5°N da Lua  
2024/11/09 02h | QUARTO CRESCENTE  
2024/11/10 08h | Mercúrio 2.0°N de Antares  
2024/11/10 22h | Saturno 0.1°S da Lua (Ocultação)**  
2024/11/11 23h | Netuno 0.6°S da Lua (Ocultação)*  
2024/11/14 08h | Lua no perigeu  
2024/11/15 18h | LUA CHEIA  
2024/11/15 20h | Urano 4.2°S da Lua  
2024/11/15 21h | Mercúrio na máxima elongação a leste (23°)  
2024/11/16 03h | Saturno estacionário  
2024/11/16 23h | Urano em oposição  
2024-11-16/17  | Pico da chuva de meteoros Leonídeos (ZHR = 15)
2024/11/17 11h | Júpiter 5.6°S da Lua  
2024/11/18 07h | Lua mais ao norte (28.5)  
2024/11/19 23h | Pólux 1.8°N da Lua  
2024/11/20 19h | Marte 2.3°S da Lua  
2024/11/22 20h | Regulus 2.5°S da Lua  
2024/11/22 22h | QUARTO MINGUANTE  
2024/11/26 00h | Mercúrio estacionário  
2024/11/26 08h | Lua no apogeu  
2024/11/27 09h | Spica 0.4°S da Lua (Ocultação)*

* Não visível do Brasil.
** Visível de parte do Brasil. Consulte mapa abaixo.

Os Planetas em Novembro

Passado o frenesi com a possibilidade dos cometas C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) e C/2024 S1 (ATLAS) se tornarem alvos brilhantes o suficiente para serem observados de dentro das cidades, em novembro nossos olhos se voltam para os planetas. Mercúrio, Vênus e Saturno brilham ao anoitecer, enquanto Júpiter surge no meio da noite, depois de ter reinado nas madrugadas nos últimos meses.

Na direção da constelação do Touro, Júpiter está em uma região do céu rica em estrelas brilhantes e em objetos de céu profundo. Ao redor do planeta gigante encontramos os aglomerados abertos Plêiades (M45) e Híades. A estrela gigante vermelha Adebaran (alfa do Touro) e o resto de supernova Nebulosa do Caranguejo (M1). Atingindo a oposição no dia 16/11, o planeta Urano também está nos limites da constelação do Touro. É a melhor oportunidade do ano para observar este gigante gelado.

NO meio da noite, no horizonte leste, Júpiter nasce escoltado por Aldebaran e Betelgeuse, duas gigantes vermelhas do céu de Verão. [simulação no Stellarium por Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo].

Nenhuma chuva de meteoros expressiva para observação no hemisfério sul tem pico de atividade em novembro. Na noite de 16 para 17 de novembro, o s Leonídeos terão seu máximo de atividade, mas além da baixa taxa horária zenital de meteoros, a Lua estará cheia, prejudicando ainda mais a observação.

Ocultação de Saturno pela Lua. Horário da conjunção: 2024-11-10T22:43h (Horário de Brasília).

Os planetas em Novembro/2024

Clique na imagem para ampliar.

Satélites de Júpiter

Configuração dos satélites galileanos em novembro/2024 [https://pds-rings.seti.org/tools/tracker3_jup.shtml]

Anéis de Saturno

Configuração dos anéis de Saturno em 15 de novembro. [https://pds-rings.seti.org/tools/viewer3_sat.shtml]

Stellarium: Viajando pelo Sistema Solar

Se você já usou a versão desktop do planetário virtual Stellarium, ou se já assistiu alguma sessão de planetário digital que utilizou o aplicativo, sabe que suas simulações além de envolventes possuem um imenso potencial como recurso visual para aulas e apresentações.

Mas essa experiência pode ficar ainda mais envolvente e fluida com o uso de scripts, automatizando funções e mudanças de parâmetros do aplicativo. É possível criar apresentações que são verdadeiros filmes, com transições suaves e com uma dinâmica quase vertiginosa que prende a atenção da audiência.

Para exemplificar o poder dos scripts do Stellarium, vamos juntos criar um tour pelos planetas do Sistema Solar, demonstrando algumas das principais classes de objetos acessíveis através de scripts. Vamos colocar a mão na massa?

Com a Mão na Massa!

Antes de tudo, você vai precisar ter o Stellarium instalado em sua máquina. Ele é gratuito e está disponível para os principais sistemas operacionais de desktops e laptops atuais (Linux, MacOS e Windows). Para baixar os arquivos de instalação, acesse: http://stellarium.org

Assumindo que você tenha o aplicativo instalado e tenha se familiarizado com sua interface gráfica, é hora de acessar o console para escrevermos os scripts. Use a tecla de função F12 para acessar diretamente o Script Console.

Script Console do Stellarium. Acessível pela tecla de função F12.

A partir de agora escreveremos um roteiro para nossa sessão cinema interplanetário. Precisaremos acessar funções que estão agrupadas em diferentes classes. Algumas comandam a exibição de símbolos e linhas na tela. Outras comandam os movimentos do telescópio. Outros são funções básicas do aplicativo, comandando, por exemplo, a passagem do tempo, os modos de visualização ou a seleção de objetos.

Conhecendo algumas Classes

  • core – Funções básicas.
  • LandscapeMgr – Gerenciamento de visualização da paisagem.
  • StelMovementMgr – Gerenciamento de movimento.
  • GridLinesMgr – Gerenciamento de linhas de grade.

É possível consultar a documentação detalhada dessas e de outras classes acessando: http://stellarium.org/doc/head/scripting.html

Loops

É possível criar iterações dentro dos scripts. A sintaxe de um loop for é:

for (i=valor inicial; i<valor final; i++)
{
    comandos
}

Inicializando a apresentação

Queremos inicialmente configurar o Stellarium para a data atual e para a localização do observador, além de habilitar uma visualização em disco e sem a atmosfera. Esses parâmetros são ajustáveis atrav´s de funções das classes core e LandscapeMgr.

  1. Ajustar data inicial.
  2. Ajustar localização do observador.
  3. Habilitar visualização em disco.
  4. Desabilitar a atmosfera.
  5. Desabilitar o cenário (landscape).

Adicionaremos antes duas variáveis para controlar a duração (em segundos) das pausas estabelecidas nas funções core.wait().

// Stellarium - Tour pelo Sistema Solar

var pausa = 3; // variavel criada para a funcao core.wait()
var pausaLonga = 6;
 
//ajuste de data e localizacao
core.setDate("now");
core.setObserverLocation(-45.9, -23.2, 650, 3, "São José dos Campos", "Terra");
core.setDiskViewport(true);

//ajuste da paisagem
LandscapeMgr.setFlagAtmosphere(false);
core.wait(pausa);

LandscapeMgr.setFlagLandscape(false);

Primeiro Movimentos

Agora comandaremos os primeiros movimentos de nossa apresentação. Queremos que a visualização corresponda a de um telescópio em montagem equatorial, evitando que o campo gire sempre que o objeto cruzar o meridiano local, como ocorre em telescópios em montagem altazimutal. Isso, felizmente, também pode ser configurado.

Queremos inicialmente um campo amplo, olhando para o zênite e cobrindo 180º do céu.

  1. Configurar montagem equatorial.
  2. Desfazer qualquer seleção de objeto pré-existente.
  3. Olhar para o zênite.
  4. Ajustar o zoom para 180º.
StelMovementMgr.setEquatorialMount(true);
StelMovementMgr.deselection();
StelMovementMgr.lookZenith(pausa);
core.wait(pausa);
StelMovementMgr.zoomTo(180, pausa);
core.wait(pausa);

Criando o Roteiro da Viagem.

Nossos destinos serão incluídos em uma lista que será acessada dentro de nosso script.

var planets = ["Sun", "Mercury", "Venus", "Mars", "Jupiter", "Saturn", "Uranus", "Neptune"]

Em seguida vamos apontar para o primeiro objeto, inciando um loop for para varrer toda a lista, aproximando a visualização, aguardando por um tempo e em seguida afastando a visualização e passando ao próximo objeto.

for (i=0; i<planets.length; i++)
{
	objName = planets[i];
	core.selectObjectByName(objName);
        core.output(objName); //exibe o nome do objeto no console
	StelMovementMgr.autoZoomIn(pausa);
	core.wait(pausaLonga);
	StelMovementMgr.zoomTo(40,8); // zoom out
	core.wait(pausaLonga);
}

Já temos até aqui, um tour completo pelos maiores corpos do Sistema Solar. Você pode digitar ou colar cada um desses blocos no Script Console do seu Stellarium e executar o script para ver a magia acontecer.

É um script curto e fácil de compreender, que pode servir de ponto de partida para suas ideias mais complexas. Por sinal, talvez você tenha sentido falta de um planeta, não? Que tal criar um passo final no seu script para levar o observador até a Lua e exibir a Terra?

Hora do desafio: que tal irmos até a Lua pra dar uma olhadinha em nossa Terra?

Faixa Bônus

O próximo bloco de código é um bônus em nosso passeio. Você consegue identificar o que ele faz e integrá-lo ao seu script?

//Jupiter
var planet = "Jupiter"
core.setDate("now")
LandscapeMgr.setFlagLandscape(false);
LandscapeMgr.setFlagAtmosphere(false);
core.output(planet);
core.moveToObject(planet , 3);
core.selectObjectByName(planet)
StelMovementMgr.autoZoomIn(3);
core.output(planet);
core.wait(3);
StelMovementMgr.zoomTo(0.05, 3);
//core.wait(pausaLonga);
for (i=0; i<360; i++)
{
    var data = core.getDate()
    core.output(data)
    core.setDate("data +0.2hours");
    core.wait(0.02);
}

Não Deixe o Cometa se Tornar a Frustração do Século!

O cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) é realmente um dos cometas mais brilhantes das últimas décadas. Como uma vantagem adicional para observadores no hemisfério sul, a passagem pelo periélio, o ponto da órbita do cometa mais próximo ao Sol, ocorreu com o cometa ao Sul da eclíptica – o plano da órbita terrestre – nos garantindo uma visão privilegiada no período de maior brilho do cometa.

Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) exibindo uma longa cauda na constelação de Leão, fotografado em uma região afastada da poluição luminosa em São José dos Campos (SP). [imagem: Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo]

A imagem que abre esta postagem foi capturada na madrugada de 02 de outubro, em São José dos Campos (SP), numa região afastada da zona urbana da cidade. Acordamos às 3 da manhã e nos deslocamos até às margens da rodovia Carvalho Pinto, para evitar a contaminação das luzes da cidade na imagem. Esse esforço garantiu que a longa cauda do cometa fosse registrada quase que preenchendo todo o campo da imagem, com uma objetiva de 85 mm.

Uma imagem inegavelmente deslumbrante, não? Mas todo esse esplendor que tem deixado eufórica a comunidade da astrofotografia está muito longe do que pode ser contemplado a olho nu.

Na verdade, encontrar o cometa tão baixo no horizonte e mergulhado nos primeiros raios do amanhecer é uma tarefa desafiadora. E se você espera uma imagem tão contrastada e brilhante quanto as que você certamente tem visto publicadas, a única coisa que vai encontrar é frustração.

Então não Vou Ver o Cometa?

Há algumas dicas para melhorar sua experiência ao observar um cometa. A primeira vale pra qualquer tipo de observação de objetos tênues no céu: afaste-se da poluição luminosa! As luzes da cidade mascaram os objetos menos luminosos ou mais difusos.

E mesmo que você se afaste em direção a áreas rurais ou zonas nas periferias da cidade, evite ter luzes fortes na vizinhança, especialmente luzes que você possa ver diretamente. Olhar para telas também vai prejudicar sua adaptação à escuridão, então deixe seu celular no bolso se quiser manter suas pupilas dilatadas.

Outro obstáculo a ser contornado é a baixa elevação do cometa sobre o horizonte. É preciso procurar locais com vista desobstruída na direção do cometa. De preferência locais que permitam ver pelo menos a partir de 5º acima do horizonte.

Mas a Iluminação Atrapalha Tanto Assim?

Na imagem abaixo é possível perceber o impacto da poluição luminosa. O brilho do céu, causado pela excessiva e mal direcionada iluminação da cidade, oculta estrelas e diminui a visibilidade do cometa. A rede de observadores de cometas COBS estima magnitude próxima a 1.5 no momento da foto.

Em um local escuro e com o cometa alto no céu, isso significaria um objeto muito brilhante! Mas no meio da cidade e com o objeto baixo, observado através de uma camada muito mais espessa da atmosfera (com o agravante da presença da fumaça das queimadas) o cometa é apenas marginalmente percebido a olho nu. E as luzes da cidade são refletidas e espalhadas pelas partículas em suspensão, deixando o céu excessivamente brilhante!

Nessas condições, o “Cometa do Século” fica reduzido a pouco mais que uma sutil manchinha que parece sumir quando olhamos diretamente para ela.

Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) fotografado sobre a cidade de São José dos Campos (SP). O cometa está a menos de 10º acima do horizonte, imerso na poluição luminosa. Apesar de exibir bom contraste e brilho na imagem, o cometa não era facilmente perceptível a olho nu. [imagem: Wandeclayt M./Projeto Céu Profundo].

É preciso também saber exatamente para onde olhar! Você pode se orientar pelo mapa abaixo, ou consultar diagramas mais detalhados como os fornecidos pelo site TheSkyLive.

E com Instrumentos?

O brilho do cometa evoluiu bem após a passagem pelo periélio, mas isso não garante que ele seja facilmente perceptível a olho nu, principalmente de dentro de áreas urbanas. Mas telescópios não são os melhores instrumentos para a observação de cometas. Com os grandes aumentos e pequenos campos proporcionados pelos telescópios, vemos apenas a região ao redor do núcleo do cometa. Se você quer uma visão mais ampla, binóculos são os instrumentos ideais. Binóculos com 50 mm de abertura e 7 aumentos (identificados como 7×50) são uma boa escolha: são leves, produzem imagens luminosas e com grande campo e são relativamente baratos.

Curva de luz do cometa C/2023 A3, medida por observadores da rede COBS.

Tudo Vale a Pena (Se a Alma Não é Pequena).

Mas merecendo o título “Cometa do Século”ou não, faça um esforço para observar com seus próprios olhos o C/2023 A3 e qualquer outro cometa que esteja acessível de sua latitude. São eventos raros e cada cometa é único! Cada um destes visitantes dos confins do Sistema Solar evolui de maneiras distintas, podendo desenvolver uma ou mais caudas, com diferentes geometrias, comprimentos brilhos e composição. Sua evolução também pode ser bastante dinâmica exibindo grandes variações de brilho e erupções ou mesmo podendo se fragmentar.

E mesmo que os cometas não sejam realmente os faróis ofuscantes que os títulos das manchetes ou os posts em redes sociais querem nos fazer crer sejam, vale a pena o esforço de buscar locais e condições melhores para observar essas “manchinhas”. Pode ser uma jornada realmente trabalhosa, mas garantimos que são grandes as chances de a experiência se tão recompensadora que você sentir a tentação de se juntar definitivamente à turma da caça aos cometas!

Dominando o Stellarium: o poder oculto dos scripts.

O planetário virtual Stellarium é uma poderosa e divertida ferramenta para a simulação do céu. E é possível torná-lo ainda mais poderoso e divertido através de scripts que automatizam sua execução.

Os scripts são arquivos de texto com roteiros que comandam a execução automática de funções e a alteração de configurações no Stellarium. São especialmente úteis em exibições públicas, palestras e sessões de planetário, dispensando a necessidade da interação com o operador durante a sessão e tornando muito mais suaves as transições e animações.

Quer conhecer mais esse recurso do Stellarium e criar apresentações para impressionar seu público? Então esse post é pra você.

“Hello World”

Nosso primeiro script é o clássico “Hello World”, escrevendo uma saudação na tela do aplicativo.

Usaremos o console acessível através da tecla de função F12 de seu teclado.

Console de execução de Scripts no Stellarium 0.22.2 [Wandeclayt M./@ceuprofundo]

Dentro da aba “Script” no console, vamos digitar o nosso código. O código é razoavelmente simples e você certamente vai entender os parâmetros envolvidos, mas se quiser conhecer com mais detalhes a classe LabelMgr, utilizada para escrever a mensagem na tela, consulte a documentação do Stellarium aqui.

As linhas iniciadas com “//” são comentários, e não são interpretadas como comandos.

// primeiro vamos limpar a tela, apagando rotulos que possam estar exibidos
LabelMgr.deleteAllLabels();

// criamos variaveis para cada parametro
var mensagem = "Hello World!";
var posicaoX = 200;
var posicaoY = 400;
var tamanhoFonte = 36;
var corFonte = "#FFFF00" //amarelo

// exibicao da mensagem
LabelMgr.labelScreen(mensagem, posicaoX, posicaoY, true, tamanhoFonte, corFonte);

O resultado desse script é a exibição da mensagem “Hello World” em caracteres amarelos, com tamanho 36, na posição (x=200, y=400) da tela.

Um jeito mais curto de escrever isso seria inserir os valores diretamente na função, sem o uso de variáveis. :

LabelMgr.deleteAllLabels();
LabelMgr.labelScreen("Hello World", 200, 400, true, 36, "#FFFF00");

Segundos Passos

Você agora já deu seus primeiros passos no maravilhoso mundo dos scripts do Stellarium e é hora de descobrir um pouco mais do que esse mundo pode oferecer.

No próximo exemplo vamos automatizar algumas funções básicas, alterando seus parâmetros para visualizar a passagem meridiana do Sol em diversas latitudes no dia do equinócio de setembro de 2024.

Queremos que as funções sejam executadas em sequência e que haja um intervalo entre a execução de algumas delas.

A sequência de comandos desejada é:

  1. Ajustar a data e hora para (“2024:09:22T12:00:00”, “local”)
  2. Interromper passagem do tempo;
  3. Habilitar visualização realista;
  4. Ajustar posição para São José dos Campos (-23.22, -45.90, 650m)
  5. Ajustar campo para 180º;
  6. Olhar para o zênite, de frente para o sul.;
  7. Exibir linha da eclíptica;
  8. Exibir equador celeste;
  9. Deslocar para a latitude de alcântara, mantendo a longitude;
  10. Deslocar para o trópico de câncer, mantendo a longitude;
// Author: Projeto Ceu Profundo
// Version: 0.0.1
// License: Public Domain
// Name: Primeira Luz - Tarefa 1 (Equinócio de Setembro)
// Description: Exibe o Sol ao meio dia local em três latitudes diferentes.

// Made on Stellarium 0.22.2

//1. Ajustar a data e hora para ("2024:09:22T12:00:00", "local")
core.setDate("2024:09:22T12:00:00", "local");
//2. Interromper passagem do tempo;
core.setTimeRate(0);
//3. Habilitar visualização realista;
core.clear("natural");
core.wait(5) // introduz um atraso de 5 segundos até a próxima função
//4. Ajustar posição para São José dos Campos (-23.22, -45.90, 650m)
core.setObserverLocation(-45.9, -23.22, 650., 3., "São José dos Campos", "Terra");
//5. Ajustar campo para 180º;
StelMovementMgr.zoomTo(180, 2);
//6. Olhar para o zênite, de frente para o sul.;
StelMovementMgr.lookZenith();
core.wait(2) // introduz um atraso de 2 segundos até a próxima função
//7. Exibir linha da eclíptica;
GridLinesMgr.setFlagEclipticLine(true);
core.wait(2) // introduz um atraso de 2 segundos até a próxima função
//8. Exibir equador celeste;
GridLinesMgr.setFlagEquatorLine(true);
core.wait(2) // introduz um atraso de 2 segundos até a próxima função
//9. Deslocar para a latitude de alcântara, mantendo a longitude;
core.setObserverLocation(-45.9, -2.5, 10., 3., "Alcântara", "Terra");
core.wait(5) // introduz um atraso de 5 segundos até a próxima função
//10. Deslocar para o trópico de câncer, mantendo a longitude;
core.setObserverLocation(-45.9, 23.22, 10., 3., "Trópico de Câncer", "Terra");

Próximos Passos

Agora você já deve ter percebido que o céu não é o limite (#BaDumTss) para a sua criatividade na hora de escrever scripts para o Stellarium.

Os seus scripts serão tão complexos e atraentes quanto o seu repertório permitir. Familiarização com as funções e capacidades do Stellarium é a condição fundamental para automatizar essas funções e capacidades através de scripts. A documentação em http://stellarium.org/doc/head/ é bem completa e é uma grande aliada para usuários mais avançados. Mas se você quer seguir adiante sem mergulhar no manual, listamos a seguir alguns comandos úteis em um guia de referência para seus primeiros scripts.


GUIA DE REFERÊNCIA

Core (Funções Básicas)

core.clear(“natural“) – Limpa as opções de exibição. Apaga linhas, marcadores e rótulos. Exibe atmosfera e paisagem.

core.setDate(“aaaa-mm-ddThh:mm:ss”, “local/utc”) – Ajusta a data/hora.
core.setDate(“now”) – Ajusta a data/hora para a data/hora atual do sistema.

core.wait(i) – Introduz uma pausa de i segundos.
core.setTimeRate(i) – Ajusta a velocidade da simulação (0=tempo interrompido, 1=velocidade natural, n = tempo acelerado n vezes.)
core.waitFor(“aaaa-mm-ddThh:mm:ss”, “local/utc”) – Espera até a data/hora indicada.

core.setObserverLocation(longitude, latitude, altitude, duração, nome, planeta)
core.setGuiVisible(true/false) – exibe(true)/oculta(false) a interface gráfica.
core.setFlagGravityLabels(true/false) – habilita/desabilita rótulos orientados com o horizonte.

core.selectConstellationByName(“constelação”) – Seleciona a constelação indicada. Use o nome da constelação em latim ou o código de três letras (ex: “Virgo” ou “Vir”).
core.selectObjectByName(“nome do objeto”) – Seleciona um objeto celeste. Use a designação do objeto em um catálogo de céu profundo (NGC, Messier…), uma designação estelar (Bayer, Flamsteed, HD… ), o nome de uma constelação – em latim ou usando a designação de 3 letras da IAU – ou o nome de um planeta (em inglês).

core.moveToAltAzi(atura, azimute, duração) – aponta para a atura e azimute indicados.
core.moveToObject(“nome do objeto”, duração) – aponta para um objeto celeste indicado. Use a designação do objeto em um catálogo de céu profundo (NGC, Messier…), uma designação estelar (Bayer, Flamsteed, HD… ), o nome de uma constelação – em latim ou usando a designação de 3 letras da IAU – ou o nome de um planeta (em inglês).
core.moveToSelectedObject(duração) – Aponta para um objeto selecionado.

http://stellarium.org/doc/head/classStelMainScriptAPI.html

LandscapeMgr (Atributos de Cenário)

LandscapeMgr.setFlagCardinalPoints(false) – exibe(true)/oculta(false) os pontos cardais.
LandscapeMgr.setFlagAtmosphere(true/false) – exibe(true)/oculta(false) atmosfera.

GridLinesMgr (Atributos de Linhas)

GridLinesMgr.setFlagEquatorGrid(true/false) – exibe(true)/oculta(false) a grade equatorial.
GridLinesMgr.setFlagEquatorLine(
true/false) – exibe(true)/oculta(false) o equador celeste.
GridLinesMgr.setFlagAzimuthalGrid(
true/false) – exibe(true)/oculta(false) a grade azimutal.
GridLinesMgr.setFlagEclipticLine(true/false) – exibe(true)/oculta(false) a linha da eclíptica.
GridLinesMgr.setFlagMeridianLine(true/false) – exibe(true)/oculta(false) a linha do meridiano local.
GridLinesMgr.setFlagCircumpolarCircles(
true/false) – exibe(true)/oculta(false) círculos circumpolares.
GridLinesMgr.setFlagCelestialPoles(true/false) – exibe(true)/oculta(false) os polos celestes.

http://stellarium.org/doc/head/classGridLinesMgr.html

ConstellationMgr (Atributos de constelações)

ConstellationMgr.setFlagArt(true/false) – exibe(true)/oculta(false) arte das constelações.
ConstellationMgr.setFlagBoundaries(true/false) – exibe(true)/oculta(false) bordas das constelações.
ConstellationMgr.setFlagLines(true/false) – exibe(true)/oculta(false) linhas das constelações.
ConstellationMgr.setFlagLabels(true/false) – exibe(true)/oculta(false) rótulos das onstelações.

StelMovementMgr ()

StelMovementMgr.lookZenith() – aponta para o zênite, com o Sul na parte de baixo da tela.
StelMovementMgr.deselection() – desfaz a seleção de objeto.
StelMovementMgr.zoomTo(campo em graus, duração) – ajusta o zoom para o campo indicado.

http://stellarium.org/doc/head/classStelMovementMgr.html

Calendário Astronômico – O Céu de Agosto/2024

Calendário Astronômico

Efemérides foram computadas usando as bibliotecas astropy e astroquery em Python e o software Occult v4.

    Data e Hora   | Evento

    2024-08-01 02 | Lua mais ao norte (28.5°)
    2024-08-02 19 | Pollux 1.8°N da Lua
    2024-08-04 04 | Mercúrio estacionário
    2024-08-04 08 | LUA NOVA
    2024-08-04 14 | Marte 4.9°N de Aldebarã
    2024-08-05 02 | Vênus 1.0°N de Regulus
    2024-08-05 18 | Regulus 2.7°S da Lua
    2024-08-05 20 | Vênus 1.6°S da Lua
    2024-08-07 23 | Mercúrio 5.8°S de Vênus
    2024-08-08 21 | Lua no apogeu
    2024-08-10 07 | Spica 0.6°S da Lua Ocultação(*)
    2024-08-11/12 | Pico da chuva de meteoros Perseídeos (ZHR > 50)
    2024-08-12 12 | QUARTO CRESCENTE
    2024-08-14 02 | Antares 0.0°N da Lua Ocultação(*)
    2024-08-14 12 | Marte 0.3°N de Júpiter
    2024-08-14 12 | Mercúrio 5.2°S de Regulus
    2024-08-15 16 | Lua mais ao sul (-28.5°)
    2024-08-17 19 | Plutão 1.5°N da Lua
    2024-08-18 22 | Mercúrio em conjunção inferior
    2024-08-19 15 | LUA CHEIA
    2024-08-20 23 | Saturno 0.4°S da Lua Ocultação(**)
    2024-08-21 02 | Lua no perigeu
    2024-08-21 18 | Netuno 0.6°S da Lua Ocultação(*)
    2024-08-25 19 | Urano 4.3°S da Lua
    2024-08-26 06 | QUARTO MINGUANTE
    2024-08-27 08 | Júpiter 5.6°S da Lua
    2024-08-27 20 | Marte 5.3°S da Lua
    2024-08-27 21 | Mercúrio estacionário
    2024-08-28 07 | Lua mais ao norte (28.6°)
    2024-08-30 01 | Pollux 1.7°N da Lua

(*) Evento não visível do Brasil.
(**) Evento visível de parte do Brasil. Ver mapa.

Os planetas em Agosto/2024

Mercúrio inicia agosto visível no horizonte oeste logo após o pôr do Sol, mas a partir do dia 4 (Mercúrio estacionário) volta a se aproximar do Sol e atinge a conjunção inferior (quando o planeta encontra-se à frente do Sol, para um observador na Terra) no dia 19.


A combinação dos movimentos orbitais de Mercúrio e da Terra faz com que o pequeno planeta aparente estar se movendo no sentido oposto ao seu movimento real durante a maior parte do mês de agosto.

Este movimento retrógrado é apenas um efeito de perspectiva: o movimento orbital real de Mercúrio corresponde à linha azul no gráfico à esquerda na imagem abaixo. A linha verde corresponde ao movimento da Terra.

Marte e Júpiter

Marte e Júpiter protagonizam um belo encontro no dia 14/08, com os dois planetas se aproximando o suficiente para aparecerem juntos na ocular do telescópio. Abaixo, na imagem simulada do software Stellarium vemos o campo de uma ocular de 26mm num telescópio Schmidt-Cassegrain de 203 mm de diâmetro com relação focal f/10.

Conjunção Marte-Júpiter em 14 de agosto. Simulação da visão através de telescópio Schmidt-Cassegrain de 203 mm de diâmetro f/10, com ocular de 26 mm (com campo aparente de 52º). [Céu Profundo/Stellarium]

Saturno

Saturno volta timidamente ao céu da primeira metade da noite e é o palco dois grandes eventos: primeiro uma desafiadora observação na madrugada do dia 01/08: o trânsito do satélite Titã em frente ao disco do planeta. (os diagramas gerados pelo software Occult 4 estão no final deste post.

O segundo evento relevante para Saturno em agosto é uma ocultação do planeta pela Lua, na noite de 20 para 21 de agosto. Na América do Sul, a ocultação é visível na região em cinza no mapa abaixo, o que inclui a região Norte e partes das regiões Nordeste e Centro-Oeste.

Perseídeos

A chuva de meteoros mais popular do hemisfério norte, formada por restos do cometa 109P/Swift-Tuttle, inevitavelmente invadirá os sites de notícias com títulos chamativos. Mas é bom controlar as expectativas: para observadores no hemisfério sul esta não é uma chuva muito promissora.

O radiante ( o ponto do céu de onde a trajetória dos meteoros parece irradiar) ao norte da constelação de Perseu fica muito baixo no horizonte norte para observadores no hemisfério austral. Feita essa advertência, passar a noite sob um céu estrelado caçando meteoros é sempre uma boa experiência.

Não espere ver o mesmo número de meteoros que um observador na Europa ou na América do Norte, mas encontre um local afastado da poluição luminosa e recline-se em uma cadeira de praia o outra superfície que permita ter uma ampla visão do céu. O pico da atividade da chuva ocorre na madrugada de 11 para 12 de agosto.

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Trânsito de Titã sobre o disco de Saturno. Entrada 2024-08-01 2h (GMT-3).
Trânsito de Titã sobre o disco de Saturno. Saída 2024-08-01 5h (GMT-3).

Calendário Astronômico – O Céu de Abril/2024

Um mês repleto de encontros planetários visíveis de todo o Brasil, com um eclipse solar visível apenas no Hemisfério Norte e com o promissor cometa 12P/Pons-Brooks chegando ao periélio. Prepare a agenda para não perder nenhum dos espetáculos em cartaz no céu durante o mês de abril!

Calendário Astronômico

As efemérides foram computadas usando as bibliotecas astropy e astroquery em scripts Python e o software Occult v4.

    Data               Evento

    2024-04-01 05h - Lua no ponto mais ao sul (-28.6°)
    2024-04-01 19h - Mercúrio estacionário
    2024-04-02 00h - QUARTO MINGUANTE
    2024-04-03 09h - Plutão 2.1°N da Lua
    2024-04-03 10h - Vênus 0.3°S de Netuno
    2024-04-06 03h - Marte 1.7°N da Lua
    2024-04-06 07h - Saturno 1.0°N da Lua
    2024-04-07 05h - Netuno 0.3°N da Lua
    2024-04-07 13h - Vênus 0.4°S da Lua
    2024-04-07 14h - Lua no perigeu
    2024-04-08 15h - LUA NOVA
    2024-04-08     - Eclipse Solar - Não visível do Brasil.
    2024-04-08 23h - Mercúrio 1.9°N da Lua
    2024-04-10 16h - Júpiter 3.7°S da Lua
    2024-04-10 17h - Marte 0.4°N de Saturno
    2024-04-10 19h - Urano 3.4°S da Lua
    2024-04-11 19h - Mercúrio em conjunção inferior.
    2024-04-13 19h - Lua no ponto mais ao norte (28.6°)
    2024-04-15 11h - Pollux 1.5°N da Lua
    2024-04-15 16h - QUARTO CRESCENTE
    2024-04-18 11h - Regulus 3.3°S da Lua
    2024-04-19 07h - Mercúrio 1.7°N de Vênus
    2024-04-19 23h - Lua no apogeu
    2024-04-20 23h - Júpiter 0.5°S de Urano
    2024-04-21 00h - Cometa 12P/Pons-Brooks no periélio.
    2024-04-23 00h - Spica 1.3°S da Lua
    2024-04-23 20h - LUA CHEIA
    2024-04-24 05h - Mercúrio estacionário
    2024-04-26 17h - Antares 0.3°S da Lua
    2024-04-28 11h - Lua no ponto mais ao sul (-28.5°)
    2024-04-29 01h - Marte 0.1°N de Netuno
    2024-04-30 15h - Plutão 2.0°N da Lua


ABRIL NA HISTÓRIA

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7 - Missões Espaciais: Mars Odyssey foi lançada em 7 de abril de 2001.

10 - Descobertas/Eventos: Em 2019, a primeira imagem de um buraco negro foi publicada pelo Event Horizon Telescope.

10 - Missões Espaciais: BepiColombo realizou um sobrevoo da Terra em 10 de abril de 2020 aproveitando a gravidade terrestre para ganhar energia em sua jornada até Mercúrio, com entrada em órbita programada para 2025.

11 - Missões Espaciais: Apollo 13 foi lançada em 11 de abril de 1970.

12 - Astrônomos e Físicos: Charles Messier morre em Paris, em 12 de abril de 1730, aos 86 anos. Seu catálogo de objetos nebulosos é uma referência para astrônomos amadores.

12 - Missões Espaciais: STS-1 Columbia, o primeiro voo do Programa de Ônibus Espaciais da NASA, lançado em 12 de abril de 1981.
 
12 - Missões Espaciais: Yuri Gagarin - Vostok 1, em 12 de abril de 1961, tornou Yuri Gagarin o primeiro ser humano a viajar para o espaço.

14 - Astrônomos e Físicos: Christiaan Huygens nasceu em 14 de abril de 1629.

17 - Descobertas/Eventos: Em 2014, astrônomos anunciaram a descoberta do exoplaneta Kepler-186f. Primeiro planeta de dimensões comparadas à Terra encontrado na zona habitável de uma estrela.

23 - Astrônomos e Físicos: Max Planck nasceu em 23 de abril de 1858.

24 - Missões Espaciais: Telescópio Espacial Hubble foi lançado em 24 de abril de 1990.

25 - Astrônomos e Físicos: Guglielmo Marconi nasceu em 25 de abril de 1874.
Apesar do padre brasileiro Landell de Moura ter realizado com sucesso experimentos com telecomunicações via ondas de rádio nos primeiro anos da década de 1890, Marconi é considerado mundialmente como o pioneiro na radiotelegrafia desenvolvendo equipamentos que dariam origem a comunicação por rádio moderna.

O Cometa Pons-Brooks sobe ao palco!!

Órbita do cometa 12P/Pons-Brooks (em branco). Visualização gerada no visualizador de órbitas do sistema JPL-Horizons.

A órbita da Terra e a dos demais planetas está contida aproximadamente no mesmo plano, a eclíptica. Assim, é sempre nas proximidades dessa faixa do céu definida pela órbita terrestre que encontraremos todos os planetas e muitos dos outros objetos do Sistema Solar. É comum no entanto encontrarmos cometas com órbitas muito inclinadas em relação ao plano da eclíptica. É o caso do cometa 12P/Pons-Brooks que tem sua órbita com inclinação de 74º em relação ao plano da órbita terrestre e quase que inteiramente ao norte da eclíptica. As consequências dessa geometria e do fato de vivermos em um planeta esférico é que nos meses que antecedem o periélio, a máxima aproximação com o Sol, do 12P/Pons-Brooks, a observação é bem desfavorável para observadores no hemisfério sul.

A notícia boa é que ao atingir o periélio o 12P já estará numa posição menos desfavorável para observação abaixo do equador. Após o periélio o cometa segue em direção ao hemisfério sul celeste, permitindo que sejamos os últimos a observá-lo enquanto se afasta do Sol.

E vamos poder vê-lo a olho nu?

Certamente vai ser possível vê-lo com binóculos. A projeção de magnitude 4 ao redor do periélio coloca seu brilho bem dentro dos limites do que podemos observar a olho nu, mas cometas são objetos de brilho difuso e o 12P aparecerá próximo ao horizonte logo após o pôr do Sol nas semanas que antecedem e sucedem o periélio. O céu ainda não completamente escuro e a pequena elevação do cometa sobre o horizonte adicionam uma dificuldade extra à observação. É possível sim vê-lo a olho nu, mas busque locais com horizonte desobstruído e acompanhe nossas redes sociais para dicas de observação assim que o cometa estiver mais evidentes em nossas latitudes.

Os dados disponibilizados pelos membros da rede de observação de cometas COBS mostra a evolução do brilho do cometa 12P/Pons-Brooks e projeta magnitude 4 no período próximo ao periélio. [ fonte: https://cobs.si/home/]

Os Planetas.

Aproveite para observar o Júpiter ao anoitecer. Abril é o mês da despedida do Gigante Gasoso do céu noturno. E pelos próximos meses teremos os planetas mais brilhantes visíveis apenas durante a madrugada. Então prepare-se para cair cedo da cama se quiser acompanhar as sempre belas conjunções entre a Lua e os planetas.

Céu de São José dos Campos, às 19h do dia 7 de abril de 2024. O Norte está no topo e o Leste à esquerda. [diagrama: @ceuprofundo, gerado no Stellarium]

No diagrama abaixo vemos a evolução dos planetas e do cometa Pons-Brooks no céu durante o mês de abril. Clique na imagem para ampliar.

Conjunções

Ao amanhecer do dia 6 de abril, a Lua com 8% de sua face visível iluminada vai compor um belo quadro ao lado de Saturno e Marte. Mais baixo no horizonte, Vênus completa a composição. É uma bela oportunidade para emoldurar três planetas e a Lua incluindo a paisagem.

Ao amanhecer do dia 6 de abril, a Lua, com 8% de sua face visível iluminada ao lado de Saturno. [imagem: gráfico gerado no Stellarium. Wandeclayt M.]

Na madrugada de 10 de abril uma oportunidade rara de ver dois planetas através da ócular do telescópio. Se você é capaz de ver a lua inteira na ocular, poderá ver simultaneamente Marte e Saturno no mesmo campo. Na imagem abaixo simulamos no Stellarium a visão com um telescópio de 200 mm de abertura, f/6 com ocular de 26mm.

Marte e Saturno pela ocular do telescópio. Simulação no software Stellarium [ Wandeclayt M./Céu Profundo]

No dia 29 de abril o encontro é entre Marte e Netuno, com os planetas ainda mais próximos no campo da ocular. É uma boa oportunidade de identificar Netuno no céu.

Marte e Netuno no campo da ocular, em 29 de abril. Simulação no software Stellarium. [Wandeclayt M./Céu Profundo]

Júpiter e Urano também se cruzam no dia 20 de abril, mas com os planetas muito próximos do horizonte ao pôr do Sol.

Satélites de Júpiter

Configuração dos satélites galileanos de Júpiter durante o mês de abril. O diâmetro de Júpiter é representado pela faixa central. As curvas representam a posição aparente dos satélites em relação ao disco do planeta. Gráfico gerado em https://pds-rings.seti.org/tools/tracker3_jup.shtml

Não compre! Adote uma estrela!

Assim como o Mickey Mouse da animação de 1928 que acaba de entrar em domínio público, catálogos astronômicos podem ser usados livremente sem que você precise pagar por eles.

Há várias maneiras de se identificar uma mesma estrela no céu. Algumas estrelas possuem nomes próprios, como Sírius, a estrela mais brilhante na constelação do Cão Maior. Ou como Betelgeuse e Rigel em Órion. Ou ainda Antares, a gigante vermelha que marca o coração da constelação do Escorpião.

Muitos desses nomes tem origem na Grécia antiga e trilharam um longo caminho até os nossos dias através de obras como o Almajesto, escrito no séc. II por Claudio Ptolomeu, que resgatava o trabalho de Hiparco (190 a.C – 120 a.C) que elaborou o primeiro catálogo estelar e introduziu o conceito de “grandezas” para quantificar o brilho das estrelas, atribuindo seis grandezas às estrelas então visíveis a olho nu, indo da primeira grandeza para as mais brilhantes até a sexta grandeza para as estrelas no limite da visibilidade. Esta classificação em grandezas foi preservada no sistema moderno de magnitudes de objetos astronômicos.

A ponte entre Claudio Ptolomeu e o Renascimento europeu coube principalmente a astrônomos árabes, que deixaram um rico legado de nomenclatura estelar, seja por nomes cunhados originalmente pelos povos do deserto ou por transcrições de nomes gregos. O Livros das Estrelas Fixas (964 d.C) do astrônomo persa Abd al-Rahman al-Sufi, descreve as 48 constelações listadas por Ptolomeu e inclui tabelas com a localização e magnitude das estrelas e listas com seus nomes árabes. Al Sufi é uma das grandes fontes de nomes estelares que se perpetuaram e foi uma grande influência para a Astronomia europeia.

A constelação de Escorpião representada no Livro das Estrelas Fixas, de Al Sufi.

Nomes latinos como Spica (a Espiga) em Virgem, ou Bellatrix (a Guerreira) em Órion misturam-se a nomes de origem árabe que você certamente conhece: Betelgeuse (que vem de Ibt al Jauzah, A axila do que está no meio) em Órion, Aldebaran ( Al Dabaran, Aquela que segue. No caso, segue as Plêiades) em Touro e Denébola (Al Dhanab al Asad, a cauda do Leão) em Leão.

Mas nem todas as estrelas visíveis possuem nomes próprios. Johann Bayer (1572-1625) publicou em 1603 seu atlas estelar Uranometria (Uranometria Omnium Asterismorum) introduzindo um novo sistema de nomenclatura: a partir da estrela mais brilhante da constelação, atribuem-se em ordem alfabética as letras do alfabeto grego, seguido do genitivo em latim da constelação. Assim, estrela mais brilhante na constelação do Touro (Aldebaran) é a alfa Tauri, a segunda mais brilhante é a beta Tauri e assim sucessivamente. Após a última letra do alfabeto grego (ômega), Bayer utilizou as letras do alfabeto latino.

O Uranometria de Bayer certamente simplificou a maneira como identificamos estrelas, mas ainda assim, é insuficiente quando mergulhamos em direção a estrelas menos luminosas. A sequência necessária ao trabalho de Bayer veio com o catálogo criado por John Flamsteed (1646-1719) que ordenava as estrelas não pelo seu brilho aparente mas por suas coordenadas, listando-as em ordem crescente de ascenção reta em seu Stellarum Inerrantium Catalogus Britannicus (Catálogo Britânico das Estrelas Fixas) incluído no volume 3 do Historiae coelestis Britannicae, publicado postumamente em 1725.

A esta altura, já temos três maneiras de identificar as estrelas mais brilhantes: por seu nome próprio e pelas designações de Bayer e de Flamsteed. Assim, a estrela número 58 na constelação de Órion (58 Orionis) do catálogo de Flamsteed é também a alfa Orionis na designação de Bayer, além de ter seu nome próprio: Betelgeuse.

Região das Constelações de Órion e Touro no Atlas de Flamsteed. Constelações que não se popularizam como “O pequeno telescópio de Herschel” e “A Harpa de George” aparecem representadas nessa edição francesa do Atlas de 1776 [Acervo online da Universiteit Utrecht].

Das 2936 estrelas listadas na versão final do catálogo de Flamsteed, no séc 18, até os catálogos contemporâneos o salto no número de objetos catalogados não foi nada singelo. No séc. 19, o atlas Uranographia (1801) de Johann Elert Bode (1747-1826) incluía novas estrelas do hemisfério sul celeste e representava novas constelações imaginadas por Hevelius e Lacalle, chegando a 17240 objetos. O Uranometria Argentina(1879), de Benjamin Gould, elevava o número de objetos a 32448.

No séc. 20, novos grandes catálogos surgiram, como os populares Henry Draper Catalog (HD), Bright Star Catalog (Harvard Revised Photometry, HR) e Smithsonian Astrophysical Observatory Catalog (SAO), todos usando designações alfanuméricas. Usando esses catálogos, Betelgeuse pode ser chamada de HD39801, HR 2061 ou SAO 113271.

Consultando dados do catálogo Gaia DR1 em uma região do aglomerado globular de estrelas M4, imageado pelo Telescópio Espacial Hubble. Tanto as imagens do Hubble quanto os dados do Gaia são públicos e amplamente utilizados por cientistas profissionais e cidadãos.

Saltando para a atualidade, na era dos mapeamentos realizados por satélites, chegamos catálogos 1 milhão de vezes maiores que o de Bayer. Em sua versão publicada em 2022, o catálogo gerado pelo satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), lista 1,5 bilhão de fontes com magnitude, posição, paralaxe e movimento próprio.

O valor de um catálogo mora na sua utilidade e na ampla adoção pela comunidade. Ao listar um objeto em uma publicação científica é preciso que aquele objeto seja inequivocamente identificado por qualquer pessoa interessada, cientista profissional ou não, independente de sua nacionalidade ou cultura. E isto é possível graças ao uso de catálogos que são de conhecimento de toda a comunidade de observação e pesquisa em astronomia, incluindo a observação amadora. Se recebemos uma previsão de que a estrela HD39801 será ocultada por um asteroide, prontamente sabemos suas coordenadas e magnitude e podemos identificar que a estrela é a nossa familiar Betelgeuse.

Isso significa que um catálogo particular, sem qualquer uso pela comunidade não tem valor? A resposta curta é sim. Mas há quem consiga lucrar com isso, aproveitando-se da ingenuidade do público menos familiarizado com o tema. Há quem cobre para batizar uma estrela com seu nome, oferecendo vistosos certificados de inclusão num catálogo que será utilizado por um total de zero pessoas. Aparentemente o encontro entre oportunismo e ingenuidade é o motor desse mercado. Falamos com tranquilidade: vender estrelas é golpe.

O fato é que a compra do nome de uma estrela não tem qualquer respaldo da entidade mundial de regulação da nomenclatura astronômica, a União Astronômica Internacional (IAU) e mais ninguém além de você e de quem ganhou o seu dinheiro vai fazer a mínima ideia de que você deu seu nome ao distante astro.

Catálogos oficiais, utilizados pela comunidade astronômica, não comercializam nomes de estrelas ou de outros objetos astronômicos. Fuja desse golpe.

E como a IAU não comercializa nomes de objetos astronômicos, talvez faça mais sentido adotar livre e gratuitamente a estrela de sua preferência e quem sabe até presentear seus entes queridos com sua estrela favorita sem precisar pagar para qualquer empresa charlatã. E se você não possui um telescópio, pode explorar o céu e escolher sua estrela, ou talvez uma nebulosa ou uma galáxia inteira, em um atlas celeste fotográfico como o ESASky. Provavelmente você não vai poder mandar entregar esse presente, mas não temos dúvidas de que dedicar a alguém um belo objeto astronômico que você pacientemente encontrou após explorar uma região do céu é um presente único e tocante. Mas o mais importante é: não compre! Adote!

Referências

Allen, Richard Hinckley. Star Names and Their Meanings (1899). https://archive.org/details/starnamesandthe00allegoog/

Abd al-Rahman al-Sufi. Suwar al-kawākib (O Livro das Estrelas Fixas)(964). https://www.loc.gov/item/2008401028

Bayer, Johann. Uranometria Omnium Asterismorum (1603). https://archive.org/details/uranometria-omnium-asterismorum-continens-schemata/

Flamsteed, John. Atlas céleste de Flamstéed (1776). http://objects.library.uu.nl/reader/resolver.php?obj=000527025&type=2

Flamsteed, John. Historiae coelestis Britannicae (1725). https://archive.org/details/bub_gb_XGkA07NtjhAC/

União Astronômica Internacional (IAU). Star Names. https://www.iau.org/public/themes/naming_stars/

Flagramos uma erupção solar! E seu tamanho é assustador!

Violência não é a resposta. Violência é a pergunta! E quando estamos falando de erupções solares a resposta é sim!

Erupções, flares e ejeções coronais de massa são violentos eventos produzidos por nosso Sol e que disparam um canhão de partículas eletricamente carregadas que se espalham pelo meio interplanetário e chegam a atingir a Terra, interagindo com nossa magnetosfera e produzindo efeitos como as belas auroras ou como inconvenientes interferências na ionosfera terrestre que afetam a propagação de sinais eletromagnéticos de comunicação e navegação.

Erupção registrado no limbo solar pelo satélite SDO da NASA.

Para falar com propriedade sobre as erupções e outros fenômenos solares, chamamos um reforço à altura da grandiosidade do evento: Dra. Claudia Medeiros, do canal Mais Que Raios, que complementa:

“Erupções solares costumam estar associadas também com as ejeções de massa coronal. Nessas espetaculares emissões, material solar relativamente mais frio que o entorno é liberado para o espaço com uma velocidade alta e pode se propagar em direção a Terra. Felizmente, apesar de imensa, essa estrutura se dissipa ao longo do caminho mas não sem antes deixar sua energia e campo magnético atuarem no espaço próximo e nesse caso, incluindo a Terra.”

Mas apesar destes eventos se tornarem mais frequentes à medida que o Sol se aproxima do máximo de atividade em um ciclo que se repete a cada 11 anos, flagrar ao telescópio uma grande erupção não é algo muito comum.

Mas eis que no dia 24 de dezembro ganhamos um presente inesperado de Natal! O presente chegou através de um telescópio especial para observação solar, equipado com um filtro que deixa passar apenas uma pequena fração de luz vermelha emitida por átomos de hidrogênio. Essa emissão, que chamamos de H-alfa, nos permite visualizar filamentos e protuberâncias ao observar o Sol. E na imagem acima, feita apressadamente pra não perder o registro do evento, flagramos uma gigantesca erupção no limbo solar!

A imagem foi feita com uma câmera DSLR (que não é o equipamento mais adequado para esse registro mas era o que permitiria uma captura mais rápida) e é uma combinação de poucos frames, com ajustes ligeiramente diferentes para capturar o máximo possível da estrutura. Infelizmente, quando montamos um arranjo com equipamento mais adequado, a estrutura já havia se desfeito, mas além do registro rápido com a DSLR, ficaram as lembranças de uma imagem muito mais rica visível diretamente na ocular do telescópio.

Mas queríamos ver em detalhes e ter uma ideia mais precisa das dimensões dessa colossal erupção! E para isso podemos sempre contar com o Solar Dynamics Observatory (SDO)! Um observatório solar orbital, equipado com câmeras que registram o Sol continuamente em imagens no ultravioleta. Sabendo o horário e data do evento, é possível pesquisar na base de dados pública do SDO e acessar imagens em diferentes comprimentos de onda para visualizar com excelente resolução erupções, flares e ejeções de massa!

O gigantismo da erupção salta aos olhos quando vemos o tamanho da Terra representado nas imagens para comparação. A imponente estrutura se ergue por mais de 250 mil km antes de se romper.

A dra. Claudia complementa:

“Apesar de ter acontecido no limbo, o que nos dá a possibilidade de, por contraste, medir suas dimensões que, conforme medido pelo Céu Profundo, atingiu mais de 250 mil Km, não foi possível observar a região ativa que deu origem a sua existência. Passados alguns dias pudemos observar a chance de ela estar associada a uma região ativa enumerada pela NOAA AR3534. Essa região está caminhando para o centro do disco solar e pode ser ainda protagonista de novas erupções solares, flares e até mesmo CME.

E tudo isso porque regiões ativas são coleções de manchas solares no Sol. Essas manchas solares possuem um campo magnético distorcido pela rotação do Sol e acabam por afetar o transporte de calor da zona convectiva, deixando ela mais fria que o entorno. Quando essas linhas de campo magnético se esticam, podem promover uma reconexão magnética liberando energia na forma de radiação, partículas e carregando propriedades do plasma solar para o meio interplanetário. Felizmente podemos observar esse fenômeno acontecendo pois eles emitem luz em diversos comprimentos de ondas, basta ter o equipamento certo ou aproveitar as ferramentas disponíveis na internet com os dados medidos das sondas espaciais.”

E a melhor parte é que essas imagens e dados estão disponíveis para pesquisadores profissionais e cientistas cidadãos e se você quer também ficar de olho na atividade do Sol, as imagens do Solar Dynamics Observatory podem ser encontradas no portal https://sdo.gsfc.nasa.gov/. Acesse, pesquise e se divirta e não esqueça de compartilhar conosco seus flagras dos violentos, mas sempre belos, eventos registrados nas imagens do SDO.